Ferrou

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Pietra Stone

Mansão Pritchett-Hichello

07 de Janeiro de 1995

22:19

 Assim que o filme acaba e somos tirados do cinema imediatamente pelos seguranças de Michael. Graças a uma corrente humana feita pelos seguranças chegamos ao carro. Passamos o trajeto todo em silencio, eu estou olhando pra frente mas sinto seu olhar em mim. Ele parece hipnotizado. O carro para, abro a porta, apoio a palma da mão no banco para sair do carro. Sinto sua mão sobre a minha. Viro meu rosto para o encarar. Ele se inclina em minha direção. Consigo sentir o cheiro do seu halito de chiclete de menta. Seu olhar esta na minha boca

– Eu espero que - ele suspira – Você tenha uma boa noite - ele morde o lábio e se aproxima mais, sinto meu coração bater tão forte – Eu não sei o que acontece comigo quando eu estou com você - sua voz rouca me arrepia, ele pega minha mão e encara meu anti braço, estou arrepiada – Parece que não é só eu que sinto isso - ele da um sorriso de lado

– Eu tenho que ir - quase não consigo falar, pelo amor de Deus Pietra se recomponha. Tiro minha mão da dele e saio do carro batendo a porta. Respiro fundo. E ando rápido em direção a casa

– Pietra! - ele grita correndo atrás de mim. Eu não posso mais me envolver com ele. Ele esta comprometido. Eu não posso

– O que esta acontecendo? - Daniel diz enquanto abre a porta, paro completamente congelada. A feição de Daniel me assusta, ele olha ao redor e para seu olhar em Michael que esta logo atrás de mim 

– Michael apenas veio me deixar em casa! - respondo ofegante, ele respira fundo e acena para Michael que parece tomar coragem e vem até mim. Abre os braços para mim. Me aproximo devagar. Ainda é tão recente, ainda dói. Daniel entra entre nós e abraça Michael

– Agora pode ir Mike, também amo você! - Daniel diz se afastando dele e me puxando pela mão para dentro. Michael vai embora aos risos. Dan fecha a porta e olha para mim, o abraço forte

– Obrigada - não consigo evitar as lagrimas – Ainda é tão difícil e ele disse que eu nem fui a namorada dele pra receber o nome de ex - digo tudo de uma vez e me permito chorar. Choro feito uma criança. Daniel me leva até as escadas e continuamos ali. Eu desabafo tudo que tem me

23:59

 Depois de um tempo chorando nos braços de Daniel, ele me pega no colo e me leva para o quarto que estou ocupando. Abre a porta e me coloca sobre a cama. Tira meus sapatos e logo após tira a presilha que prende meu cabelo. Os coloca ao lado da cama no chão. Puxa um cobertor e joga por cima de mim, beija minha testa

– Esta tudo bem, não estar bem - ele acaricia meu rosto – Esta tudo bem você chorar e esta tudo bem você amar ele - como ele... – E esta tudo bem querer se entregar a esse amor, vocês merecem ser felizes! Quando você se sentir pronta, apenas o chame e ele estará lá - ele sorri e se retira fechando a porta logo atrás dele.

Studio Stone

14 de Fevereiro de 1995

16:19

 Ontem a tarde, depois de a última gravação do dia acabar, eu chamei minha secretária e pedi para que ela comunicasse a todos sobre a reunião que acontecerá em pouco minutos. Infelizmente não posso mais continuar com o Studio, terei que o fechar até que eu esteja bem financeiramente falando. Eu sequer sei como olhar para a cara de cada um, tem de ricos a pobres aqui. A folha esta atrasada há mais de 15 dias. Envergonhada me posiciono no meio da roda que eles fazem no meio do Studio, respiro fundo, vamos lá 

- Vocês devem ter percebido que a folha atrasou.. - respiro fundo. As caras são tão confusas e parecem não entender o que estou falando

– Do que a senhora esta falando? - um dos funcionários que cuida da limpeza pergunta

– O que a senhora Stone esta falando é sobre o novo filme! Ela vai precisar de todos nesse novo filme porque é algo medieval então todo o cuidado é pouco - Michael diz logo atrás de mim e vem para o meu lado – E ela acabou se confundindo um pouco porque, vocês sabem, ela faz várias coisas ao mesmo tempo! - ele sorri e todos encantados pelo seu jeito de falar apenas concordam com caras de bobos – Bom! Acho que todos podem voltar a suas atividades - ele olha para mim

 Ao longe vejo um dos integrantes dos Crips. Esse mês tive uma péssima noticia. Esta em todos os jornais. Estão dizendo que Tupac abusou de uma mulher. Ele nega até o fim. Mas, desde que saiu a noticia eu apenas o ignoro. Ele me diz ser inocente mas na mídia ele fala que ficou lá, só olhando e não teve reação, se você vê e não faz nada você é pior igual. Nunca pensei que eu o odiaria. Nunca pensei que ele seria capaz de algo assim. Como eu posso confiar nele? Eu nem o conheço mais.

 Sem falar nada a ninguém. Vou até o integrante dos Crips. Ele esta completamente de azul e esta usando uma bandana da mesma cor que seu terno azul. Ele faz um aceno com a cabeça, o sigo. Quando nos distanciamos do Studio ele agarra meu braço e me leva até um dos carros. Me joga dentro do carro e aceleram.

18:20

 Depois de horas sentada na sala de Tupac, ele finalmente chega, vem até mim com os olhos marejados. Ele sabe que estou com nojo e com raiva dele. Ele tenta pegar minha mão direita, me afasto dando um passo para trás, ele engole seco e respira fundo

– Eu não fiz nada Pita, você precisa acreditar em mim! - ele diz com uma voz carregada, o choro que ele tenta segurar vaza de seus olhos sem sessar

– Exatamente por isso que eu estou com tanta raiva de você! - sussurro, o silencio aqui esta predominante – Você não fez nada! - mais ou menos 16 "seguranças" de Tupac entra na sala de estar, alguns estão com armas grandes e outros não da para ter certeza se pelo menos estão armados

– Eu admito! Eu fui um filho da puta eu a deixei lá e não fiz nada - ele diz entre lagrimas e se aproxima de mim, tomada pela ira fecho meu punho direito e com toda a força que consigo reunir em meu braço desfiro um soco em seu rosto o desmaiando, ele cai no chão e escuto armas sendo sacadas para mim

 Eles sem dúvida são do Harlem, ele deve ter os tirado da rua para trabalhar com ele, não duvido nada que devem ser da gangue Crips. Esse era o tipo de pessoas que Tupac tem trabalhando pra ele, pessoas que conhecem apenas uma maneira de se defender, através da violência. Quando você cresce em uma área em que seus únicos exemplos são os seus amigos de rua que mexem com drogas e armas, as armas também viram suas melhores amigas e as drogas seu refugio. Foi uma burrice eu ter vindo aqui sem meus seguranças.

 Tento manter a calma, girando sobre meus pés, olho para cada um deles, são 16 no total, todos muito mal encarados, tento fazer uma cara intimidadora que parece não adiantar de nada, tem fuzis e pistolas, semiautomáticas apontadas para mim e a única pessoa que poderia os impedir de me matar é o próprio Tupac, mas ele esta num paraíso particular agora e só vai acordar daqui algumas horas até lá, eu já posso ter morrido. Eles sacam as armas quase na mesma hora. Ferrou.

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