Capítulo 6

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Os lábios sensuais se moviam com firmeza, mas Alfonso não registrava o que diziam.

Avaliou os cabelos longos, brilhantes e encaracolados nas pontas. Sobrancelhas arqueadas e cílios longos emolduravam os olhos iluminados por faíscas de raiva. O nariz, bem-feito e arrebitado, e a boca de lábios carnudos pareciam ter sido desenhados por um artista.

Aquela era a mulher mais bonita e sensual com quem já havia e deparado, e se não tivesse jurado para si nunca misturar trabalho e prazer, faria o que fosse preciso para provar o fogo daqueles lábios.

— Para uma mulher de estatura pequena e delicada, você tem uma carga explosiva de dinamite! — ele comentou por fim, abrin­do um sorriso largo. — Isso vai ser interessante.

Anahi se desvencilhou das mãos poderosas, consciente de que fora bem-sucedida apenas porque aquele brutamontes permitira que se soltasse.

Abriu a porta sem olhar para trás.

— Eu o verei pela manhã, Sr. Herrera.

— Não perderei por nada neste mundo, srta. Anahi.

O som da risada seguiu-a pelo corredor e acompanhou-a durante o dia todo. Ainda tentou apagá-lo de seu pensamento, mas sabia que, uma vez que fora tocada por aquele homem, ela nunca mais seria a mesma.

— Planeta terra chamando Anahi!

— O quê? Oh, sinto muito... Eu estava...

— Como consegue sonhar acordada em plena festa? — Stuart censurou, ajeitando a mecha de cabelos que caía sobre o rosto da amiga. — Alguns convidados estão prontos para partir, e querem cortar o bolo de aniversário do seu chefe.

— Claro.

A caminho da cozinha, não conteve o impulso de olhar para Alfonso. Ele permanecia atrás do balcão do bar, preparan­do drinques. Notou que os olhos ávidos se fixaram nela enquanto se movia através da sala e, a julgar pela intensidade com que bri­lhavam, suspeitou que sabiam sobre o que estivera pensando, mo­mentos atrás...

Stuart seguiu-a até a cozinha e se preparou para acender as velas do bolo de aniversário.

— Apague as luzes da sala, sim? — pediu, empurrando o car­rinho com o bolo para a porta.

Quando ele entrou na sala de jantar, os convidados irromperam em entusiástico aplauso ao ver a espetacular obra de arte. Seguiu-se o coro com a tradicional canção de aniversário, e Abel Winn foi colocado no centro da roda para apagar as velas.

Recebeu o cumprimento de todos convidados, com as clássicas piadas sobre ficar mais velho e, depois de um pequeno discurso, voltou-se para Anahi.

— A festa estava excepcional, Anahi, e você é a melhor anfitriã que conheço. — elogiou, aproximando-se para beijá-la na testa.

Constrangida, ela se voltou para Stuart e pediu que servisse o bolo. Abel aceitou o primeiro pedaço, mas entregou-o a Anahi enquanto todos se amontoavam ao redor do carrinho para saborear a sobremesa.

O convidado de honra apanhou um pedaço para si e puxou-a para um canto reservado da sala.

— Estava falando sério, Anahi. Esta noite foi especial.

— Fico feliz em saber.

— E devo isso a você.

Ela estava consciente de que Alfonso os observava do outro ex­tremo da sala, e tentou sorrir para Abel, um tanto constrangida.

Antes do AmanhecerOnde histórias criam vida. Descubra agora