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       Parece que eles tinham combinado um encontro. Meu tio Seokjin chegou junto com as ambulâncias e a polícia. Fizeram tanto barulho que, aos poucos, as casas vizinhas foram acendendo suas luzes. Era um espetáculo e tanto para se observar, com o brilho colorido do carro da polícia, das ambulâncias e de meu tio gritando desesperado.

Eu não quis entrar na casa. A única coisa que fiz foi prender o San Ho. Depois saí e me sentei na calsada em frente ao muro de casa. Não imaginava que a coisa fosse ser toda aquela magnitude. Imaginei algo mais simples. Que meu pai ía simplesmente morrer, cair duro como um galho seco, sem fazer tanto escarcéu...

Um paramédico me viu do lado de fora e se aproximou para me dar um cobertor para que joga-se sobre o meu corpo. Pensei em dizer que não, que sentia calor, mas só então me dei conta de que estava somente usando uma camisa branca de botões e um short preto.

— Você está bem? — Perguntou ele, sentando-se ao meu lado. — A coisa parece que está feia lá dentro.

— Como eles estão? — Indaguei com o olhar perdido, a cabeça vazia e o estômago fundo.

— Veja você mesmo. — Ele respondeu, levantando-se e caminhando em direção às macas que começavam a sair da moradia.

Pensei em levantar e ir até lá, ver como eles estavam uma última vez, mas desisti e resolvi continuar sentado quietamente. Os corpos foram postos dentro de uma de duas ambulâncias e a mesma saiu em disparada levando minha mãe e irmã. Meu pai foi sozinho na outra, que o levou logo em seguida.

E quando os carros dobraram o final da rua, meu tio Seokjin veio e me levantou. Olhou-me com um olhar vermelho por chorar e não perguntou nem disse nada. Colocou-me no seu carro e fomos para o hospital. Quando chegamos, eles já haviam sido atendidos. Sentamo-nos naqueles bancos frios de corredor e aguardamos. Estava fora de mim, como se estivesse em uma outra dimensão. Voltei a mim quando senti meu estômago revirar e o que tinha dentro, ser posto para fora. Na hora em que me viu vomitar no chão, meu tio correu para chamar uma enfermeira. O homem parecia mais desesperado que tudo. Colocaram-me em uma maca e me levaram para uma das salas de atendimento. Colheram sangue, urina e tudo mais que podiam. Depois saíram e me deixaram sozinho. Acabei dormindo. Acordei com um médico me examinando. Custei para entender o que estava acontecendo.

— Estou bem, doutor?

— Aparentemente, sim. Vamos esperar o resultado dos exames.

— E a minha família?

Ele não me respondeu, ficou sério e olhou para a porta do quarto.

— Está vendo aquele homem? Ele quer falar com você. — Levantei a cabeça pensando que fosse Seokjin, mas era um homem muito mais velho que ele, de uniforme policial, cabelo de mechas loiras e que usava óculos de grau. — Se você disser que não está se sentindo bem, eu o mando embora.

— Quem é ele?

— É alguém da polícia, quer conversar com você.

Fiz cara de que iria chorar. Não podia imaginar que a polícia fosse aparecer. Olhei novamente para o mais velho na porta, ele parecia ansioso. Bastava um gesto do médico para que se aproximasse.

— Eu não sei de nada. Eu não fiz nada. — Dizia, enquanto olhava para o médico com olhos arregalados.

— Calma. — Tentou me tranquilizar.  — Ele não vai te prender. Só quer saber algumas coisas. Conversem, eu vou ficar ali do lado de fora, qualquer coisa você pode gritar, que eu coloco ele para correr, combinado?

Seu sorriso era amigável, mas eu não comfirmei a proposta e continuei a chorar. O médico notou que eu estava apenas fazendo cena e que bem podia falar com o homem. Dessa forma, acenou com a cabeça e ele se aproximou.

 Doce Veneno | ʝʝҡ+քʝʍNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ