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       Acordei com alguém batendo na porta. Levantei-me, vesti uma calsa jeans escura, rasgada propositadamente na frente, e encontrei uma camiseta branca estampada com um desenho qualquer para vestir. Logo me prontifiquei a abrir a porta para encarar dona Jiweon.

— Você está bem? — Perguntou ela, entrando.

— Estou.

— Ontem você chegou em casa com uma cara, trancou-se aqui e não saiu nem para jantar. O que o padre falou que te deixou daquele jeito?

— Nada. Acho que ele andou me abrindo os olhos para algumas questões que preciso resolver.

— Você pode dizer?

— Não. E mesmo que pudesse, a senhora já está de saída, não é mesmo?

— É mesmo. Já está na hora. Tem café na cozinha, você deve estar com fome.

— E o Jungkook?

— Está no quarto dele. Pedi para que ficasse lá até eu chegar. Não quero que o mesmo te importune.

— Mas ele não me importuna.

— Nem quero que ele saia de casa hoje. — Comentou ela, saindo e fechando a porta. Aos poucos eu começava a notar que Jungkook se tornava um tabu entre nós. Entendi claramente que dona Jiweon não queria nenhum envolvimento do Jeon, seja comigo, ou com qualquer outro mesmo que aceitasse as preferências do filho.

Voltei para a cama e fiquei preguiçosamente jogado lá. Não me sentia bem. Havia uma fraqueza no meu corpo que incomodava. Virei para um lado, virei para o outro, algo martelava na minha cabeça. Era algo que não podia evitar. Mesmo porque, já não tinha mais tempo. Levantei e fui em frente ao espelho. Meu rosto estava pálido. Escovei os dentes com uma paciência sem fim. Arrumei os cabelos sem pentear. Tirei a calsa ficando apenas com a camiseta e uma boxer preta.

Saí do quarto descalço e andando lentamente. Havia ainda um resto de dúvida que me fazia andar devagar. Passei pela cozinha. Peguei um copo e coloquei café. Havia alguns pastéis de mandu frito sobre a mesa, joguei um em minha boca. Andei até a sala e subi a escada que levava aos quartos. O primeiro era de Jungkook, estava fechado e o silêncio imperava como se não existisse ninguém ali dentro. Forçei a maçaneta. A porta estava trancada. Dei duas batidas muito leves. Ouvi o farfalhar de cobertas.

— Quem é?

— Sou eu, Jungkook, o Jimin. Podemos conversar?

— Podemos. — Respondeu ele, com a voz embaralhada.

Fiquei esperando que ele abrisse a porta, mas ela se mantinha fechada.

— Você não vai abrir a porta?

— Minha mãe não deixa.

— Abre, por favor. Gostaria de te ver. Você não gosta de mim?

— Gosto! É claro que sim! — Exclamou ele com o tom de voz um pouco nervoso.

— Então abre pra mim. — Pedi com voz serena.

Passaram-se alguns segundos que, para mim, pareceram minutos. Cheguei a imaginar que ele não fosse abrir. Mas ouvi o barulho da chave girar e em seguida a porta se abrir. Meio sem jeito eu entrei, enquanto ele segurava a entrada do lado de dentro como se tentasse me dizer que aquele lugar era proibido para mim.

— Eu vim me despedir. Hoje à tarde estou indo embora. — Falei suspirando, enquanto acompanhava o arregalar de seus olhos.

— Embora? Por que você vai embora?

— Porque tenho que ir. — Minha voz soou baixa. Estava, de alguma forma, triste. —  Escute-me, você quer me tocar?

Ele balançou a cabeça dizendo que não.

— Eu quero, mas minha mãe disse para não fazer isso, é feio.

— Não pode desobedecer sua mãe nem uma vez?

— Ela briga.

— Vamos no meu quarto.

— Também não posso sair daqui.

— Mas como ela vai ficar sabendo? — Perguntei me aproximando para segurar suas mãos grandes. Meus dedos eram minúsculos entre os seus.

Ele ficou pensativo, estático, sem dizer nada. Tentei puxá-lo pelas mãos, ele parecia uma árvore.

— Eu não vou sair. — Respondeu com olhar sério e decidido.

— Já sei. E se eu te tocasse? Sua mãe não me proibiu de te tocar. Posso te tocar?

Ele pensou, e com dificuldade disse:

— Pode.

— Mas você jura que não vai contar para sua mãe? — Jungkook virou o rosto, evitando me olhar. Com as mãos eu lhe segurei a cabeça e fiz com que ele me olhasse. — Jura que não vai contar?

Coagido, sem muita alternativa, respondeu:

— Juro.

Ao ouvir sua resposta, sorri pequeno e lhe dei um beijo por cima dos lábios bem desenhados. Ele arregalou os olhos e suas bochechas se tornaram rosadas. Fiquei nervoso de repente. Não sabia que diabos de sentimento me movia naquele momento, era bom, lembrava-me o conforto de uma brisa em meio ao calor. Mas no mesmo momento o pensamento de estar bancando um tarado maluco por sexo crescia na minha mente.

Lentamente minhas mãos correram por seus braços de poucos músculos, fiquei na ponta dos pés e deixei meu nariz se esfregar no dele, beijei sua bochecha e entre suas sobrancelhas, deslizei os dedos por entre os fios negros... Ele estava gostando. Acheguei-me um pouco mais até sentir o calor do corpo dele e pedi passagem por entre os lábios convidativos. Aos poucos ele se rendeu e envolveu minha cintura timidamente. Eu sabia que teria que tomar todas as iniciativas. Não podia esquecer que naquele momento, entre nós, havia a mãe dele. Senti-o subir o toque de suas mãos em minhas costas e aproveitei para o puxar pela camisa. O seu corpo, enfim, estava grudado ao meu. Ele era muito mais alto do que eu, o que me dava uma sensação de estar diante de uma estátua, uma parede de pedra a me proteger. Desci os dedos de seus cabelos e quebrei o beijo para alcançar o chão por inteiro. Olhei nos olhos bonitos, e disse:

— Agora sou somente teu, Jungkook.

🌥

Diante de tudo o que Jimin irá contar... esses capítulos estão até calmos. E eu já espero a hora de mostrar o que tem nas entre linhas haha *-*

Me aguardem e nos vemos no próximo domingo...

 Doce Veneno | ʝʝҡ+քʝʍNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ