Capítulo 49 - Franqueza

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Acordei sentindo o braço preso em alguma coisa.

Tentei movê-lo algumas vezes, porém, não consegui. Só então lembrei do que aconteceu pouco antes de tomar um analgésico e logo depois apagar: levei uma facada no aeroporto.

Porra, que situação!

Eu não imaginava que Hee Young seria capaz de chegar a tal ponto em meio à tantas pessoas, contudo, ela provou exatamente o contrário e mostrou o quanto era louca.

Encarei o teto um instante, focando melhor minha visão, e, assim que girei a cabeça, avistei Jimin sentado em uma cadeira próxima a cama e dormindo profundamente. O suéter branco que antes usava foi trocado por uma camiseta qualquer, muito provavelmente porque o encharquei com sangue. Os braços cruzados e a expressão tensa não negavam: o coitadinho ficou desesperado com tudo o que viu. E eu não tirava sua razão, pois, também fiquei muito assustada com a atitude inesperada de Hee Young e só não fiquei ainda mais porquê fui capaz de protegê-lo, e, para mim, aquilo foi o bastante.

Movi um pouco a cabeça e reparei na tipoia que prendia meu braço, aquele treco chegava até a altura do ombro, impossibilitando qualquer gesto que permitisse abrir os pontos e piorar o que já estava ruim. Não tinha conseguido ver o estrago que a doida fez, mas, pela reação de Park e a dor que eu sentia, presumi que fora relativamente grande. Cretina!

— Noona?!

A voz sonolenta de Jimin chamou minha atenção.

Fiz um esforço para encará-lo e o presenciei esfregando os olhos.

— Jimin. — murmurei.

Em um pulo, como se não tivesse acabado de despertar, a praga estava ao meu lado.

Observamo-nos durante uns segundos, perdoando-nos por todas as idiotices que fizemos um com o outro, e, ao acariciar delicadamente minha bochecha, senti seus lábios tomarem os meus com ternura. Como senti saudade do seu beijo, sua presença, até mesmo das pirraças e ataques de egoísmo. Eu amava meu garoto. Amava demais! E, se não fosse a porcaria do machucado no braço, certeza que já teria o colocado sobre a cama do hospital.

— Você está bem, Sophia?

Assenti e ele suspirou aliviado.

— Dói um pouco. Mas nada que um analgésico não dê jeito. — me ajeitei na cama, abrindo um pouco de espaço, e bati sobre o colchão — Vem. Senta aqui comigo.

Sem hesitar, Jimin se acomodou apoiando uma perna no chão, e voltou a distribuir carinhos em mim.

— Por quê? — indagou com a voz aflita — Por que fez aquilo?

— Só queria protegê-lo.

— Mas você poderia.... Poderia... — fechou os olhos e respirou fundo para afugentar os pensamentos ruins — Fiquei apavorado, noona!

— Me desculpe. — pousei a mão sobre a dele — Me desculpe por tê-lo assustado.

— Eu não sei o que faria se algo tivesse acontecido...

Senti a pressão de seus dedos apertando os meus. Aquelas imagens o atormentavam e me arrisquei a pensar que não esqueceria tão cedo. As lembranças o seguiriam por um tempo.

— Fiquei com tanto medo.... Eu...

— Agora tudo está bem e não há motivos para preocupação.

— Eu sei. — suspirou e abriu um sorriso fraco — Eu sei.

— O que aconteceu com a Hee Young?

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