Lenitivo

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Pietra Stone
Rancho Neverland, Los Olivos
1 de dezembro de 1995, 11:19

 Uma das razões pelas quais o ciúme pode ser tão difícil de lidar é que muitas vezes não é baseado em fatos concretos, mas sim em nossas próprias percepções e medos. Por exemplo, podemos ficar com ciúmes de uma pessoa próxima que está passando muito tempo com outra pessoa, mesmo que não haja evidência real de que algo errado esteja acontecendo. O que aconteceu entre Michael e Joana foi uma bela evidência de que Michael não sabe colocar limites, mas, pelo menos, ele a empurrou, mas, fico na dúvida. Ele empurrou porque sabia que eu estava lá ou porque respeita o nosso relacionamento?

 Como vou me sentir segura nesse futuro casamento? Deus. Será que estou fazendo a melhor escolha? Tem momentos que eu sinto certeza absoluta, mas, hoje? Hoje eu só quero pegar minhas roupas e ir embora. Foi uma péssima ideia vir morar aqui assim sem pensar melhor em tudo. Eu não sou uma fã da mudança. Para mim mudança é algo muito difícil, morar aqui longe do meu cobertorzinho vermelho já está sendo difícil, e aí acontece Joana e Michael se beijando.

 — Ei, vamos sair do mundo da lua e vamos focar aqui? — Ariane me traz de volta para a terra. Pisco um par de vezes e aceno positivamente. Usando uma camiseta branca de Michael e uma de suas calças jeans me sento na cama.

 Minha assistente pessoal Ariane Parker está cuidando de todos os detalhes do meu casamento. Agora aqui em frente a ela eu escuto atentamente tudo o que ainda tenho que decidir. Ariane está usando um conjunto de terninho rosa e seus cabelos lisos estão em um coque alto. Sua pele negra de tom quente está com um brilho sem igual esta manhã. Ela está sentada ao final da minha cama em posição de yoga. Sem dúvida mentalmente ela está agradecendo a Deus por eu ter saído daquele apartamento porque ela odiava ter que ir até lá, ela saiu daquele lugar para não mais voltar, porém, tinha que ir lá por minha causa.

 — O que mais você quer no seu casamento? Cor das flores, decoração em si do castelo. Tapete vermelho de veludo? Quem vai celebrar o casamento? Seu cunhado o Juiz Hichello? Madrinhas? — ela pergunta com sua voz forte, delicada e calma.

 — Quero todas as flores em cor branca, a decoração tem que ser bem natural. Encha de planta! — me deito de bruços na cama e coloco minha cabeça em cima de seu joelho — Tem que ter quantas madrinhas mesmo?

 — Não sei, você que decide! — como me esqueci disso?

 — Não tenho amigas, então, quem vou chamar? — sussurro para ela em um tom baixo e um pouco entristecido. Ariane é a única que tem acesso a esse meu lado, bem, Michael ultimamente também está tendo um pouco. Ariane deixa sua agenda em cima da cama e acaricia meus cabelos com a mão esquerda.

 — Podemos chamar a sua irmã Patrice, Marjorie prima de Daniel, a sua irmã Petra, daminha de honra pode ser aquela filha do Daniel fora do casamento, Anely o nome dela né? — me viro de barriga para cima e ainda deitada em seu colo suspiro profundamente.

 — Anely tem 18 anos, não pode ser daminha, mas, pode ser madrinha de honra! — faço um bico involuntário — Passei tantos anos construindo meu império que me esqueci totalmente de fazer amigos, me aproximar da minha família, me sinto sozinha nesse momento, sabe? — lágrimas silenciosas descem dos meus olhos.

 — Ei, agora você não está mais sozinha. Tem Michael e a mim, sem contar Tupac que agora está com a sua irmã! — passo as duas mãos por meu rosto e respiro profundamente.

 — Tupac da maneira que está indo daqui a pouco vai levar três balas na testa, caça confusão com Deus e o mundo. Segundo ele "tudo pelos mano dele!" — coloco as duas mãos no rosto e respiro fundo — Tô na merda se for pra contar com ele! — choramingo.

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