A noite havia caído muito devagar, nós saboreamos a comida que Seungmin fez e eu não pude estar mais satisfeito. Ainda assim estava ansioso para comer a lasanha que mamãe trouxe, porém não comentei com ninguém. Quando anoiteceu todo mundo decidiu no zero e-ou um pra ver a ordem do banho e vestimos nossos melhores pijamas.
Mas não serviu pra nada já que Chan vulgo burguês safado, trouxe pijamas personalizados, havia pijama de gato, esquilo, raposa, urso, dragão, pônei entre outros e ele saiu distribuindo pra gente. Eu queria o pijama de gato mas fiquei com o de esquilo, porque segundo a galera que eu chamo de amigos, um esquilo deve apenas usar coisas de esquilo. Não me senti tão indignado já que eu estava mais preocupado em esperar a comida e as atividades que tínhamos que fazer. Eu nunca participei de uma festa do pijama, aparentemente os outros também não então Minho teve a brilhante idéia de pesquisar o que se faz numa festa do pijama.
E daí tiraram uma ideia muito louca que eu não estava nem um pouco interessado em fazer, até porque né, eu estava doente e o meu corpo parecia uma geleia de tão mole. Mas era o seguinte, como não estávamos sobre a supervisão de nenhum dos nossos pais, nós sairíamos de casa para fazer tudo que quiséssemos do lado de fora e voltaríamos antes das cinco da manhã, pelo menos isso. Agora fazer o que? Jeongin propôs que fossemos para um campo onde os adolescentes rebeldes costumam ir pra sei lá, vender loló e cheirar cola, ou talvez ir pra um bairro de pessoas ricas >>>a rua do Chan<<< apertar as companhias e sair correndo, essa criança acha que ainda temos oito anos de idade? Tem uma padaria que fica na esquina da rua, perto da casa de Changbin e eu praticamente morro apenas de caminhar até lá, se eu sair correndo no meio da rua por pura e espontânea vontade eu basicamente tô fazendo suicídio.
Decidimos fazer voto já que assim como eu, alguns também não achavam uma boa ideia, mas a maioria aceitou ir o que acabou fazendo com que fossemos contra gosto. Eu tava sentindo um frio da preula e uma moleza no corpo, chegava até a tremer. A rua estava deserta se não fosse por um carro estacionado no meio-fio, a minha rua não tinha postes, era iluminada pelas luzes que emitiam das janelas. Felizmente Chan percebeu o quanto eu estava tremendo - tanto que me sentia num terremoto - e me abraçou, eu adorava os abraços de Chan.
Lino também se aproximou e ficou abraçado em mim, não reclamei, tava bom mesmo.
- Tá, o que a gente vai fazer galera do vamos-passar-a-noite-no-sereno? - Seungmin perguntou de braços cruzados, ele e Hyunjin também não queriam ir.
Abracei Lino também quando o Chan me largou pra ir sussurrar no ouvido de Seungmin, ele estava quentinho e confortável.
- Vamos sair andando até resolver fazer alguma coisa - Changbin deu de ombros, também tava todo se tremendo mas fingia que nada acontecia.
O restante assentiu e começamos a caminhar juntos para algum lugar que eu não faço ideia, eu e Lino desfizemos o abraço mas ele continuou segurando minha mão, o que eu gostaria de reclamar se não me sentisse tão confortável com isso. No fim das contas nós dois ficamos bem próximos, eu não sei o que achar disso, mas não estou reclamando. Lino me entende bem, apesar de me deixar irritado na maioria das vezes, ou talvez eu esteja pensando nisso porque provavelmente tem catarro no meu cérebro. Certo? A cidade ainda estava bastante movida, havia algumas lojas fechadas mas nem tantas, várias pessoas caminhando que faziam questão de olhar para esse bando de jovens com pijamas estranhos. Nada melhor.
- Que tal a gente ir no supermercado? - Chan propôs assim que paramos em frente a um mercado gigantesco, fiquei olhando diretamente para a área dos lanches, e Lino não fez diferente.
- E você trouxe dinheiro gênio? - Jeongin perguntou debochado, Chan apenas retirou o cartão que estava em Nárnia e balançou na nossa frente.
- Quero um saquinho de granulado pra comer... - Sai arrastando Lino pra dentro do mercado e fiquei procurando pelo granulado.
Minho deu de ombros e foi procurar o que queria levar, eu peguei uns salgadinhos, toddynho, chamyto e bala de café e canela. Pra mim tava tudo perfeito, eu também não queria comprar muita coisa pra não ter problemas com Chan mais tarde, além disso estava me sentindo muito indisposto pra comer. Provável que eu guarde isso tudo pra comer quando melhorar e depois reclame por não ter comprado mais coisas, mas sem estresse. Eu estava caminhando adoravelmente satisfeito para perto do caixa, quando avistei um saco de fini moscando na prateleira, estava sozinho e solitário, brilhando como se chamasse pelo meu nome.
Não perdi tempo, corri até lá pra pegar, mas bem na hora, Lino também colocou a mão fazendo com que nós dois nos olhassemos de sobrancelhas arqueadas.
- Eu peguei primeiro - Comentei puxando o fini pra mim, mas ele não largou.
- Mas eu olhei primeiro - Retrucou puxando de volta pra si.
- Olhou primeiro mas não pegou logo - Rebati puxando de volta.
- Então vamos dividir, nada mais justo.
- Não! - Abracei o fini olhando incrédulo para Minho que abriu um sorriso sacana no rosto.
- Ah, você prefere que eu conte pra todo mundo? Sabe que aí terão mais pessoas pra dividir.
Fiquei chateado.
Mas ok. Empurrei o saco de fini contra o peito de Minho, tinha ficado bravo mesmo. Obviamente devia ser só meu! Minho estava me encarando ainda com um sorriso na cara, dei as costas e sai andando com os meus lanches em direção ao caixa pronto para esperar fervosamente pelos outros garotos. Lino não veio atrás de mim como eu imaginei que viria para entregar o fini pra mim, e pedir desculpas por tanta infantilidade. Isso mei deixou meio triste, mas dei de ombros.
Depois que Chan pagou tudo, a gente foi com as nossas próprias sacolas no braço em direção a praça que ficava logo ali na frente. Não fiquei mais próximo de Lino, invés disso me aninhei entre Hyunjin e Jeongin que não paravam de falar sobre novelas as quais eu nunca vi na vida, mas não me preocupei, só queria me esquentar. Nós sentamos no gramado da praça mesmo e começamos a comer jogando papo fora, pelo menos eles né, porque eu tava bravo já. Primeiro me tiraram de casa e depois me tiraram o fini, o que falta?
- Você bravinho é muito fofo - Felix e Changbin se aproximam de mim compartilhando um salgado gigante. Eu bufo, não é pra ser fofo e sim assustador.
- Não é? - Changbin concorda. - Quando ele fica bravo infla as bochechas assim. - Ele bate gentilmente nas minhas duas bochechas fazendo o ar escapar e eu fico chocado.
Não sabia disso não galera.
- Agora por que você está bravo? - Changbin pergunta.
- Umas parada aí. - Aceno com desdém apreciando as pantufas que papai havia comprado há uns dias, cinza, lacinhos, felpudo.
- Ata - Felix se senta ao meu lado e Changbin ao lado dele.
Lino se aproxima e eu fecho a cara, ele estava com o fini nas mãos, não estava aberto e provavelmente iria comer na minha frente pra eu me sentir pior. É o cão mesmo.
- Você realmente tá muito bravo comigo? - Ele perguntou meio risonho, Changbin e Felix ficaram nos encarando esperando aquilo se desenrolar.
- Tá fazendo o que aqui? Vai pra lá com o seu fini. - Bufei querendo simplesmente que Minho sumisse da minha vista.
- Você é um bobão - Lino riu se sentando na minha frente e estendendo o pacote. - Toma pra você.
Agora eu fiquei sem graça.
Changbin começou a gargalhar exageradamente alto enquanto apontava pra minha cara, admito que fiquei um pouco envergonhado e boiola por Minho ter cedido pra mim, mas isso não apagava a raiva que senti.- Sério que você tava bravo por causa de doce? - Felix parecia desacreditado, Minho se arrastou até meu lado e passou seu braço pelos meus ombros fazendo com que ficassemos grudados.
- Eu que fui idiota... - Minho diz piscando um olho pra Felix que negou lentamente com a cabeça.
- É uma criança mesmo.
- Ah me deixa! - Abri o pacote de fini e dei dois a Minho, me sentiria mal se aceitasse e não dividisse com ele.
- Obrigado, Jijico - Minho me puxou pelo ombro e deu um selo na minha bochecha, fiquei um pouco sem jeito mas apenas continuei a comer.
- Que gay - Changbin diz.
- Disse o gay.
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Chicletes • Minsung
FanfictionHan Jisung odiava dividir seu chiclete, mas Lino ameaçou gritar se não lhe desse alguns.