Volta dos Mortos

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Lily Ballard

Depois de chegar na casa de Andreia a primeira coisa que fiz foi tomar a pílula, e exatamente por isso eu não podia beber.

Então ficamos sentadas lá no sofá sofrendo do outro jeito que eu podia, assistindo filmes fofinhos e comendo porcaria.

Não era o melhor jeito, mas era alguma coisa para eu não ficar sozinha em casa ou acabar correndo de volta para ele.

-Pronto?- Andreia para de tirar os lencinhos da caixa.

-Pronto.- falo em uma voz chorona.

-Ok.- ela me observa preparando os lencinhos.

-Eu não sou de chorar.- contenho a vontade.- Você sabe disso....

-Você levou um daqueles foras, você tem direito de chorar.- ela me dá um lencinho.

Eu assinto enxugando minhas lágrimas e me sentindo a maior idiota do mundo, eu não choro desse jeito.

Faz bastante tempo que eu não choro feito uma criancinha, para qualquer pessoa pode não parecer nada sério.

Mas para mim é como se todas as pessoas que eu conhecesse estivessem me vendo chorar ou soubessem que chorei.

-Não, Gilmore Girls não é pra mim.- eu pauso o episódio.

-O que quer assistir?- ela parece disposta.- Eu tenho Friends em DVD e também na Netflix tem...

-Não quero assistir nada.- me sinto mal enquanto como pipoca.

-Então podemos....Lily!- ela grita quando eu levanto.- Lily, para onde você vai?

-Eu vou voltar.- pego meu casaco e bolsa.

-Você disse que não era para eu deixar você fazer isso.- ela vem atrás de mim.

-Mudei de ideia.- destranco a porta e ela se joga contra a porta.- Andreia!

-Você não vai!- ela grita.- Se não quiser assistir nada então vamos dormir, já está tarde!

-Mas....

-Dormir ou assistir tv.- ela parece uma doida.

-Ok, então.- me rendo deixando as coisas em cima da mesa.- Ok.

-Ótimo.- ela fica mais relaxada.- E então?

-Acho melhor dormimos, você comeu doce demais.- a encaro e ela sorri.

Ela desliga a TV e vamos até o quarto dela, normalmente dormimos no mesmo quarto por causa do outro ser um quarto de estudo.

Então me jogo na cama e me cubro odiando o frio que estou sentindo, Andrea troca de roupa e deita ao meu lado.

-Eu não sou um cara gostoso e nem nada do tipo, mas se ficar me olhando com essa cara, vamos nos desentender.- ela fala sorrindo.

-Nem por tudo que é mais sagrado no mundo eu iria querer me desentender com você agora.- sorrio também.

-Ótimo, amanhã vamos passar o dia todo praticando a medicina e salvando vidas.- ela volta a olhar para mim.- Mais animação, por favor.

-Eba, medicina e salvar vidas.- falo com uma voz fininha.

-Ótimo.- ela vira de costas.

Eu encaro o teto e fico pensando o que Thomas está fazendo, ele já deve estar pedindo ajuda para minha mãe.

Para achar alguém que queria casar e ter filhos com ele, como alguém iria querer coisas tão normais na vida.

Por que ele não quer descobrir a cura do câncer ou algo assim? É bem melhor e não é nada normal.

A Segunda Filha - Livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora