Capítulo 3

417 40 2
                                    

— Anahi, estávamos começando a pensar que você tives­se fugido de sua própria festa! 

Ela sorriu e cumprimentou os convidados, evitando deliberadamente voltar a atenção para o bar.

— Desculpem pelo atraso. Sirvam-se e fiquem à vontade.

— Já estamos fazendo isso. E não pense que não notamos o convidado de honra que contratou como bartender.

— Estamos honrados por sermos servidos por uma verdadeira celebridade!

Relanceou o olhar para Alfonso. Ele despejava o conteúdo de uma garrafa de vinho em uma coqueteleira, com um círculo de mulheres encantadas ao seu redor. Ficou feliz por ter dito aos colegas que sua separação fora amigável. Com um pouco de sorte, ninguém estranharia a presença dele.

— Alfonso apareceu de surpresa. — disse em tom distante, perce­bendo que ele se exibia sem pudores para uma de suas admiradoras.

— Quer dizer que não o convidou?

Anahi não gostava de ser pressionada, especialmente quando sentia que estava a um passo de perder seu eixo de equilíbrio. Falar sobre Alfonso era a última coisa que desejava, e tratou de se esquivar.

— Conversaremos depois, está bem? Por favor, desculpe-me. Vou ver se Stuart ainda está na porta recebendo meus convidados.

Abriu espaço entre o aglomerado que se formara ao seu redor e dirigiu-se a Stuart.

— Obrigada, querido. Você está fazendo mais do que sua obri­gação.

— Vou acrescentar uma taxa extra à conta. As torradas estão no forno, e não me responsabilizarei se estiverem queimadas.

Ela apertou as mãos, contendo a impaciência. Antes que a noite terminasse, estava certa de que cometeria um homicídio. Tudo aquilo parecia estar destinado a acontecer, como se fosse uma provação pela qual tivesse de passar para se redimir de todos os pecados que cometera.

— Boa noite! — Saudou um grupo de quatro colegas que aca­bara de chegar. — Estou feliz que tenham vindo! Deixe-me pegar os casacos...

A seguir, recebeu com um sorriso outro grupo, e, aos poucos, a casa foi preenchida pelo burburinho alegre e animado da festa. Quando abriu a porta e se deparou com Abel Winn, o convidado de honra, o sorriso estudado se aqueceu.

— Bem vindo à festa! — cumprimentou-o com um beijo no rosto. — Feliz aniversário, Abel.

Afastou-se para dar espaço ao homem de idade indeterminada, bem vestido e elegante. Não era muito alto, mas transpirava auto­confiança e tinha o carisma de um líder nato.

— Anahi, você não deveria ter tido tanto trabalho por minha causa! — Sorriu com simpatia e esticou o pescoço para olhar o interior da casa. — Mas estou feliz que tenha feito. Adoro festas, especialmente quando são em minha homenagem.

Ela riu e afastou-se para lhe dar passagem.

— Entre e fique à vontade, Abel.

— Você não virá comigo?

— Mais tarde. Vou aguardar alguns convidados que já devem estar chegando.

— Vou esperá-la com ansiedade. — O sorriso se desmanchou, e assumiu expressão séria. — E, por falar em esperar...

— O tempo está passando, eu sei. Amanhã se encerra o prazo que você me deu.

— Você já tomou uma decisão?

— Ainda não.

— Eu esperava uma resposta afirmativa como presente de ani­versário.

Anahi disfarçou o nervosismo com uma risada que soou mais alto do que ela pretendia.

Antes do AmanhecerOnde histórias criam vida. Descubra agora