Esperança

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Michael Jackson
Centro Médico Universitário de Las Vegas
18 de setembro de 1996, 13:29

   Vestindo um terno preto com detalhes em vermelho, caminho pela sala de espera. Quero contar a todos que ela acordou, mas antes preciso conversar com Suge, que está parado ao lado de Jéssica. Ele e muitos de seus amigos estão por aqui, todos adoravam Pietra. Suge olha na minha direção e eu aproveito o momento, aceno com a cabeça para que ele me siga e ele caminha logo atrás de mim. Paramos perto do bebedouro do outro lado da sala.

   — Ainda não tive a oportunidade de te agradecer — respiro fundo — Muito obrigado, você salvou a minha mulher — ele assente com um aceno.

   — Ela é uma pessoa boa — sua voz embarga — Não sabia que gostava dela até ela entrar naquele carro e começar a cantar comigo e Pac — ele ri — Ela é fantástica.

   — Ela acordou, Suge — ele se espanta, mas consigo ver o alívio em seus olhos — E ela me deu dois nomes e agora, depois do almoço, me deu mais um — Suge arregala os olhos para mim — Terrence estava no volante, Baby Lane e um tal de Keefe. Ela disse que o tal Baby, Orlando Anderson, foi quem atirou — ele cerra o punho e tenta manter a calma — Estou te dando essas informações porque quero eles acabados até amanhã! — digo em um tom grave e baixo.

   — Tá falando igual um negão — Suge fala enquanto franze o cenho. Arqueio uma das sobrancelhas para ele e cruzo meus braços.

   — É porque sou um — digo calmamente para ele que ri.

   — Eu sei, só estranhei — ele gargalha — Foi mal, mano. Pode deixar, vou cuidar disso!

   — Obrigado! — olho para o outro lado — A polícia vai pegar o depoimento dela daqui a três dias. Você tem três dias — ele assente e com seus amigos anda para o elevador. Ao longe, Petra me encara com um olhar... Ela sabe que eu tenho as informações que ela quer. Mas, não vou contar nada para ela. Ela está grávida. Deixe a rua resolver do jeito da rua.

   Depois de falar com Suge, volto para a sala de espera. Minha família e os amigos de Pietra estão todos lá, esperando por notícias. Eu dou a eles um sorriso cansado e um aceno de cabeça, indicando que Pietra está bem. Eles suspiram aliviados e alguns até começam a chorar.

   Eu me sento em uma das cadeiras vazias, exausto. A adrenalina que estava me mantendo acordado está começando a desaparecer, e eu posso sentir o cansaço se instalando. Mas eu não posso dormir. Não ainda. Eu preciso estar lá para Pietra.

20 de setembro de 1996, 22:29

   Levanto-me da cadeira e estico o corpo, sentindo cada músculo protestar. A noite foi longa e cheia de preocupações, mas agora, com a luz do dia, sinto uma nova onda de esperança. Cantarolando baixinho eu vou até as flores que estão enfeitando seu quarto e as ajeito. Organizo os ursos de pelúcia e troco a água de alguns vasos de flores. Enquanto termino de ajeitar algumas das novas flores, alguém bate na porta. Vou até a porta e não me surpreendo.

   — Mike — Suge diz em um tom calmo me cumprimentando. Aceno positivamente para ele. Suge está usando um terno preto com uma corrente de ouro. Ele enfia a mão no bolso e tira de lá o colar de Pietra. Está limpo, sem sinal de sangue — Gostaria de entregar para ela pessoalmente.

   — Claro, só me deixe ver se ela já acordou — sussurro para ele e entro por um segundo. Pietra está acordando. Me aproximo dela — Querida, oi — abro um sorriso — Suge quer falar com você — ela arregala os olhos e olha para a porta.

   — O deixe entrar! — ela diz ansiosa com sua voz fraca. Aceno positivamente e volto para a porta. Abro e deixo Suge entrar no quarto, um pouco hesitante. Ele olha para Pietra. Se aproxima da cama e se inclina para falar com ela.

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