Capítulo 7

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— Descansando. Caso não tenha notado, fiquei de pé por mais de quatro horas, atrás do balcão do bar.

— Sei o que quer dizer... — lamentou com tristeza, sentindo os pés latejarem. — O que está fazendo aqui? Este é meu quarto, e está deitado na minha cama! Achei que já tivesse ido para casa.

— Casa? — Jogou a revista sobre a cama e a encarou. — Não tenho mais uma casa. Tenho uma residência, que costumava ser um lar quando a dividia com minha esposa.

Anahi deu-lhe as costas e se sentou diante do toucador para retirar os sapatos.

— Estou exausta!

— Descanse um pouco. — ele sugeriu, indicando o espaço ao lado dele na cama.

Ao mirar o reflexo do corpo másculo através do espelho, ela concluiu que era tão tentador quanto o fruto proibido, e ainda mais perigoso.

— Não nessa vida! — respondeu com convicção.

— Por quê? — Alfonso indagou por entre uma risada. — Por fazê-la se lembrar de como nos divertimos quando voltávamos de alguma festa?

Exatamente. E se atravessasse o quarto e se deitasse ao lado dele, não havia dúvida de que fariam amor, e não sobreviveria a outra decepção.

— Não me lembro.

— Claro que se lembra! É por isso que tem medo de se deitar do meu lado. Sempre me perguntei por que era tão divertido fazer amor depois de uma festa... Talvez porque você estava relaxada e de bom humor, não acha? Tivemos nossos melhores momentos na cama em ocasiões assim.

— Por que não me deixa em paz? Já disse que não vou conversar sobre esse assunto...

— Você ainda tem a cinta-liga preta de renda que costumava usar?

Ela deu-lhe as costas, certa de que ele poderia ver através de suas roupas.

— Não.

— Não acredito. Aposto que a está usando nesse exato mo­mento!

— Não estou!

— Prove!

— Não.

Ignorando a risada divertida, ela seguiu para o banheiro, dis­posta a se afastar daquele homem o mais rápido possível.

— O que está fazendo? — ouviu-o através da porta.

— Trocando de roupa.

— Engraçado, não acha?

— O quê? Trocar de roupa?

—Não. Esconder-se para se despir. Eu já a vi nua se esqueceu? Não há um só centímetro de sua maravilhosa pele que não possa descrever em vividos detalhes.

Anahi abriu o zíper do vestido e deixou que deslizasse para o chão. Olhou para o espelho e sorriu quando seus olhos pousaram na cinta-liga. A pequena peça de renda sempre incendiara a ima­ginação de Alfonso.

— Aposto que está usando a cinta-liga! — ele gritou do quarto.

Retirou-a às pressas, com a incômoda sensação de que Alfonso possuía visão de raio-X.

— Posso imaginá-la com meias de seda...

Assustada, ela retirou as meias, sentindo-se tola por participar daquele jogo.

Tomou um longo banho para dissipar a tensão e vestiu-se com calça de moletom, camiseta e sapatos confortáveis.

— Encantadora! — ele provocou ao vê-la.

Antes do AmanhecerOnde histórias criam vida. Descubra agora