Quando cheguei, encontrei dona Jiweon sentada no sofá. Ela estava fazendo cafuné nos fios negros de seu filho, que repousava tranquilamente a cabeça em suas coxas brancas e lisas que apareciam sob o vestido azul puxado. Ao me ver ela ajeitou o tecido de sua roupa e sorriu para mim. Já Jungkook abriu apenas um dos olhos, olhou-me e fechou-o novamente. Este parecia bastante sonolento.
- Passeando por aí? - Perguntou ela.
- A noite está tão fresca que não resisti. - Enquanto dizia aproveitei para fechar a porta de entrada da casa.
- Aqui é assim, durante o dia o calor é sufocante, mas à noite o vento que vem das montanhas deixa tudo mais fresco. Andou pela praça?
- Fui à missa. - Respondi sentando-me numa poltrona em sua frente, enquanto com uma das mãos mexia mecanicamente no crucifixo em volta de meu pescoço.
- E vejo que arrumou um crucifixo. - Como esperado, ela não deixou de comentar.
- O padre que me deu.
- Está gostando daqui?
- Estou. É uma cidade tranquila e boa de se viver.
Ao responder entramos num curto período de tempo acompanhados pelo silêncio. Dona Jiweon perguntou alguns minutos depois:
- O que você procura, Jimin?
Não demorou para que eu começasse a achar aquela pergunta estranha. Olhando meio desconfiado para dona Jiweon, ajeitei-me na poltrona de forma que os pés ficassem cruzados em posição de índio e respondi:
- Procuro um lugar para ser feliz.
- O que aconteceu com você que seus olhos são sempre tristes? Não pode contar?
- Não, acho que a senhora já tem problemas dimais.
- Você fala como se fosse um homem adulto. - Comentou dona Jiweon, tentando analisar minha reação. Percebi, então, que ela queria mesmo era me testar com tudo aquilo.
- Mas eu sou adulto, é só ver o meu corpo e...
- É isso o que eu digo. Você não fala como se fosse um garoto de dezoito anos. Conversa como se fosse um homem vivido, de mais de trinta.
- Engraçado, - Comecei a dizer sem conseguir pensar no que isso causaria. - Agora a pouco estava pensando sobre isso. Uma freira do convento onde moro costumava dizer que eu era assim, corpo de criança e cabeça de adulto. Ao contrário de seu filho: corpo de adulto, cabeça de criança.
Não sabia que ter dito tal coisa faria a expressão, sempre tão simpática, daquela mulher sumir tão depressa. Achou que eu a estava ofendendo. E não esperou para questionar:
- O que quer insinuar? Que é melhor que ele? - Suas sobrancelhas franziram e as mãos pararam de acariciar o filho.
Engoli a seco.
- Não quis dizer isso, desculpe-me. - Falei um pouco apressado saindo de minha posição para levantar e tentar me aproximar dela.
- Mas deu essa impressão.
- Foi sem pensar. - Tentei explicar, mas parecia tarde dimais para fugir de um clima complicado e desconfortável. Eu precisava mesmo controlar a minha boca para o meu próprio bem. - Acho que... vou para o meu quarto. - E fui saindo. Ela não disse mais nada.
Cheguei ao quarto com a terrível sensação de que aquela seria a noite mais longa de minha vida. Não tinha sono, nem vontade de ler ou cantar uma música, muito menos de pensar. Sentei-me na cama e suspirei olhando para a janela sem cortinas, que mostrava as estrelas em meio a noite. Derepente meu estômago começou a revirar e uma dor tomou conta de mim. Segurei minha barriga e corri para o banheiro.
BẠN ĐANG ĐỌC
Doce Veneno | ʝʝҡ+քʝʍ
FanficNo ímpeto de seus 15 anos, Jimin amou e foi traído. Está vivo, mas prefere não estar. Como se não bastasse, o veneno que matara sua família se espalha em seu corpo. Por onde for, a morte o acompanha. E em meio as tentativas para fugir de seu próprio...