Capítulo 2

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— Estava nas redondezas, e decidi fazer uma visita...

O homem alto e elegante ergueu os ombros com indiferença e pousou o olhar devastador sobre ela.

Parecia se divertir com os cachos desprendidos do penteado, o vestido desabotoado que ela ostentava com bravura e os pés descalços.

— Deveria ter ligado antes de vir. A ocasião é muito inconveniente. Desculpe, mas meus convidados chegarão daqui a poucos minutos, e tenho de terminar a maquiagem e...

— Achei que tinha lançado um novo estilo ao maquiar apenas um olho.

— ...e acabar de arrumar os cabelos. — ela concluiu, ignorando a provocação. — O bartender ainda não chegou, e meu fornecedor está me deixando louca. Portanto, como vê, já tenho problemas suficientes para uma noite.

— Parece que você precisa de ajuda. — Entrou sem que ela pudesse impedi-lo.

— Os rapazes têm tudo sob controle?

Os três homens parados ao lado da mesa o fitaram, deixando transparecer a mais profunda indignação.

— Está tudo na mais completa ordem, Sr. Alfonso. — Stuart balbuciou. — Aceita alguma coisa?

— Alfonso? — Anahi disse por entre os dentes. — Podemos conversar em particular?

— Agora?

— Sim.

— No quarto?

— Não. Na cozinha — sentenciou, atravessando a sala com passos firmes.

Abriu a porta com gesto brusco e entrou. Gostava daquele ambiente, com piso de ladrilho hidráulico e armários ocupando todas as paredes. Naquela noite, estava repleto de itens para o jantar, mas não notou nada quando encarou o ho­mem diante de si.

— O que está fazendo aqui? — repetiu a pergunta com incon­fundível irritação.

— Queria vê-la.

— Depois de sete meses?

— Foram somente sete meses?

— E escolheu esta noite por acaso?

— Como poderia saber que você está oferecendo um jantar?

— Deveria ter ligado.

— Foi uma decisão impulsiva.

— Como tudo que faz, não é? — Anahi respirou fundo. — Como sabia onde estou morando?

A resposta foi um gesto vago com a mão. Os olhos dele percorreram a cozinha e o encantador quintal através da ja­nela.

— Sua casa é magnífica! — comentou, meneando a cabeça em aprovação. — Estou impressionado.

— A casa não é minha. Uma amiga aceitou uma oferta de tra­balho na Europa e ficará lá por dois anos. — explicou, detestando-se por dar satisfações a seu ex-marido. — Ela me pediu que tomasse conta da casa, e aceitei.

— É alguém que eu conheço?

— Não creio. É uma antiga colega de universidade.

Evitou erguer os olhos para não ceder ao fascínio daqueles incríveis olhos que tinham o poder de ler sua alma.

— Você tem sorte. No dia em que me abandonou, sua amiga foi para a Europa... Não poderia ter planejado melhor! — Fitou-a com um sorriso de provocação. — Ou você planejou?

Antes do AmanhecerOnde histórias criam vida. Descubra agora