Um aniversário inesquecível

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P.O.V. King

     Ter vindo para a praia realmente foi uma ótima escolha. Nos últimos dias, pudemos caminhar bastante juntos, jogar bola, nadar no mar e na piscina do hotel. Tentamos até construir um castelo de areia - que ficou bonitinho por incrível que pareça - e aproveitamos bastante nosso tempo como casal. Não me lembro da última vez em que me senti tão relaxado na vida.
     Se eu estivesse sozinho, provavelmente não conseguiria impedir que assuntos e planos para o trabalho permanecessem na minha cabeça... mas estar com Ram me traz esse efeito milagroso de autocontrole que me permite aproveitar o momento ao máximo.
     A única coisa que tive que planejar durante esse tempo foi especificamente o dia de hoje: O aniversário de Ram.
     Ele ainda estava dormindo quando ouvi as batidas leves na porta, sinalizando a chegada do bolo que eu havia encomendado. Atendi o garçom o mais silenciosamente possível, sussurrando um agradecimento, e mesmo quando acabei me descuidando e deixando a porta bater, não vi sinal algum de movimento na cama. Essa é a sorte de ter um namorado que dorme como pedra.
     Acendi as velinhas em volta do bolo, sem tapar a imagem no centro, e deixei-o no criado-mudo. Ram logo começou a se revirar e resmungar um pouco, como acontecia quando não me encontrava na cama de manhã, então me aproximei e acariciei seu braço, sinalizando que eu estava ali. Peguei o bolo de volta antes que ele pudesse abrir os olhos, e comecei a canção enquanto ele acordava aos poucos:

     - Parabéns pra voooocê, nesta daaaata queeerida, muitas feeelicidades, muitos aaaanos de viiida!
     Ele fez uma expressão confusa, e eu apenas continuei.
     - Feliz aniversário, Cool Boy! Sopra as velinhas, vai!
     - Pera... - além do sonolento, ele ainda parecia realmente surpreso - É hoje?!.
     - É claro que é hoje!  - Eu só consegui dar risada - Não vai me dizer que esqueceu o próprio aniversário - na verdade, eu não duvidava nada que tivesse esquecido. Minha sogra me disse que já havia acontecido outras vezes.
     - Desculpa, já aconteceu outras vezes - Ele riu,  envergonhado, e assoprou as velas como eu havia pedido - Obrigado, amor.
     - Olha só o bolo! Tem cachorrinhos nele! - Eu sabia que Ram não costumava se empolgar muito com o próprio aniversário, mas eu estava empolgado por nós dois. Ele passou um bom tempo olhando para os cachorrinhos no bolo, sorrindo, e eu soube que estava indo tudo muito bem - Teremos um dia especial hoje, Cool Boy. Sua mãe me disse que queria comemorar com você, mas deixou a gente ficar aqui por mais um tempo. A condição é que a gente vá comemorar de novo casa dela ainda essa semana. Ela vai ligar mais tarde.
     - Okay... - meu Cool Boy se inclinou para me dar um beijo, mas eu fui mais rápido e peguei um pouco de glacê do bolo com o dedo, passando em seu nariz - Ei!! - ele riu, e logo resolveu se vingar. No final, minha bochecha tinha quase o dobro de glacê do que eu tinha usado para sujá-lo.
     - Bolo de café da manhã? - perguntei, sorridente.
     - Bolo de café da manhã!

P.O.V. Ram

     Quando desbloqueei meu celular depois de comermos, já estava cheio de mensagens de parabéns de parentes e amigos. Minha mãe e meu irmão nos ligaram por vídeo e fizeram questão que cantássemos parabéns de novo só para que eles pudessem participar. Tantas notificações e mensagens não lidas costumavam me deixar angustiado, mas fiz questão de responder cada uma delas com carinho, como minha mãe sempre me pedia para fazer... todas, exceto uma.
      - O que foi, Cool Boy? - meu namorado perguntou, provavelmente por alguma expressão que eu tenha feito ao ver a mensagem. Tive vontade de dizer que não era nada e continuar ignorando o que havia recebido, mas King me conhece bem demais para saber que seria mentira, e eu não queria preocupá-lo.
     - Meu pai mandou mensagem - respondi - Não sei se quero responder.
     - Você não precisa se não quiser - ele se aproximou - É completamente compreensível... Ainda mais depois que ele não fez questão de entrar em contato nesse mesmo dia do ano passado - seus dedos se entrelaçaram nos meus, e eu pude me sentir um pouco melhor - Mas se ele está mesmo tentando concertar as coisas e você estiver disposto a aceitar isso aos poucos, um simples "obrigado" não custa nada, certo?
     Ele tinha razão. Eu não precisava me sentir na obrigação de responder se não me sentisse confortável, mas ignorar meu pai não vai mudar o que aconteceu. Se ele quiser melhorar a partir de agora, eu também precisaria me esforçar um pouco para permitir que ele tente. Talvez um dia as coisas ainda possam melhorar entre nós.
     Olhei para King, que parecia irradiar apoio, e beijei as costas de sua mão antes de digitar a resposta que ele havia sugerido e enviar com pressa, para me livrar logo do problema. Deixei o celular de lado e desejei não precisar tocar nele até o fim do dia. Assim, eu poderia focar minha atenção no que realmente importava.
    
P.O.V. King

Never Not - [RamKing] (Tattoos Together 2) Onde histórias criam vida. Descubra agora