Encarei fixamente o biscoito um instante, imaginando que fosse a cabeça da praga Park e que aquela típica expressão sem-vergonha estava ali, zombando deliberadamente da minha cara.
Dei a maior e mais forte mordida que consegui. Mastiguei e mastiguei. E, virando um gole de café, também imaginei que engolia toda a hipocrisia daquele garoto e acabava com sua graça.
— Como se fosse simples assim. — bufei e voltei a prestar atenção no café da manhã.
Quase três dias se passaram e voltamos a nossa rotina anterior.
Não trocávamos nenhuma palavra e o que precisava ser dito era repassado pelos meninos. Ou seja, o episódio do apartamento aparentemente não aconteceu para o Jimin, e isso me deixou, no mínimo, furiosa. Afinal, passei os últimos dias praticamente em claro por sentir culpa, e, no fim, ele simplesmente fingiu que não fez absolutamente nada. Resumindo: sou uma idiota.
Contudo, levando em conta que eu mesma estava disposta a esquecer o "incidente" desde que coloquei os pés para fora do dormitório deles, tentei levar a situação da melhor maneira possível. Ainda que, lá no fundinho, continuasse xingando o garoto por ser tão cretino.
Mesmo sabendo perfeitamente disso, tolamente, cai em suas garras.
Estávamos bastante atarefados, como de costume, e o trabalho de alguma maneira levou parte das minhas preocupações embora. Até mesmo a vontade de arrancar uma explicação do senhor Park Jimin se esvaiu e deu lugar ao descaso. Para mim – e, com certeza, para ele –, aquilo não passou de um fato isolado e que se repetiria. Foi um desejo momentâneo que protagonizamos e nada mais. Não era necessária nenhuma outra explicação e cada um seguiu do seu modo.
Dei uma última olhada nos valores das passagens áreas e optei pela primeira classe da Korean Air. Pois, além do tempo de voo ser menor e sem escalas, os serviços prestados eram muito bons e os Bangtan já estavam acostumados a companhia. Tinha um show marcado em Kuala Lumpur, na Malásia, e fui encarregada de organizar tudo o que era necessário para a viagem.
— Viajamos quando, noona? — perguntou Taehyung, se jogando sobre as pernas do maknae.
— Daqui a quatro dias. — respondi enquanto verificava a data no celular — Por isso, coloquem os passaportes em um lugar de fácil acesso, para que não haja qualquer imprevisto. Okay?!
— O que temos para hoje? — Namjoon se aproximou.
— Meet&Greet da Mwave. — olhei para ele — Será na parte da tarde.
— E depois?
Chegou ainda mais perto. Praticamente colado a mim.
Queria espiar a agenda.
— Depois estarão livres.
Dei um passo a fim de tomar distância.
Não havia nada de errado, contudo, era estranho ter um garoto tão alto me "observando".
— Vocês gostariam de almoçar aonde? — indaguei e fechei a agenda. Coloquei debaixo do braço — Acho que consigo fazer reservas naquele restaurante que fomos em Hongdae.
— E se cozinhássemos juntos, noona? — Jin sugeriu, um pouco apreensivo.
— É Sophia-noona, seria legal comer algo preparado pelo hyung e você. — J-Hope disse todo entusiasmado — Faz tempo que queríamos lhe pedir isso.
— Mas Hoseok...
De soslaio, olhei rapidamente para Jimin, e não pude identificar o que ele sentiu com aquela proposta repentina. Sustentamos o olhar mais alguns segundos. Até que desviei e soltei o ar com certa força. "Mas que caralhos eu 'tô pensando?", questionei a mim mesma, ao perceber que estava dando importância demais para o que a praga Park pressuporia caso eu cozinhasse com Jin outra vez. E, como num estalo, um sinal de alerta soou dentro em minha cabeça.
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Imoral
FanficSophia Nunes foi convidada para ser a nova manager do Bangtan Boys, mais conhecidos como BTS, um talentoso grupo de sete rapazes que estava alcançando um grande sucesso. Com 29 anos e experiente no ramo do entretenimento, ela embarca para a Coreia...