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Daniel Wilson

Não consigo dormir por mais que eu fique deitado o dia todo na cama, tenho várias perguntas, e várias delas são para Thomas.

Então eu desço para beber um pouco de água e vejo que ele está sentado lá fora, olhando para algo que não encontro.

Essa é minha chance e eu vou aproveitar, abri a porta e ele logo percebe que estou indo na direção dele.

Sento ao seu lado e ficamos calados por algum tempo, eu me curvo e fico brincando com a grama.

-Como sua mãe está?- ele pergunta.

-Bem, ela casou há pouco tempo.- informo.- Com alguém da idade dela.- murmuro e ele me observa.

-Como assim?- ele fala na defensiva.

-Por que foi embora de Boston?- desvio do assunto.

-Eu tinha que me redimir com a família, e acabei ficando com eles.- Thomas balança a cabeça.- E você, o que fez esse tempo todo?

-Terminei a escola e não queria ficar parado.- explico.- Me alistei no exército e fui para o Afeganistão. Tive treinamento militar e médico.

-Deve ter sido difícil.- ele mexe a mão.- Algum motivo aparente para ser dispensado?

-Eu levei um tiro, meses de recuperação.- falo de uma vez.- Depois disso eles me ajudaram a encontrar um emprego como investigador na polícia.

-Que tipo de tiro?- pergunta.

-Limpo, bem de perto.- balanço a cabeça.- Um informante me traiu.

-Não tem jargão de soldado.- ele fala calmo.

-Não gostava de lá.- olho para um ponto fixo.- Nunca usei "senhor" fora do exército.

-Meu pai e irmão foram para o exército, sabia?- ele parece achar assunto.

Minha mãe tinha me contado, e me contou também que o pai de Thomas se chamava Daniel.

Mas eu não queria acabar com a conversa, então eu neguei com a cabeça, ele me explicou tudo que eu já sabia.

Ficamos um tempo em silêncio e eu decidi perguntar, sei que não era minha vida, mas de alguma forma eu queria saber.

-Gabriel sabe que você transa com a filha dele?- pergunto e Thomas congela.

-Como você sabe?- ele pergunta.

-Não é difícil perceber se olhar bem.- balanço os ombros.

-Não é da sua conta.- ele levanta.- Vá dormir....

-Ela me contou que quer ter filhos.- falo e ele para.- Mas pelo que conheço dela até agora, ela não quer nem um pouco.

-As pessoas mudam de ideia.- ele parece agora ter a minha idade.

-Lily não parece ser o tipo de pessoa que....

-Você não a conhece.- ele se aproxima.- Você não se aproxima dela, entende?

-Você deveria encontrar alguém que queira a mesma coisa que você.- falo calmo.

-Lily vai querer a mesma coisa que eu.- ele abre a porta.- Já estou no caminho.

Tento perguntar o que isso quer dizer mas ele já está longe, volto a olhar para aquele ponto que estava olhando.

Respiro fundo e me deito na grama olhando para o céu, é difícil você conhecer seu pai quando ele parece não ter ficado nada maduro.

A Segunda Filha - Livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora