Confidente

3.7K 454 144
                                    

Lily Ballard

A emoção que mais podia me descrever era que eu estava puta, eu estava completamente puta!

Tinham me colocado em uma sala escura, me amarrado na parede e colocaram um pano na minha cabeça junto com algo de gosto ruim na minha boca.

Estava analisando as correntes e vendo que isso era uma bosta, por que eu não ia conseguir sair daqui sozinha.

-Isso é uma merda.- encosto a cabeça na parede.- Merda atrás de merda...

Começo a rir por que sei que isso realmente é engraçado, tinha falado que precisava de um tempo e fui sequestrada.

Agora eu tinha meu tempo e talvez nem fosse ter que pensar muito, já que parecia que eles não queriam me manter viva.

A porta abre e eu automaticamente paro de rir,  vejo uma luz por cima do capuz e percebo um homem se aproximar.

Ele tira meu capuz e meus cabelos caem sobre o rosto, ergo os olhos e encaro olhos castanhos claros.

-Estou feliz que finalmente podemos nos conhecer.- ele fala calmamente.

Ele sabe que eu não posso falar com aquela coisa na minha boca, então puxa um back e senta na minha frente.

-Tenho tantas coisas para conversar com você, Lilian.- ele senta confortável.

Outro cara acende a luz e fecho os olhos com o tanto de claridade que trás, a porta fecha e me vejo sozinha com ele.

Ele aproxima a mão do meu rosto e me afasto, ele sorri e continua até afastar meus cabelos, mesmo sem saber quem ele é...eu já odeio ele.

-Está com medo de mim?- ele se aproxima e eu o encaro.- Já tem uma ideia de quem eu sou?

Respiro fundo para me acalmar e ele sorri de novo tirando aquele negócio nojento da minha boca.

-Meu pai...

-Seu pai.- ele sorri.- Gabriel, não?

-Você sabe que sim.- falo séria.

-Imaginei que você seria a mais afiada.- ele me observa.- Andrew o mais esquentadinho e Laura a mais teimosa.

-O que faz achar que você vai ganhar?- sorrio e ele espera.- Aaron não ganhou, Miguel não ganhou...

-Ah, querida, eu tenho algo que eles não tem.- ele me olha da cabeça aos pés.- Algo que eles falaram em fazer.- ele se aproxima.- Eu tenho uma deles.

-Acha que vai ganhar só por me ter?- levanto as sobrancelhas.

-Eu tenho certeza que vou ganhar por que não só tenho você, como tenho informações.- os dedos dele passam pelo meu queixo.

-Adoraria ver você tentar.- assim que falo, ele ri.

-Vou adorar fazer de você minha confidente.- ele sussurra.- Vou começar com algo fácil de digerir.

-Comece indo se foder.- assim que falo ele levanta.

-Aaron Woodward era infértil.- ele fala e eu o encaro.

-Então...

-Quem é o pai de Gabriel.- ele assente tirando uma arma do blazer.

Recuo até a parede e fico com raiva de mim mesma quando demonstro medo ao ele aproximar a arma da minha testa.

Nos encaramos por alguns segundos e ele começa a descer a arma pelo meu rosto, depois pelo meu pescoço.

-Se você adivinhar, eu dou a você um presente.- ele fala em tom divertido.

A arma dele começa a chegar entre meus seios e recuo ainda mais mesmo não tento espaço, ele sorri distraído e volta a olhar para mim.

Está esperando que eu responda, mas não sei o que pensar, nem mesmo sabia em quem pensar.

Aaron era infértil, mas Carol ficou grávida, ela devia estar traindo Aaron para ficar grávida naquela época...

E o único mais próximo de Aaron...

Volto a olhar para ele e o sorriso que toma seus lábios é tão idiota que esqueço que ele está apontando uma arma para mim.

-Gosto de garotas inteligentes.- ele murmura.

-Ainda bem que sou inteligente o bastante para saber que vai matar você.- falo calma.

-Responda e pode ganhar o jantar de hoje, Lilian.- ele levanta novamente.

Eu não me importaria de jantar, não me importaria de não comer, mas eu não tinha comido nada desde noite passada...

Engulo em seco e permaneço calada, ele levanta as sobrancelhas aceitando meu silêncio e abre a porta.

-Aproveite seu quarto.- ele apaga a luz.- Se começar a fritar ou dizer algo o capuz e a mordaça voltam.

A porta fecho e estou no escuro de novo,  coloco meus joelhos contra o peito e me abraço, as correntes ao menos permitem isso.

Ali é frio e úmido, parece que estou dentro de um poço, odeio lugares apertados, odeio estar ali.

Não sei por quanto tempo vou ficar, mas não quero ser usada contra minha família, então eu preciso sair daqui.

Não posso esperar eles, não tenho ideia de como sair mas vou encontrar algo logo, então volto a deitar a cabeça na parede.

Fecho meus olhos e começo a pensar, tenho que primeiro tirar essas correntes, não posso sair acorrentada.

𖣔

Daniel Wilson

Estava andando de um lado para o outro, Judith e Gabriel estavam parados, sentados no sofá.

-Vocês não vão fazer nada?- pergunto.- O que estamos esperando?

-Precisamos de todos procurando por ela, embora um alerta.- Judith fala para Gabriel.

-Eu vou ligar para Andrew...

-Não.- ela segura o braço dele.- Ele tem algo importante amanhã, deixe que aproveite só esse dia.

-Vou chamar Laura.- ele então fala.- E vou emitir o alerta.

Ele desaparece e eu volto a olhar para Judith, não consigo ficar sem fazer nada, algo aconteceu com ela...

-O que eu posso fazer?- pergunto.

-Eu sempre fui contra o rastreador de celular.- ela murmura.- Mas agora seria tão fácil...

-Não é culpa sua.- tento amenizar.

-Gabriel queria colocar um localizador, eu não deixei.- ela ri.- Eu sou uma péssima mãe.

-Não, você...- eu engulo em seco.- Talvez piorasse a situação.- explico.

-Você é policial.- ela me encara.- O que faz quando isso acontece.

-Chamo a polícia.- falo e ela me encara.- Desculpe. A segunda coisa é...ir até os lugares onde ela iria, os lugares que ela foi.

-Pegue a chave.- ela levanta e apronta para a mesa.- Vamos passar a noite inteira procurando se for preciso.

-Judith.- Gabriel aparece de novo.- Eu vou falar com Thomas.

-Ok, não fale muito, só pergunte.- ela explica.

Gabriel abre a porta e Judith dá um beijo rápido nele, nós dois passamos por ele e vamos em direção ao carro.

Não duvido que ela vá passar a noite toda procurando, e se for preciso eu também vou fazer isso.

A Segunda Filha - Livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora