Sensação - Parte 1

3.7K 446 55
                                    

Lily Ballard

Estou no bar esperando o plantão de Daniel acabar, já bebi três doses de tequila e estou planejando aumentar.

Respiro fundo e bebo a quarta, assim que o barmen tira meu copo para encher de novo... alguém senta ao meu lado.

Ele está vestido em roupas elegantes, tem os cabelos pretos e a pele morena, seus olhos parecem familiares.

-Uma rodada por minha conta?- ele pergunta.

-Estou esperando alguém.- sorrio bebendo o quinto.

-Posso divertir você enquanto o espera.- ele se aproxima e algo em mim se alerta.

-Acho melhor você se afastar.- falo séria e o observo.

Ele tem um machucado na bochecha e na sobrancelhas, respiro fundo e ele sorri de um modo desconfortável.

-Lembra de mim, Lily?- ele deixa a voz baixa e meu corpo arrepia no mau sentido.

-Você...

-Eu posso estar sozinho, mas você e sua família ainda vão sofrer muito.- ele se aproxima.

Congelo quando ele afasta meus cabelos e beija minha bochecha, então começa a se distanciar.

Não perco tempo, pego meu celular e começo a discar o número de Andrew, mas dá desligado.

Pego minha bolsa e disco o número do meu pai, chama por alguns minutos e alguém finalmente atende.

"-Oi, querida.- ele fala calmo.

-Pai, eu acho que posso estar seguindo Ray.- falo baixo enquanto desvio de alguém.

-Onde você está?- ele parece ficar agitado.

-Na esquina do hospital, indo para leste.- falo rapidamente.

-Lily, não se aproxime.- ouço o barulho das chaves.- É sério...

-Eu sei, venha rápido.- sussurro."

Guardo o celular na bolsa e ouço alguém se aproximar, Daniel está arrumando a jaqueta e seguro o braço dele.

Começo a puxá-lo começo e me sinto mais confortável com ele ali, Daniel olha aí redor e me observa.

-O que houve?- ele pergunta me acompanhando.

-Aquele ali....- aponto com o queixo.- Acho que é Ray.

-Você lembrou dele?- Daniel pergunta surpreso.

-Eu só...senti.- balanço os ombros.

-Já sentiu outra coisa além disso?- ele pergunta e olho para ele.

-Já.- não minto.

-Sobre o que?- pergunta e eu tento sorrir enquanto ainda estamos seguindo ele.

-Sobre a conversa do banheiro.- olho para frente.

Ficamos em silêncio e Ray dobra uma esquina, respiro fundo e puxo ele pelas ruas.

E é só agora que percebo como eu era burra de ter esquecido o casaco naquela cadeira no bar.

Me aproximo um pouco de Daniel e ele me observa, torço para que ele não volte a tocar no assunto.

-Já avisou seu pai?- assinto.- Ele está vindo.

-Sim, aposto que com reforços.- olho para o relógio.- Ainda bem que é cedo, me odiariam se eu estivesse errada.

-Você deve estar certa, o cara estaria usando capuz e boné por mais o que?- ele pergunta e sorrio.

-Tenho que admitir, perseguir alguém com você é bem melhor do que beber.- brinco e ele ri.

-Isso é por que ainda não bebeu comigo.- ele fala baixo e eu tento não sorrir.

-Se passarmos dessa noite, eu tenho uma garrafa de vinho guardada lá em casa.- explico enquanto estou distraída com Ray.

Ele começa a ir para um prédio que parece abandonado, aperto o braço dele e paramos mais afastados.

Ray entra naquele prédio e parece ficar ali, então eu me afasto de Daniel e coloco as mãos dentro dos bolsos da calça jeans.

-Ok, agora é só esperar....- falo ansiosa.

-É melhor se acalmar enquanto isso.- ele murmura encostando o corpo na parede.

-Se eu estiver certa, vamos pegar ele hoje, acabar com tudo isso.- falo com cuidado.

-Talvez não acabe com tudo, ainda podem ter várias pessoas com ele, nunca se sabe.- Daniel explica.

-Por que diz isso?- o encaro.

-Aaron morreu e Miguel continuou o plano, Miguel morreu e Ray continuou, se Ray morrer...

-Entendi a lógica.- murmuro.

Cruzo meus braços e fico na frente de Daniel, ele me observa e então suas mãos vem até minha cintura e me puxam lentamente.

-Sobre a conversa do banheiro...

-É sério.- ele diz.- Eu queria isso com você, eu continuo querendo isso, Lily.

-Eu não pretendo fazer nada disso agora.- balanço a cabeça.- Quero primeiro me formar.

-Não estou pedindo para casarmos e termos filhos.- ele sorri.- Eu só quero ficar com você.

-Que tal fazermos a moda antiga?- pergunto.- Encontros.

-Interessante.- ele acaricia minha cintura.

-Topa?- levanto as sobrancelhas.

-Tudo por você...- ele começa a se aproximar.

-Beijo só depois do segundo encontro.- me afasto e ele sorri.

Ouço o pneu de um carro cantar e me giro, vejo literalmente vários carros parando em frente a construção antiga.

Começo a andar até meu pai e ele parece aliviado em me ver com Daniel, e então eu vejo Laura, e Adam.

-Vocês vão entrar?- pergunto.

-Queremos o máximo de pessoa.- meu pai parece com raiva.

Olho para Laura e ela está com aquela cara de quem insistiu para vir até aqui, deve ser por isso que meu pai está com raiva.

-Eu vou entrar também.- ainda bem que a rua está vazia, o monte de homens com armas.

-Lily.- meu pai me encara.

-Eu vou entrar.- pego uma arma do porta malas.

Meu pai olha para Daniel, o mesmo pega uma arma e checa a munição, percebo o que meu pai está querendo.

-Não precisa ir se não quiser.- falo para Daniel.

-Espero estar contando isso como um primeiro encontro.- ele brinca e eu sorrio.

Olho ao redor e a rua está vazia, como se todos soubessem o que iria acontecer ali, por isso eles começam a se juntar na porta.

Assim que olho para Laura vejo ela segurando a nuca de Adam e o beijando, os dois pareciam ter uma relação séria.

Tinha me afastado, mas queria me aproximar de novo, e parecia um bom assunto para falar com ela.

Depois disso eu falaria mais com ela, talvez fosse pro shopping com ela e a mamãe como elas faziam sempre.

-Ok, vamos entrar, mas se precisarem de ajuda, peçam!- meu pai fala a todos.- Quero ele vivo, mas se ficar violento, já sabem!

Olho para Daniel e ele tenta sorrir enquanto nos aproximamos da porta, agora não tem mais volta.

Vamos pegar Ray ou não, são essas as opções, não tem espaço para erro, agora meu coração começa a bater muito forte, não tem volta agora.

A Segunda Filha - Livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora