Capítulo 4

404 36 1
                                    

Homem algum beijava como Alfonso. Sim, lembrava-se da suave pressão da língua, profunda e penetrante, como se ele fosse capaz de dar a vida para tê-la.

— Senti sua falta... — Ouviu-o sussurrar com a voz transbor­dando o desejo que o incendiava. — Não podia suportar nem mais um dia! Tinha de vê-la, Any...

E a beijou novamente, estimulado pelo gemido gutural que es­capou dos lábios úmidos. O corpo suave e feminino respondeu de forma quente e fluida, receptivo ao contato.

Sim, ela se lembrava... A consequência natural, sempre que se beijavam, era que seu corpo respondesse prontamente e se pre­parasse para o amor. Sentia a familiar onda de calor crescer em seu ventre para explodir em todos os poros. Se não parasse na­quele momento, perderia o autocontrole e acabaria se arrepen­dendo depois.

No entanto, o apelo sensual provocado pelo toque parecia ser o único estímulo registrado pelo cérebro. Forçando-se a lutar con­tra seus instintos básicos, ergueu os braços para empurrá-lo, mas as mãos entrelaçaram-se por trás do pescoço, aumentando ainda mais a proximidade entre eles.

— Não, Alfonso...

O comando não teve o efeito desejado, talvez por ter sido sus­surrado como um convite provocante. Ela se surpreendeu por con­seguir falar. Os lábios moviam-se com suavidade em seu pescoço, e a língua deslizou para o ponto mais sensível de sua nuca.

— Oh, Alfonso... Não... Por favor!

— Você ainda gosta quando eu a beijo na nuca, não é?

— Não!

— Hum... Acho que é mentira! Não confio em suas palavras, quando seu corpo me dá a resposta de que necessito.

O protesto provou que ele estava certo. As mãos moveram-se com provocante suavidade, fazendo-a arrepiar.

— Pare com isso imediatamente, Alfonso!

— Parar com o quê? Isso?

Intensificando as carícias, ele suspendeu as mechas de cabelos que caíam sobre os ombros para mergulhar o rosto nos fios per­fumados.

— Estou falando sério, Alfonso. Pare agora mesmo, ou... ou...

— Você é linda... — A voz quase inaudível provocou-lhe uma cascata de arrepios. — Não é justo ser tão bonita!

Outro beijo se seguiu, menos urgente do que o primeiro, mas infinitamente mais provocante. Sem que pudesse se controlar, Anahi pressionou o corpo de encontro ao dele.

— O que não é justo é você me prender aqui! — ela balbuciou, tentando se afastar.

— Tem razão. Vamos para seu quarto...

— Não! — quase gritou, num esforço débil para se desvencilhar. — Oh, Alfonso! O que está fazendo comigo? Eu poderia matá-lo por isso!

A risada divertida não passou de um sopro em seu ouvido.

— Como pode me culpar? Você está irresistível. Sempre me deixou louco quando usava vestido de alças.

Aquele modelo fino e elegante fora um achado, e Anahi sou­bera no momento em que o vira na vitrine da loja. O traje de corte impecável, colado ao corpo, valorizava suas curvas e a linha firme do busto.

Embora parecesse perfeito na ocasião, arrependeu-se por não ter escolhido um modelo menos ousado. Gostaria de ter algo mais consistente entre sua pele e os dedos ágeis que deslizavam em suas costas.

Por que permitia que Alfonso a tocasse daquela forma?

Porque estava fora de seu juízo, concluiu de pronto. Ela nunca tivera o poder de acionar suas defesas quando se referia àquele homem. Sempre se deixara seduzir pelas carícias inigualáveis, até o dia em que a realidade se abateu sobre sua cabeça como uma bomba. Fora por isso que o abandonara, mesmo sabendo que sua atitude seria covarde e irresponsável. Fora por isso que pagara tão caro.

Antes do AmanhecerOnde histórias criam vida. Descubra agora