Lily Ballard
O sininho toca e eu olho para frente, não acredito que esteja fazendo isso, mais uma vez arriscando a vida de alguém.
Mas eu precisava falar com ele, então assim que Thomas entrou no café eu o vi e percebi que ele estava acabado.
Tinha marcado o encontro em um ponto neutro da cidade, mas ele não parecia se importar em ser visto.
Ele senta na minha frente e continuo o encarando, o olho dele está roxo, assim como a bochecha e o lábio está cortado.
-Sinto muito.- murmuro.
-A culpa não é sua.- ele apoia os braços na mesa.
-Achei que precisávamos falar sobre isso.- explico.
Ele fica calado e o café que pedi chega, então ele pede um café com leite e ela vai embora de novo nos deixando a sós.
-Sobre o que você quer falar?- ele pergunta.
-Aqui está o número novo de Elena.- estendo a mão.
-Então você sabe...
-Que ela está grávida? Sei.- assinto.
-Por que está fazendo isso?- ele pergunta.
-Elena tem negócios na Flórida.- explico.- Vocês dois podem construir uma vida lá.
-Não vou sair daqui...
-Thomas, por favor, você já foi banido.- falo séria.- Pegue Elena, pegue seu filho, e vá embora.
-Achei que íamos dar certo.- ele segura minha mão.- Achei que você e eu...
-Você e minha mãe.- falo mais baixo.- Você pensava que era minha mãe...
-Lily, você parece tanto com ela mais nova.- ele sorri.- Você pode fugir comigo.- ele tem a ideia.- Podemos ir para onde quiser...
-Eu não vou, Thomas.- o encaro.- Eu vou ficar aqui, com...
-Daniel?- ele sorri.- Você não me quis, mas quis meu filho....
-Ele não é seu filho, Thomas, ele nunca vai ser seu filho de verdade.- balanço a cabeça.- Pegue o número de Elena e crie seu filho.
-Você disse que sempre teve uma queda por mim.- ele me prende pelo pulso.- Isso passou?
-Não, claro que não.- balanço a cabeça.- Mas eu percebi que você e eu somos diferentes.
-Lily....
-Só o amor não sustenta uma relação, Thomas.- o encaro.- Agora eu vou falar bem devagar.
Olho para ele segurando meu pulso e solto o número de Elena, ele nem liga e ainda continua me observando.
-Vá se tratar, cuide de Elena, cuide do seu filho.- puxo minha mão.- E esqueça minha família.
Ele pisca e eu me levanto, acho que tudo que eu tinha que dizer já foi dito, então pego minha bolsa e meu casaco.
Saio do café e começo a andar até meu carro, procuro o telefone dentro da bolsa e encontro ele rapidamente.
"-Oi, querida.- minha avó atende.
-Fiz o que disse.- falo calma.- Acha que vai ajudá-lo?
-Thomas precisa sempre de um empurrão.- ela explica.- Ele vai ligar para Elena, e já conversei com ela.
-Então os dois vão desaparecer.- murmuro.
-Achei que queria isso.- ela fala confusa.
-Eu quero, mas não consigo entender por que você deu essa ideia.- olho para os lados.
-Algumas vezes a máfia não é boa para as pessoas.- ela explica.- Precisa só se afastar, ter uma vida normal.
-Eu sei.- observo as pessoas andando e entro em uma rua mais silenciosa.
-Que tal uma visita depois?- ela pergunta.- Eu preciso contar algo a você.
-Claro.- paro por um momento.- Vou levar Daniel para conhecer vocês.
-Ok, querida, tenha cuidado.- ela pede.
-Ok, tchau vó."
Desligo o celular e guardo ele na bolsa, assim que fecho ela sinto algo de errado, ergo a cabeça.
Assim que tenho a ideia de olhar para trás alguém me agarra, tento gritar e ele tapa minha boca com um pano.
O cheiro forte de álcool me faz ter ânsia e tudo envolta fica meio borrado, meu corpo vai soltando até eu começar a perder a consciência.
𖣔
Thomas Lincoln
Assim que ligo para Elena, ela diz que precisamos conversar, concordo com isso e explico minha situação.
Então marcamos na parte da praia, olho para meu carro de longe e logo minha atenção vai para a calçada.
Elena está vindo e parece bem decidida, não como da outra vez em que ela parecia bem confusa.
-Eu quero participar.- explico.
-Ótimo.- ela balança a cabeça.
-Mas aqui, isso não vai dar certo.- falo com calma.- Temos que ir embora.
-Eu sei.- ela cruza os braços.- Acho que Lily falou...
-Sim, Flórida está ótimo.- falo rapidamente.
-Mas você precisa...
-De ajuda, eu sei.- limpo a garganta.- Cuidamos de tudo isso na Flórida.
-Claro.- ela assente.
-Podemos começar a preparar as coisas?- pergunto.- Não quero mais perder tempo.
-Certo.- ela se aproxima.- Vou arrumar as malas.
Assinto e ela me abraça, passo meus braços pela cintura dela e abaixo o olhar, eu estou fazendo a coisa certa.
Precisamos sair daqui rápido, Flórida parece longe e eles não vão me incomodar estando lá, é perfeito, Lily tinha razão.
𖣔
Daniel Wilson
Estava na casa de Lily há um tempo, ela tinha dito que ia comprar uma pizza e não tinha voltado até agora.
Então resolvi pegar o telefone e ligar para ela, esperando que ela dissesse que houve algum problema ou algo assim.
Mas o problema maior é que ela não atendia, e eu acharia normal, se não fosse a minha preocupação de tudo ultimamente.
Ligo mais uma vez enquanto pego meu casaco, ela deve estar só sem bateria, é o que quero pensar.
Mas meu coração começa a bater mais rápido quando começo a mandar mensagens e ela recebe e vê.
Ela não pode estar me ignorando, não tínhamos brigado ou algo assim, apenas se....
Apenas se era alguém que não era Lily, que tinha pegado o telefone dela, abro a porta da casa dela e pego as chaves do carro.
-Que merda.- murmuro abrindo o carro.- Que merda. Merda!
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A Segunda Filha - Livro 4
RomanceA segunda filha de Judith e Gabriel é Lily, que se destaca por ser forte e respondona, Lily também é considerada um pouco mais afastada que os outros dois irmãos, Andrew e Laura. Ela é focada na carreira médica dela e sempre que pode está no hospita...