Promessas

80 74 64
                                    

Pietra Stone
East Flamingo Road
7 de setembro de 1996, 23:22

    — Pietra! — Pac diz firmemente. Abro meus olhos lentamente — Não dorme! — tento o responder de volta, mas, não consigo. Sinto algo denso descer por minha boca. O gosto é metálico. É sangue.

    — Ela não pode morrer! — Suge choraminga — Mais que porra, ela estava tão bem!

    — Cala a boca Suge, ela vai ficar bem! — Pac esbraveja.

    — Você não está vendo o sangue na boca dela? É o fim! — ele se desespera. Escuto o som distante de sirenes. Acredito que estamos nos aproximando do hospital.

    — Esses abutres! — Suge grita e olha para trás. Caída ao lado da porta com a cabeça apoiada na janela do carro, eu apenas tenho a visão entre Suge e o para-brisa. Sinto o carro parar.

    — Saiam do veículo! — um policial diz em um tom firme.

    Suge acena para Pac e sai do carro. O policial se aproxima. Com uma lanterna, ele consegue ver a mim e a Pac. Ele sorri ao olhar bem para mim. Reúno toda a força que tenho em meu braço e mostro o dedo do meio para ele, que fecha completamente seu semblante.

    — Por que o carro está sem placas? — ele questiona Suge.

    — Pita — Pac se aproxima — Aguente, isso vai ser rápido! — ele leva a mão até a minha. Aperto levemente para confirmar o que entendi.

    — Foda-se! — Suge fala ao abrir a porta e entrar. Ele acelera o carro e o policial, que aparentemente estava sozinho, começa a gritar atrás de nós. Após alguns poucos minutos, chegamos ao hospital. Ele para o carro e dá a volta. Abre a porta com cuidado e me pega no colo enquanto algumas pessoas do hospital correm para ajudar Pac. Grande Suge.

Michael Jackson
Centro Médico Universitário de Las Vegas
17 de setembro de 1996, 21:22

    Já se passaram nove dias e Pietra ainda não acordou. Não tive a chance de vê-la até agora. Mais cedo, houve uma movimentação de médicos no quarto onde minha esposa está, mas não recebi nenhuma informação do médico. Estou sentado em uma das cadeiras perto de Jéssica e Patrice. Tenho vivido à base de água e mal tenho comido. Simplesmente não consigo me alimentar.

    Sentado em uma das cadeiras da sala de espera, eu me perco em pensamentos dia após dia. Já fiz inúmeras promessas e uma delas é nunca mais ficar longe da minha rainha.

    — Senhor Jackson — um dos médicos que está cuidando do caso de Pietra me chama. Levanto-me e vou até ele rapidamente — Como o senhor está se sentindo? — George pergunta calmamente. Dou de ombros e ele suspira — Hoje tivemos que combater uma infecção que se espalhou muito rápido pela perna dela, mas agora está tudo bem. E o senhor poderá ficar com ela no quarto.

   — Ela acordou? — pergunto, cheio de esperança, e ele nega com um aceno de cabeça. Respiro fundo e aceno positivamente. Pelo menos vou estar perto dela.

   — Mas é questão de tempo para ela acordar e podermos ter uma ideia das possíveis sequelas! — Sequelas? Faço uma cara de estranheza — Ela levou um tiro no peito direito, um tiro no braço, dois tiros na coxa e um tiro no pescoço. Temos que estar alertas e preparados para qualquer coisa, senhor Jackson — aceno positivamente para ele. Deus, que a minha rainha não tenha nenhuma sequela, eu te suplico.

22:39

   — Esse cobertor era o preferido dela quando ela morava com os nossos pais. Quando meu pai a expulsou de casa eu o peguei para mim e sempre que sentia saudade dela, eu o abraçava — Patrice sussurra enquanto me entrega uma manta fofinha de cor rosa. Rosa? Pietra em algum momento da vida gostou de rosa? Isso sim é uma informação que eu não esperava em um momento desse e isso me faz sorrir — Boa noite, te vejo amanhã! — Patrice beija minha testa e me dá um abraço apertado. Ela volta para a sala de espera onde estão minha família e claro, a família de Pietra em peso.

Rock With YouOnde histórias criam vida. Descubra agora