Lily Ballard
A casa sempre ficava mais silenciosa de noite, e depois que alguém fechou a porta com força, eu acordei.
Eu sempre assistia filmes de terror, e quando era menor odiava portas batendo, tinha medo até de tirar o cobertor.
Mas dessa vez eu levantei da cama e abri minha porta, não vi ninguém de começo, depois de um tempo ouvi algo nas escadas.
Vou até lá morrendo de medo e vejo meu pai na cozinha, respiro fundo e aliviada e finjo que também estou querendo comer algo.
Ele sorri quando me ver e pega mais um copo, eu me apoio na bancada e ele abre a geladeira pegando o leite.
-Por que está acordada?- ele pergunta calmo.
-Ouvi algo.- o observo.- O que você está fazendo acordado?
-Sonhei algo.- ele retruca e eu sorrio.- Quente ou gelado?
-Quente.- puxo um banquinho e sente enquanto ele pega a panela.
-Estava falando com Andrew.- ele explica.- Dizendo a ele que é melhor se concentrar nisso do espanhol.
-Ele está com medo, nunca vi ele com medo de alguém.- mexo nos copos.
-Ele está colocando alguém por quem tem afeição em perigo.- meu pai coloca o leite e deixa ferver.- E claro que está com medo.
-Amar é assim?- pergunto.- Viver com medo de que a pessoa passe por algo horrível?
-Gostava mais quando você era pequena e me perguntava por que existiam as geladeiras.- ele sorri.- É mais fácil se explicar.
-Você queria que eu fosse criança para sempre?- pergunto e ele ri fraco.
-Você sempre vai ser criança para mim, Lily.- ele cruza os braços.
Eu olho para baixo e passo o dedo pela borda do copo, meu pai desliga o fogo e começa a deixar o leite ficar morno.
-Pai?- ele olha para mim.- Posso contar uma coisa para você?
-Claro.- ele começa a encher os copos.
-Eu e...
-Daniel, eu sei.- ele suspira.- Se você gosta dele....
-Não.- suspiro.- Acho que eu estou um pouco confusa.
-Como assim?- ele fica mais atento.
-Daniel é normal, ele é médico e me entende.- explico.- Ele não quer ter filhos ou me forçar a ter.
-Ok...- ele fala cuidadoso.
-Mas eu conheci alguém antes dele.- coloco o cabelo atrás da orelha.- Alguém que eu realmente gostava.
-Por que eu não conheci esse?- ele pergunta e eu o encaro.- Ok, continue.
-Eu não quero filhos agora, entende?- pergunto.
-Claro.- ele assente.
-Mas ele quer.- eu aponto para trás como de houvesse alguém.
-E o que você fez?- meu pai toma um pouco do leite.
-Eu falei a ele que era melhor a gente se afastar.- espalmo as mãos na mesa.- Que queríamos coisas diferentes.
-Você amadureceu muito, Lily, quando perdi isso?- ele pergunta.
-Eu fiz o certo, não fiz?- o encaro.
-Meu amor, independente de tudo você tem que seguir o que seu coração quer.- ele se aproxima.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Segunda Filha - Livro 4
RomanceA segunda filha de Judith e Gabriel é Lily, que se destaca por ser forte e respondona, Lily também é considerada um pouco mais afastada que os outros dois irmãos, Andrew e Laura. Ela é focada na carreira médica dela e sempre que pode está no hospita...