Capítulo 10

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— As vezes, ainda consigo ouvir a chuva caindo sobre a copa das árvores.

O comentário de Alfonso fez com que Anahi voltasse para a realidade. Sensibilizada com as lembranças, ela se recostou na pia e fechou os olhos. Pôde perceber a aproximação dele, tão perto que podia sentir o corpo viril respondendo à lembrança daquela manhã no parque.

Abriu os olhos quando sentiu as mãos em seus ombros, pousa­das com delicadeza, mas com força bastante para evitar que se esquivasse.

— Naquele dia, queria fazer amor com você mais do que tudo, sobre as folhas que cobriam o chão. Eu a desejava tanto que meu corpo todo doía.— Beijou-lhe a nuca, deslizando a ponta da língua pela pele arrepiada. — Talvez fosse o que deveria ter feito. Não deveria ter permitido que você me convencesse a ir devagar.

Anahi suspirou e procurou todas as forças para se afastar dele.

— Era a única forma possível. — disse com voz trêmula. — Naquela ocasião, e agora. Você não pode surgir na minha vida depois de sete meses de separação como se nada tivesse aconte­cido. Necessito de espaço e tempo.

— Você já teve todo tempo e espaço de que precisava. Tanto naquela ocasião como agora, você insiste em estabelecer as regras para que eu simplesmente obedeça.

— Não se faça de vítima, Alfonso! Você nunca foi bom em obe­decer a regras.

— Mas fiz tudo que você pediu! Exigiu que nos encontrássemos apenas uma vez durante a semana, e não quis que ninguém sou­besse sobre nós. "Vamos manter relacionamento estritamente pro­fissional na emissora", você dizia. E foi o que fiz.

— Porque você sabia tão bem quanto eu que não podíamos comprometer nosso trabalho.

— Certo. Não tenho como discordar. Mas vivi semanas infer­nais até que você finalmente admitisse que me desejava tanto quan­to eu. — Ele suspirou, contendo a irritação. — Você é a mulher mais teimosa que conheço, Anahi.

— Mesmo assim, você continua sendo líder absoluto nesse que­sito. — ela o provocou.

— Talvez, mas eu soube desde o primeiro beijo que seríamos o casal perfeito, e tive a confirmação em nossa primeira noite juntos. — Ele começou a rir. — Claro que você ficou chocada ao admitir isso.

— Você está se referindo a...

— À nossa primeira noite. Sim. É exatamente ao que estou me referindo.



— Entre!

Anahi desviou os olhos dos papéis sobre a escrivaninha ao ouvir batidas à porta.

Whitney entrou no escritório da produtora com expressão preo­cupada.

— Desculpe por incomodá-la, mas estamos com um problema.

— Apenas um? — disse, sorrindo. — O que é desta vez? Não me diga que o convidado para a entrevista da segunda-feira can­celou.

— Não, mas Alfonso já foi embora, e se esqueceu de levar a matéria sobre a entrevista para estudar no final de semana.

— Ele se esqueceu? — indagou em tom cético.

Alfonso era especialista em improvisar durante entrevistas, des­prezando roteiros que ela perdia horas elaborando antes de come­çar as gravações.

— Bem, encontrei as anotações no set, mas tenho de ir para o aeroporto. Vou viajar para Palm Springs, e já estou atrasada.

Anahi apanhou as folhas com relutância.

Antes do AmanhecerOnde histórias criam vida. Descubra agora