Eu estava em frente ao espelho. Não gostava do que via. Precisava segurar a boca e parar de comer chocolate, pois estava virando uma bola. Vestia uma calça preta com uma blusa de mesma cor estampada com um suave desenho azul, onde tinha uma linha de botões no centro, all star tradicional, que me deixava mais alto com sua plataforma e alguns colares e anéis básicos. Passei gel no cabelo, que ficou eriçado, brilhando, contrastando com meu rosto sem brilho, quase sem maquiagem.
— Nossa, como você está bonito! Arrasou! — Encenou Momo ao entrar no meu quarto.
— Dispenso seus comentários. Estou horroroso.
— Você está lindo! Vamos, que já estamos atrasados.
Nossos pais estavam na sala. Nossa mãe pegava a bolsa e procurava a chave do carro. E nosso pai estava sentado no sofá lendo uma revista. Fiz de tudo para não passar perto dele e encará-lo. Aquela casa era pequena demais para nós dois. O mundo era pequeno demais para nós dois. Desci e fui direto para a porta.
— Espere aí, garoto, aonde você vai? — Perguntou ele, jogando a revista de lado e esperando que eu fosse até ele.
Estava de costas e de frente para a porta. Queria entender porquê ele não me deixava em paz. Mamãe se aproximou de mim e falou quase no meu ouvido:
— Seu pai está falando com você, querido. Vai lá falar com ele.
Fiquei com vontade de dizer que não queria conversar com ele. Só que a última coisa do mundo que eu queria era arrumar confusão. Fui até o homem que me secou com os olhos.
— Abotoa um pouco mais essa camisa. — Imediatamente fui fechando o espaço onde mostrava minha clavícula até cobrir o pescoço. — E essa calsa colada? Está de cueca? — Quase tirei a calça e mostrei para ele, mas apenas abaixei um pouco o cós e mostrei o elástico da roupa íntima para que visse.
Momo usava um vestido de seda, vermelho, colado e decotado, mas ele não comentou nada. Meu pai podia enganar a todos ali, menos a mim. Eu sabia que ele fazia isso para me provocar e ao mesmo tempo alimentar suas vontades. Não podia negar que morria de medo daquele homem.
— Posso ir agora? — Perguntei, com a voz trêmula.
— Pode. Mas Momo, você é responsável por este garoto. Cuide bem dele. Não deixe ele fazer nenhuma loucura.
— Fica tranquilo, pai, eu sou a irmã mais velha. — Disse Momo, dando-lhe um beijo no rosto e me puxando para fora dali.
No carro íamos os três em silencio. Eu com vontade de falar mil palavras, mas quem falava mesmo era o rádio do carro de nossa mãe.
A viagem era curta, apenas alguns quarteirões, podíamos ter ido a pé, mas a mulher mais velha insistiu em nos levar. Então, não deu dez minutos e já estávamos na frente da casa de So Hyun.
— Às onze venho buscar vocês. — Falou nossa mãe dentro do carro.
— Meia-noite, mãe, por favor. — Pediu Momo.
— Onze horas e não se fala mais nisso. — Decretou ela, dando partida no carro e fazendo o caminho de volta para casa.
— Puta merda! Não vou conseguir fazer o que tenho que fazer em tão pouco tempo. — Reclamou minha irmã, cruzando os braços e fazendo bico.
— São oito horas ainda, dá tempo.
— Se o Seung estiver aí agora, mas se ele não chegou ainda... e se ele chegar só às dez?
— Fodeu. — Respodi, simplesmente.
Ela olhou para mim de cima a baixo. Parecia sentir pena de mim, ou coisa parecida. A minha cara era de puro desânimo.
— Anda, abre essa camisa aí, está ridículo assim. — E aproximou-se de mim e foi ajeitando minha roupa.
— Sabe o que eu não entendo, seu vestido está muito mais colado que minha calça, você está quase com os peitos de fora, sem sutiã e ele ainda vem implicar comigo.
— É que você é o caçula, ele já te pegou fumando maconha, saindo com o irmão dele, você já fugiu de casa e já mandou ele tomar naquele lugar diversas vezes.
— É que ele me irrita.
— Ele é seu pai. — Ela disse passando a mão de leve no meu cabelo. — Você podia ser mais paciente. — "Mais camaleoa" pensei comigo. — Ele é durão, às vezes dá ums petelecos na gente, mas nós bem merecemos.
— Dá última vez que ele te bateu, quebrou o seu braço. — Falei levantando minhas sobrancelhas.
— Eu mereci. — Disse ela, toda cheia de resignação. — Pior foi você que perdeu um dente e entortou outro por conta de um murro que ele te deu.
— E ainda fiquei vinte dias preso no quarto. Nem na escola fui. — Reclamei, sentido ódio.
— Quem mandou fugir de casa? Toda ação provoca uma reação. O que você tinha que fazer em Yanggu? Já sei, se encontrar com os seus ídolos, os maiores cantores de Kpop... como se eles tivessem marcado um encontro com você... esses caras já morreram faz anos.
— Pra mim eles continuam vivos.
— Está bem, não vamos discutir sobre isso, vamos esquecer esse assunto, a festa nos espera. — Falou ela me segurando pela mão e entrando para o ambiente colorido e infestado de adolescentes.
🌥
Desculpe a demora, o capítulo deveria ter saído na quarta, mas meu antigo celular faleceu e tive que comprar outro e a entrega estava uma droga
:(O capítulo está curtinho, mas na próxima melhora, ok?
Espere domingo q teremos uma nova att também. Obrigado por acompanhar. ♡♡
Até...
BẠN ĐANG ĐỌC
Doce Veneno | ʝʝҡ+քʝʍ
FanfictionNo ímpeto de seus 15 anos, Jimin amou e foi traído. Está vivo, mas prefere não estar. Como se não bastasse, o veneno que matara sua família se espalha em seu corpo. Por onde for, a morte o acompanha. E em meio as tentativas para fugir de seu próprio...