A Pessoa Que Você Foi {Jikook}

Escorrendo por seus finos dedos, talvez seja nosso amor.

2021

Era um momento cheio de melancolia, o caminho de volta para casa depois da fracassada visita a Jungkook. Hoseok deveria admitir que foi com um instinto de heroísmo no coração, como se estivesse fazendo um grande favor, mas no caminho de volta, ele pode perceber o quão tolo foi. O heroísmo não era uma boa característica a se adicionar na personalidade falha que ele possuía. Jung, na verdade, era um personagem quase que irrelevante, alguém que de fato, apenas coexistia. Ele sempre fora assim.

Durante a infância, seu brilho infantil foi apagado por um irmão mais novo muito talentoso, onde os adultos tinham satisfação em bajular e encher de presentes. Enquanto Hoseok crescia desejando a atenção direcionada ao seu irmão prodígio, ele teve que escutar lamentações por algo que era incapaz de fazer.

"- seu filho mais novo é um anjo divino, não é mesmo? E seu mais velho, o que faz? – ele ouvira certa vez a conversa de sua mãe com uma amiga na sala de estar. Escutar conversas entre adultos era estritamente proibido, mas Hoseok não tinha sequer oito anos ainda, ele era uma criança falha.

- Você fala de Hoseok? Ele é uma decepção! – sua mãe exclama. – Sinceramente, não é bom em nada além de ser um besta, diferente do Eunsoo, que é um anjo mesmo, Hoseok só não come areia porque não acha. Não espero nada dele, se você quer saber."

Ele cresceu, eventualmente, e isso apenas se confirmou: Eun Soo era muito melhor que ele, e em dado momento, a criança esperançosa morreu e deu lugar a alguém que se conformou em viver às sombras.

Mesmo na escola, quando conheceu Jungkook, sua popularidade se deu ao carisma falso que costumava colocar no rosto. Pessoas e pessoas às vezes decidiam o rodear com atenção e elogios, e Hoseok não gostaria de ser rude, uma vez que apenas acarretaria em mais problemas, portanto respondia com gentileza, sempre que tinha paciência. Andar com Jungkook trouxe o privilégio de poder se esconder em sua sombra, e formar um grupo com Jimin e Namjoon, lhe deu destaque, algo que àquela altura do campeonato, lhe trouxe certa satisfação pessoal.

Mesmo então naquele momento, em um táxi rumo ao seu apartamento metropolitano, ele se sentia coadjuvante, naquela história, no trio que envolve Yoongi, Jungkook e Jimin. E mesmo que não tivesse muita relevância, Hoseok ainda carregava culpa.

- O que faremos? – Yoongi pergunta melancólico. O carro ia firme pelo asfalto, e o rosto de Min focava apenas na tristeza com que seus olhos viam o mundo naquele momento. – Jungkook vai ficar bem?

- O que podemos fazer quando ele negou nossa ajuda? – é tudo o que Jung decide retrucar.

O cansaço externou pelas suas cordas vocais em um suspiro audível. Ele mexeu os ombros como se o movimento fosse fazer cair os pesos que os mantinham pesados, e por fim encarou a rua na mesma direção com que Yoongi encarava.

- Deixar as coisas assim...

- é o que podemos fazer – se conforma.

O carro para e sem muita paciência, Hoseok paga e sai, para logo atrás vir Yoongi, perdido e cheio de preocupações. O caminho até o hall de entrada é lento, um olhava o outro esperando por algo: esperança, palavras de conforto ou de motivação. Algo que os dissesse para não desistir. Algo que os dissesse que tudo iria ficar bem.

O relacionamento de Yoongi com Hoseok sempre fora complexo, realmente um quebra cabeça de peças tão pequenas que até mesmo achá-las e encaixá-las era uma tarefa difícil.

"– hey, caras – Jungkook acena para o casal de amigos que andava em sua direção. Eles estavam no centro, Jeon precisou da ajuda de Namjoon para escolher o primeiro presente que planejava comprar para Jimin no seu aniversário, o quarteto que naquela época era basicamente dividido em dois casais não assumidos, se separou no final de semana.