O Novo Quadro Na Sala Da Doutora Lee.

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"Park Jimin é, em poucas palavras, alguém inseguro. Ele apresenta características fortes de alguém traumatizado; sua ansiedade em falar sobre certos assuntos, a facilidade com que coisas o irritam além da apatia visível indicam junto a outros diversos sintomas que ele fora posto sobre uma situação mais estressante do que poderia aguentar, além de ser peculiarmente sociável apenas em situações muito especificas. Ele, em grande maioria, se isola, prefere muito mais ficar em um canto lendo algo, do que socializar com os outros pacientes.

É um ponto muito importante a se ressaltar, quando, por mais que tenha uma notável tendência ao isolamento, Park ainda costuma falar bastante quando o assunto é de seu interesse.

Seu único amigo feito em um ano de internação foi Park Seojoon, seu atual colega de quarto. Seojoon sofre de ansiedade não crônica, tem vinte anos, filho de um empresário, foi internado com a justificativa de tentativa de suicídio. Antigo paciente do doutor Beak, atualmente meu paciente (doutora Lee). Não apresenta características agressivas, apenas momentos de surto ansioso e breves crises de pânico.

Seojoon era avaliado como o tipo de paciente cujo não precisaria se preocupar.

Ainda assim, Park Jimin precisava esquecer Jeon Jungkook. Mesmo que o maior problema era que em dias comuns, Jimin aparentava nunca ter o conhecido, e em outros, chorava copiosamente clamando pelo nome desconhecido a todos exceto ele."

A breve descrição feita no diário da doutora Lee foi rasa, mas era um começo. Ela percebeu que estava na hora de investigar a fundo: Park Jimin não era mais apenas um caso.

A mulher saiu de casa naquela manha expirando o ar frio de janeiro, um novo ano. Era sempre um motivo de recomeçar para as pessoas, novo ano, novas chances, novos ares, todos se planejavam para a nova vida que os aguardava, porque depois de toda a turbulência do ano anterior, muitas pessoas apenas desejavam uma nova oportunidade. A doutora Lee apenas desejava que um ano novo significasse um ano a mais longe dos seus tormentos passados, ela desejava, mais do que ninguém, esquecer e continuar.

O trânsito barulhento daquela manhã também indicava que as mudanças ainda não eram perceptíveis: as ruas de Seul continuavam barulhentas como em todos os anos anteriores depois que a revolução industrial e o capitalismo chegaram na coreia do sul. A doutora Lee ri, internamente se deliciando com uma piada sem graça que escutara alguns anos atrás, nos seus tempos de faculdade, contada por alguém que ela mau lembrava o nome.

Ela era, de uma forma simples, uma mulher solitária, ela decidiu dedicar sua vida a sua carreira. Então, como alguém que mal tinha o que dizer sobre si, a doutora Lee costumava conversar sobre psiquiatria, e como quase ninguém da sua idade gostava do mesmo assunto, a mulher de cabelos longos e pretos decidiu que mergulhar ainda mais no trabalho era ainda assim, uma boa ideia.

A frente do hospital psiquiátrico que trabalhava estava, como todos os outros dias, normal. Alguns carros estacionados na frente do prédio enorme e todo branco, pessoas circulando pelo hall, entrando e saindo, deixando pessoas lá, buscando pessoas por lá, algumas visitando, pensando, lembrando do passado. Era incrível e assustador as vezes, mas nunca perdia a graça.

Yojin caminhava pelos corredores com confiança, andando e cumprimentado alguns funcionários de lá, todos muito bem habituados consigo. Sua sala estava limpa, cheirando a desinfetante e álcool, assim como todo o prédio, a doutora senta em sua cadeira, abre a ficha posta em sua mesa, e avalia os pacientes do dia. No topo da lista, estava Park Jimin.

Novamente a "ideia" que teve passa por sua cabeça: ela realmente não sabe o que deve fazer em uma situação como essa. Nunca em sua carreira teve um caso como este: uma hora seus pacientes começavam a falar, mesmo que coisas sem nexo, e em outro momento, tudo começaria a fazer sentido. A ideia de investigar afora sobre Park Jimin parecia absurda no começo daquele dia, mas naquele momento, apenas algumas horas depois, tudo parecia menos alarmante e mais necessário.

A Pessoa Que Você Foi  {Jikook}Onde histórias criam vida. Descubra agora