Capítulo 15

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Anahi apertou as mãos com ansiedade quando o mestre de cerimônias anunciou que o apresentador de Bom dia, Alfonso fora eleito o melhor do ano.

Sorrindo de orelha a orelha, ele se levantou e beijou-a, seguindo para o palco do salão nobre do hotel Fairmount, e recebeu o troféu sob aplausos entusiasmados da audiência.

— Sr. prefeito, integrantes da comissão julgadora, membros da imprensa... — Ele se interrompeu para respirar profundamente, e abaixou a cabeça, com uma risada inesperada. — Isso é magnífico! Acho que aquelas ideias que conversamos na cama funcionaram, querida.

Todos riram e olharam na direção de Anahi.

E foi a última vez naquela noite em que alguém notou sua pre­sença, e menos ainda que ela era a criadora das ideias que elevaram o programa no nível máximo.

Alfonso estava sendo fotografado, e fazia piadas bem-humoradas, sendo aplaudido a cada comentário espirituoso. A presença mar­cante deixava evidente a razão do seu sucesso.

Todos pareciam ter se esquecido de que Anahi e Alfonso forma­vam uma equipe. No entanto, ele não se esqueceu. Chamou-a do palco, e todos se voltaram na sua direção pela segunda vez.

— Gostaria de lhes apresentar minha produtora e esposa, Anahi.

Ela subiu ao palco e foi recebida pelo prefeito da cidade, que tomou-lhe a mão calorosamente.

— É um prazer, Sra. Herrera. Não sabia que Alfonso tinha uma esposa tão bonita.

— Obrigado. Eu também acho.

Ele passou o braço ao redor de seu ombro com orgulhosa possessividade, sem notar a postura rígida e o sorriso estudado em seu rosto. No instante seguinte, foi chamado para outra seção de fotografias, e ficou distante durante o resto da noite.


— Puxa, que noite! — ele disse logo que entraram em casa. Afrouxou a gravata e desabotoou o primeiro botão da camisa.

Estendeu o troféu que acabara de ganhar com evidente orgulho, acariciando com o olhar seu nome e a data, gravados no metal dourado.

— É uma estatueta magnífica, não é?

— Sim. — Anahi admitiu.

Detestava-se por não conseguir se comportar de outra forma, mas estava ressentida e magoada, e sentia-se insignificante.

Alfonso não notou como estava quieta e reflexiva. Enquanto vestia pijamas, comentava sobre os demais premiados da noite, o que fora servido no banquete e as novas namoradas de artistas famosos.

Até que estivessem na cama, ele não percebeu que havia algo que não estava bem. Havia tomado muitas taças de champanhe e estava embriagado de felicidade quando a procurou sob o edredom, pronto para uma celebração privativa de seu prêmio.

Deteve-se ao ver que ela não correspondia aos seus beijos, e grossas lágrimas que molhavam seu rosto.

— Sinto muito, querido... Creio que estou cansada. Importa-se de deixarmos para amanhã?

Ele levantou a cabeça imediatamente, preocupado.

— Qual é o problema? Está doente?

— Não estou doente. — Tocou o queixo viril, e retirou a mão como se tivesse levado um choque. — Apenas não me sinto mui­to bem.

Poderia ter dado a clássica desculpa de estar com dor de cabeça, mas não quis usar o clichê.

Antes do AmanhecerOnde histórias criam vida. Descubra agora