Capítulo 2: Oração

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O cinema de Songpa-gu definitivamente não é o melhor de Seul. Nem de longe, em qualquer aspecto possível.

Apesar de morarem em Gangnam e os cinemas de lá serem infinitamente mais conservados, Sejeong e Taehyung se acomodam ali como se o lugar fosse praticamente uma segunda casa.

As paredes do lado de fora do (não tão) famoso Golden Rose Cinema não eram pintadas há mais de dez anos, ainda possuindo o mesmo vermelho desbotado e descascado da época em que Taehyung começou a frequentá-lo regularmente, quando ainda era um moleque ingênuo aos onze anos.

A maioria dos cartazes colados às paredes era de lançamentos dos anos 90, como se nenhum dos funcionários - adolescentes preguiçosos sem supervisão fixa - estivessem dispostos o suficiente para renová-los com filmes recentes. Nunca estava necessariamente limpo, nem amplamente iluminado, sempre havendo uma lâmpada quebrada ou restos de pipoca espalhados pelo chão para contar história. Por fora parecia um cinema abandonado e por dentro, bem, dificilmente estava de fato apresentável.

O Golden Rose Cinema era propriedade das crianças e adolescentes dos bairros mais próximos (Bangi-dong, Ogeum-dong) e por isso, o cinema funcionava apenas as sextas pela tarde e noite, e aos domingos durante manhãs e tardes.

Tinha cerca de cinco funcionários que se revezavam - porcamente - entre a limpeza, a bilheteria, a venda da pipoca e a operação do filme, e caso houvesse algum feriado em dias de sábado, dois dos funcionários abriam o cinema para que casais toscamente jovens e desocupados passassem o dia ali.

Era um lugar antigo, provavelmente funcionava desde o fim da década de 80; Taehyung consegue lembrar vagamente de algumas fotografias nos álbuns de sua mãe, onde ela e Jaebeom - seu falecido marido - foram assistir Eternity juntos, o primeiro filme que ela gravou em sua carreira, quando tinha somente doze anos. O casal assistiu naquele mesmo cinema onde hoje o filho deles se esconde, divertindo-se com Sejeong e garotos irrelevantes nas últimas poltronas de cada sala.

Apesar de tudo isso, Taehyung não consegue pensar em um melhor lugar para passar suas sextas-feiras. Tem algo de relaxante e ao mesmo tempo excitante em estar num cinema isolado como aquele, escuro, pouco movimentado e repleto de possíveis surpresas e uma pitada suspeita de mistério.

Além desse sentimento quase incoerente com a realidade encontrada, a pipoca caramelizada do lugar é exatamente do jeito que ele gosta, quentinha e açucarada; as cadeiras são surpreendentemente confortáveis, embora sejam mais velhas que o próprio Taehyung e estejam cheias de buracos (ele gosta de enfiar o dedo neles e brincar com a espuma do assento, sente uma satisfação inexplicável com isso); os funcionários do cinema são meninos e meninas de quinze anos, trabalhando em seu primeiro emprego de verão; enquanto as meninas observam os clientes bonitos, alguns dos meninos burlam as regras do trabalho para passar alguns minutos satisfatórios na sala de projeção com o cliente mais frequente; nunca há mais que dez clientes em uma mesma sessão, o que lhe dá certa liberdade para namorar escondido, seja com o engraçadinho Joshua, que gosta mais de contar histórias mirabolantes do que de trocar beijinhos, ou o quieto e arrogante Sicheng, que insiste em dizer que não gosta de meninos apesar de ficar tempo demais com a língua na boca do jovem ator.

Diamonds Don't Turn To Dust ❀*ೃ taekook;Onde histórias criam vida. Descubra agora