O dia amanheceu maravilhoso. No meu sono intermitente vi a luz do sol surgir por entre as montanhas. Estranhamente me sentia bem. Levantei-me e, enquanto escovava os dentes, olhava-me no espelho.Fazia calor, vesti uma bermuda e coloquei uma camiseta branca bem fina e saí do quarto dando bom-dia até aos passáros. Na cozinha encontrei uma mesa com café, leite de banana, pães e bolo. Dona Jiweon estava toda bem vestida, pronta para o trabalho.
— Sente-se, Jimin, venha tomar café com a gente. — Falou ela, enquanto Jungkook puxava a cadeira para que eu me sentasse.
Sentado na cadeira peguei um pão. Sentia fome. Aquele dia parecia um dia diferente. Se não fosse, eu o transformaria e o deixaria diferente.
— Estou atrasada. Minha aula começa às sete horas, ao meio-dia estou de volta. Você não se importa em ficar sozinho com o Jungkook?
Olhei para Jungkook que me sorria com uma certa cumplicidade.
— Claro que não, eu e o Jungkook nos damos muito bem, não é mesmo, companheiro? — Falei, segurando a mão dele.
Ele concordou com a cabeça, enquanto comia uma fatia de bolo com recheio de morango.
— Jungkook, leva ele para passear na represa. Tem uns lugares muito bonitos por lá. — Sugeriu, pegando seus livros sobre a mesa da cozinha e saindo.
Terminei de tomar café. Estava naquela casa fazia três dias e me sentia como se vivesse ali há anos.
— Vamos? — Estendi a mão para que ele me acompanhasse.
Ainda era cedo e a cidade parecia acordar devagar. Apenas algumas crianças e ums velhos andavam taciturnos pelas ruas. Seguimos a antiga linha de trem da cidade depois de uma estreita estrada de terra. Era uma trilha longa onde íamos brincando. De vez em quando eu jogava uma pedrinha em Jungkook e o mesmo corria atrás de mim sobre os trilhos. Subia as pedras grandes da beira da estrada e me jogava sobre ele, com todo aquele corpo, segurava-me com a maior felicidade do mundo soltando, em seguida, uma risada gostosa de se ouvir.
Já havíamos caminhado mais de dois quilômetros. Acabei me descuidando dele e quando dei conta, o mesmo estava sentado na beira da estrada. Parecia velar algo. Voltei e aproximei-me.
Com as mãos ele acariciava uma flor do campo amarela que bravamente floresceu ali, no meio do pó, entre os trilhos e um tufo de capim. Quando ele me viu arrancou a flor com rapidez.
— Não faça isso, Jungkook. Você não devia ter arrancado a flor. — Reclamei com ele, que se colocou em pé na minha frente.
Ele me olhou com ternura, aquela que só um ser humano tem por outro. Pegou a flor e colocou-a presa entre uma de minhas orelhas e meu cabelo loiro. Fiquei surpreso com o gesto dele. Aquele menino era o anjo e eu a maldade. Não sabia o que pronunciar. Uma vez minha irmã me disse que quando não sabemos o que dizer, retribuímos com um beijo. Foi o que fiz. Pulei no pescoço dele e lhe dei um beijo bem molhado na bochecha. De novo ele ficou bobinho, como se tivesse levado um choque.
— Você me beijou de novo.
— E daí? Não é gostoso beijar?
— Eu quero te beijar. — Falou de supetão com as bochechas corando junto.
Estendi o rosto lentamente para ele, que começou um beijo desajeitado. Tomei a iniciativa de guiar seus lábios e toquei meus dedos em seu maxilar numa caricia suave até que finalizei o contato.
— Agora vamos, senão não chegaremos nunca. — Falei, pegando-o pela mão.
A represa era um espelho d'água azul. Ficava exatamente ao lado dos trilhos de trem logo mais a frente. A areia grossa e amarela dava um ar de praia ao lugar. Estava tudo deserto, não havia ninguém, a não ser eu e Jungkook. Ou devia ser muito cedo ou aquele lugar fora reservado para mim e para ele.
— É tão fria. — Exclamei, passando a mão de leve na água.
— O sol esquenta a água pela tarde e fica quentinha. — Disse Jungkook parando ao meu lado.
Senti vontade de nadar. Pensei na roupa de banho. Bem que eu podia ter uma sunga. Fiquei esperando que alguém aparecesse e aquela ideia maluca sumisse da minha cabeça; ninguém aparecia, então decidi que precisava mesmo nadar. Lentamente fui tirando a roupa. Jungkook me olhou assustado quando deixei a última peça cair.
— Vou nadar um pouco. Você vem? — Perguntei para ele, que parecia não entender bem o que acontecia.
— Minha mãe não deixa. É muito fundo aí, é perigoso morrer. Você quer morrer?
Virei-me de frente para ele e respondi com toda sinceridade:
— Quero.
Corri e joguei-me na água. Senti meu corpo gelar. Não iria me render ao frio. Comecei a dar braçadas, indo para o fundo. De vez em quando olhava para trás. Sem saber o que fazer, Jungkook pegava minha roupa que eu havia deixado no chão. Aos poucos, ele ia ficando pequeno aos meus olhos e eu me lembrei da primeira vez que entrei na água, ainda pequeno, junto com Momo. Quase morri afogado, parecia que eu tinha bebido toda a água do oceano. Depois aprendi a nadar e descobri que amava a água e a sensação de estar dentro dela. Eu bem que podia ser um peixe, daqueles pequenos e coloridos, para viver nos recifes de corais, sem família, sem amigos e sem ninguém...
Por que temos que ter família, amigos e conhecidos?
Senti meus braços cansarem. Parei e olhei para trás. Há quanto tempo eu estava nadando? Meia hora? Quarenta minutos? Uma hora? Não sabia, sabia apenas que estava distante e sem forças para voltar. Descobri ali que a volta é sempre mais difícil. Mesmo assim fui insistindo e nadando de volta. Pensei em tubarões e monstros marinhos. Não havia nenhum que me puxasse para o fundo, para que eu pudesse encontrar mamãe e Momo.
Cheguei exausto à margem. Jungkook saltitava animado. Meus braços doíam e faltava-me fôlego. Desconsolado, sentei-me na areia e fiquei tentando me recuperar.
— Você foi longe, hein? Você nada igual um peixe. — Dizia ele, enquanto imitava as minhas braçadas.
O sol estava forte, meu corpo secou sem que eu me desse conta. Levantei-me, bati a areia grudada em mim e estendi as mãos para que Jungkook devolvesse minhas roupas. Acho que só naquele momento ele se deu conta de minha nudez. Arregalou os olhos negros que corriam pelo meu corpo.
— Você já me viu sem roupas. — Falei para ele, calmo. Ele segurava minhas peças dobradas com todo cuidado usando as duas mãos. Sem saber o que fazer, ele passou a segurar os tecidos com uma única mão. A outra ele esticou e tentou tocar meus mamilos. Antes que fizesse, ele recolheu os dedos, virou-se de costas e se encolheu. — O que aconteceu, Jungkook? — Perguntei, indo até ele e ficando novamente em sua frente.
— Você está pelado. — Respondeu ele, vermelho e de olhos serrados.
— Você não gosta de me ver pelado?
— Gosto.
— Então, abra os olhos. — Ele demorou, mas aos poucos foi abrindo os olhos, um de cada vez. Não sabia onde estava com a cabeça, nem por que fazia aquilo, mas vi seu rosto virado para mim e seus olhos me devorando, então falei: — Se quiser me tocar, pode.
🌥
Feliz Natal! *-*E como meu presente para vocês, venho lançar essa att maravilhosa de DV. E sim, além desta, teremos outra neste domingo :D
Espero que tenham gostado e nos vemos em breve :)
BẠN ĐANG ĐỌC
Doce Veneno | ʝʝҡ+քʝʍ
FanficNo ímpeto de seus 15 anos, Jimin amou e foi traído. Está vivo, mas prefere não estar. Como se não bastasse, o veneno que matara sua família se espalha em seu corpo. Por onde for, a morte o acompanha. E em meio as tentativas para fugir de seu próprio...