Capítulo 14

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— Não me diga que você vai ao aeroporto para socorrer aquela maluca! — Alfonso censurou quando ela desligou o telefone e seguiu para a escada.

— Não me critique, Alfonso. Ela precisa de ajuda.

— Eu preciso de ajuda. Você precisa de ajuda. Nosso casamento precisa de ajuda. — ele resmungou, com ênfase na última frase.

— Nosso casamento permaneceu no limbo durante sete meses. Uma hora a mais não fará diferença.

Seguiu-a até o quarto, e Anahi trancou-se no banheiro para vestir calça jeans e camiseta, sem notar que estava manchada de sangue.

— Voltarei em um minuto... — anunciou ao sair, de tendo-se de súbito. — O que está fazendo?

— Tentando vestir minha calça. — ele resmungou, esforçando-se para abotoar o zíper com a mão esquerda.

— Não vai a lugar algum.

— Você acha que vou deixá-la dirigir até o aeroporto sozinha às quatro horas da madrugada?

— Não preciso da sua proteção.

— Seja razoável. É muito perigoso sair sozinha.

— E você quem tem de ser razoável. Se mal consegue vestir sua calça, como acha que vai ajudar se eu tiver algum problema?

— Está bem, Anahi. Fique aqui e tente me convencer. — Ele se levantou, tentando encontrar a camisa. — Mas cada segundo que você perder, deixará Whitney sozinha com todo tipo de per­vertido a ameaçando.

— Você está realmente preocupado com a segurança dela?

— Não. Estou preocupado com a segurança dos pervertidos.

Ela conteve o riso, e se aproximou num gesto involuntário para ajudá-lo a se vestir.

— Está bem. Não confio em deixá-lo aqui sozinho mesmo. Não posso imaginar o que faria enquanto eu estivesse fora. Você é pior do que uma criança de três anos de idade que tem de ser vigiada todos os segundos! — resmungou, enquanto abotoava a camisa.

— Obrigado. E, a menos que queira que eu seja preso por aten­tado ao pudor, é melhor fechar o zíper da minha calça.

O olhar de Anahi recaiu sobre a virilha, e ela umedeceu os lábios involuntariamente. Suas mãos tremiam, e agarrou o cós da calça com um gesto brusco.

— Creio que não teremos tempo agora, Anahi... — ele pro­vocou, enquanto ela tentava fechar o zíper.

A brincadeira deixou-a furiosa. Subiu o fecho com força maior do que gostaria, e Alfonso recuou um passo.

— Cuidado! Por que está nervosa?

— Não estou nervosa. Não seria tão difícil se você não usasse jeans apertados!

— Não me lembro de você ter reclamado antes.

— Não temos tempo de discutir agora.

Anahi ajudou-o a se acomodar no banco de passageiros e girou a chave na ignição do carro.

— Devo ter perdido o juízo. — resmungou para si. — São quatro horas da manhã, e estou ao lado de um homem alcoolizado, dirigindo pelas ruas de São Francisco a caminho de resgatar uma maluca!

Alfonso balbuciou alguma coisa incompreensível e recostou a ca­beça no assento, com os olhos fechados.

Avistou Whitney antes de parar o carro no estacionamento, e correu ao encontro dela.

Antes do AmanhecerOnde histórias criam vida. Descubra agora