Epílogo

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I.

-Kereeem! – chamou Hande.

Sentada no sofá branco da sala de estar da casa de ambos, Hande assistia à repetição do último episódio da série que o marido protagonizava. Eram 9horas da manhã, estava acompanhada dos seus amigos de quatro patas: Niebla e Hector. A Azul tinha preferido ficar com o dono na cozinha na expectativa de ganhar comida, enquanto o Kerem preparava um segundo pequeno-almoço.

O episódio foi para intervalo, Hande estava a levantar-se quando sentiu uma pequena dor. Quando deu por si, sentiu um líquido a escorrer pelas pernas. Niebla olhou muito séria para ela e o Hector ladrou olhando para o chão. Os dois pautados tinham percebido. A hora de receber o mais novo membro da família tinha chegado.

-Kereeeeem! Chega aqui, rápido! – voltou a chamar.

-Dá-me 10 minutos! Estou a bater umas claras e se parar estragam-se! – respondeu Kerem.

-Eu não tenho 10 minutos, Kerem Bürsin! Chega aqui, agora! – ordenou Hande rindo.

Segundos depois, ouviram-se as patas da Azul a bater no chão e o Kerem chegou logo de seguida.

-Dona Handemiyy, explica-me porque eu acabei de estragar as claras do nosso bolo? – perguntou Kerem sorrindo.

-Não fui eu. Foi o nosso filho! – respondeu Hande no mesmo tom condescendente. – As minhas águas rebentaram, Kerem! – acrescentou com um sorriso.

A expressão do rosto do Kerem fez Hande sorrir ainda mais. Primeiro, choque. Depois, o maior sorriso de sempre. E, por fim, aflição.

-Oh meu Deus! – disse – Estás a falar a sério, não estás? – perguntou Kerem enquanto dava a volta ao sofá e ficar ao pé da esposa.

-Claro que estou, totó! – respondeu sorrindo.

-Ok! – disse Kerem em voz alta, mas quase falando para si mesmo – vamos ao plano! – pausa – mas qual é o plano?!

Hande que já começava a sentir as primeiras contrações ligeiras, sorria. Pôs a mão esquerda no rosto do marido e disse:

-Amor, calma! Respira! Vai ficar tudo bem! – olhando profundamente nos olhos um do outro, ambos sorriram, pois sabiam que a vida de ambos nunca mais voltaria a ser a mesma.

-O plano – continuou Hande – Vai lá cima e traz o saco do bebé e o meu. Traz também um vestido para eu trocar este que está todo molhado, por favor. Eu vou lidar a Dra. Ana a avisar que vamos a caminho.

Kerem sorriu.

-Como é que estás tão calma?

Hande apenas sorriu e beijou-o nos lábios.

-Porque vai ficar tudo bem!

Kerem correu para as escadas sorrindo. Entrou no futuro quarto do seu bebé. Pegou nos dois sacos para levar para a maternidade. Depois foi ao closet e pegou no primeiro vestido que viu: um vestido branco, pelo joelho. Desceu as escadas a correr e ajudou a esposa a trocar de roupa muito atrapalhado.

Os cães de ambos olhavam para eles sem entender o que se estava a passar. Porque é que o dono andava pela casa a correr super preocupado. E porque é que a dona estava a respirar de forma tão estranha.

-Pronto, vamos para o hospital! – disse Kerem ajudando-a a caminhar até ao carro.

Já a caminho do hospital, ligaram para a família a avisar que o bebé estava a caminho.

-A sério?! Vou já a caminho! – gritou Gamze de entusiamo.

-Oh meu Deus! Esse miúdo escolheu o dia em que o avô está fora para nascer! – disse o pai da Hande fingindo estar irritado com a pontaria do neto – Não importa, vou pegar já no carro e vejo-vos em algumas horas. Boa sorte, meu anjo, vai correr tudo bem! Amo-te filha.

Almas-GémeasOnde histórias criam vida. Descubra agora