Capítulo 48 - Aeroporto

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JIMIN

Quase uma semana se passou desde que ela foi embora.

Pateticamente, meus dias se resumiram a permanecer na cama e ficar encarando aquela aliança entre os dedos. Ouvindo várias e várias vezes a música que sequer conseguia pronunciar o nome, "La Musi... Alguma coisa", e que comecei a adorar por sua causa.

Nossa música.... Nossos momentos...

Como fui capaz de ser enganado pela segunda vez? Como?

E, pior, por que sentia um vazio tão grande dentro do peito?

Nem mesmo o episódio com a Hee Young chegava perto da tristeza que estava sentindo naquele momento, enquanto olhava fixamente para o anel que comprei com o tolo sonho de pedi-la em casamento, e lia as palavras incrustadas nele tantas vezes quanto ouvia a nossa música: "Confuso, estranho e intenso". Aquela frase que definiu perfeitamente nosso amor quando, enfim, declaramo-nos um para o outro. Mas tudo havia acabado.

Absolutamente tudo!

Minha noona... Minha Sophia...

Era esposa de outro homem.

Tal compreensão consumia tanto as minhas forças que até comer se tornou meio dispensável. Não sentia fome e só o fazia porque um dos rapazes sempre aparecia no quarto e – praticamente – enfiava a comida garganta à baixo. Era nítido que perdi peso.

Resmunguei no que àquela porcaria de canção voltava a tocar desde o início. Deveria ser, no mínimo, a milésima vez que ela se repetia. E, ridiculamente, meu coração se apertava.

Cobri a cabeça com o edredom e rolei na direção da parede. Me encolhi, brigando contra as lágrimas que, à essa altura, nem deveriam mais descer. Onde estava Park Jimin?

O integrante cafajeste do Bangtan Boys? O que me tornei?!

Me esforcei para ser um cara melhor, para fazer diferente e então descobri que ela, a mulher por quem continuava loucamente apaixonado, já tinha marido. Inferno! Antes tivesse continuado metendo com aquelas que eu sabia não quererem nada além da minha fama, dinheiro e o meu corpo, pois, teria sido infinitamente mais fácil e menos doloroso.

Amor?

Depois de tudo, finalmente percebi, que não precisaria mais disso.

Não mais.

Num impulso de raiva e ansiedade, desliguei a música e encarei a tela do celular uns segundos, decidindo quem seria o meu próximo alvo. Analisei os nomes rapidamente e 'Sun Hi' pareceu uma boa escolha. Há tempos que não nos víamos; apesar do corpo pesado, levantei da cama em que estive confinado por dias, e caminhei até o armário.

Eu tinha de mudar!

Se consegui fazer isso por causa daquela mentirosa, sem dúvidas, também conseguiria fazer o mesmo por mim. O plano era voltar a ser o que jamais deveria ter deixado de ser.

Não sofreria mais.

Estava cansado de bancar o otário.

— Olha quem resolveu sair da caverna.

Hoseok caçoou assim que cruzei a porta com uma toalha pendurada no pescoço. Yoongi-hyung se aproximou e, batendo de leve em meu ombro, seguiu o fluxo e indagou:

— Ressuscitou?

— Acho que sim. — respondi.

Jungkook, que até então jogava videogame, saltou o sofá e se juntou a nós. De braços cruzados, em uma postura hostil que poucos conheciam e ainda era surpreendente, disse:

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