Capítulo 16

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— Não posso ir embora, Anahi. Eu amo você.

Ela parou de respirar quando a voz embargada pela emoção preencheu o silêncio.

— Amor não basta para salvar um casamento, Alfonso. — insistiu, forçando-se a não ceder. — É necessário haver respeito e com­preensão.

— Eu nunca deixei de respeitá-la e jamais desprezaria suas razões por ter ido embora.

— Mas foi o que fez durante sete meses. — ela arriscou-se a dizer, suavizando o tom de voz.

— Talvez você tenha razão. Deveria ter vindo procurá-la antes. Era o que eu queria, e não houve um só dia em que não dissesse a mim mesmo para vir buscá-la e levá-la para casa à força, se necessário. Fiquei furioso a princípio, e então, foi o orgulho que me impediu de vir procurá-la... O mesmo orgulho que quase fez com que eu fosse embora, momentos atrás.

— Você quis saber a razão por eu ter partido, Alfonso. Não fui eu quem começou este assunto.

— Sei disso, e vou desconsiderar o fato de ter me insultado ao dizer que não sou capaz de compreender.

Ele se pôs a passear pelo quarto, sustentando a mão machucada com cuidado.

— Sua mão está doendo?

— Sim, mas isso não importa.

— Por que não toma o analgésico que o médico receitou?

— Porque não quero ficar sonolento, e menos ainda cair na sua armadilha e mudar de assunto. Tenho de entender. — Deteve-se diante dela com expressão grave. — Corrija-me se eu estiver er­rado... Você não quis que fizéssemos amor naquela noite porque eu havia recebido o prêmio. Certo?

— Errado. — Ela colocou a escova sobre o toucador e se virou para encará-lo. — Não percebeu como estava orgulhosa de você?

— Foi o que achei naquela noite, mas, depois, concluí que esta­va enganado.

— Não. Fiquei muito orgulhosa, e ainda estou.

Ela se levantou e ajeitou os cobertores na cama. Tinha de se movimentar, ou receava explodir por constatar que era quase im­possível dar voz aos seus pensamentos.

— Depois de meses de um trabalho duro, quando Bom dia, Alfonso atingiu o topo no índice de audiência, fui reduzida à simples condição de Sra. Herrera. — prosseguiu com cautela, procurando as melhores palavras. — Deixei de ser Anahi Portilla, produtora, para ser um apêndice seu.

— Você é minha esposa. Não deveria ter concordado em se casar comigo se não queria ser a Sra. Herrera!

— Eu queria ser! Mas sou uma mulher, uma profissional, e não simplesmente uma esposa! Queria ser sua esposa e sua produtora, reconhecida como ambos, e não como uma bela mulher pendurada em você!

— Nunca pensei dessa forma. Sei que fui machista e possessivo, mas nunca tive medo do seu sucesso. A verdade é que sempre me orgulhei de você.

— Mas ninguém mais pensava assim.

— E foi por isso que passou a ser fria na cama? Não pelo que eu pensava, mas pelo que outras pessoas pensavam?

— Quem era eu para competir? — ela se exasperou, frustrada pela falta de habilidade de Alfonso em compreendê-la.

— Competir? Não entendo...

— Você deveria ver a si mesmo quando está no set, Alfonso. Você é uma celebridade e chama para si todas as atenções e aplausos. Quanto mais altos, melhor se sente.

Antes do AmanhecerOnde histórias criam vida. Descubra agora