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       Estávamos sentados diante da tevê, cada um com uma taça de sobremesa cheia de musse. Comíamos sem conversar. Para uma família que se esforçava em ser normal, estávamos indo bem até dimais.

— Está uma delícia, Jimin. Onde você aprendeu? — Perguntou minha mãe, colocando a taça vazia na mesa de centro feita de vidro.

— Deve ser num desses programas de culinária que passam na tevê. — Momo respondeu com a boca cheia de comida.

— Tenho que admitir, você é muito bom com essas coisas de doces, meu filho. — Falou nosso pai, também depositando a taça dele sobre a mesa. — Acho que vou abrir uma doceria para você, o que acha?

— Adoraria. — Sorri falsamente, satisfeito ao ver que todos gostaram do meu preparo. Troquei olhares com todos e continuei a dizer: —E vocês sabem que eu gostaria de arrumar um emprego? — Eles me olharam perplexos e tratei logo de explicar. — Estou cansado de ficar sem fazer nada. Acho que preciso de uma ocupação. Talvez até possa trabalhar como aprendiz ao lado do senhor, pai, na empresa.

Fiz questão de sorrir novamente. O sorriso era a chave certa para o meu plano continuar dando frutos, assim como fazer o papel de filho dócil para o homem em minha frente.

— Você só pode estar louco. — Retrucou Momo. — Já não basta estudar? A não ser que você esteja pensando em parar de estudar.

— Isso nunca! — Brandou nosso pai. — Meus filhos só vão parar de estudar depois de se formarem na faculdade.

— Não estou pensando em desistir. É que é maçante ficar só nos livros, todos os dias aqui, lendo e escrevendo...

— Mas você não gosta de escrever, querido? — Cortou nossa mãe. — Sempre achei que você seria um escritor.

— Não tenho capacidade para isso. — Suspirei e coloquei mais uma colher do musse na boca, terminando minha taça de sobremesa.

Levantei-me e tirei do bolso as balas que estavam comigo o dia todo. Peguei uma azul e entreguei para nossa mãe, a outra para Momo e a branca para nosso pai. Os três ficaram me olhando sem entender.

— O que é isso? — Perguntou ele.

— Balas de gengibre e tangerina. — Respondi, voltando para o meu lugar.

— Odeio gengibre. — Reclamou minha irmã. — Não vou querer. — E jogou a bala sobre a mesa de centro.

— Pois eu adoro balas de gengibre. — Comentou nosso pai. — Onde você arrumou?

— Na festa de ontem. — Fiz questão de o encarar para dar firmeza na fala.

— Nunca provei, mas deve ser boa. — Disse nossa mãe. — Momo, não faça essa desfeita para o seu irmão. Pegue a bala e chupe.

Nosso pai olhou e encarou as balas, ele era muito esperto e desconfiado. Um suor frio me desceu a espinha na hora em que seus olhos se voltaram para mim.

— Por que as balas delas estão embrulhadas em papel azul e a minha em papel branco?

Fiquei sem saber o que dizer. Não esperava um tipo de pergunta assim. Mas minha mãe intercedeu:

— Se quiser trocar, pegue a minha.

Meus olhos quase dobraram de tamanho. A coisa parecia estar saindo do meu controle.

— Não, obrigado. — Respondeu o mais velho, friamente, e desembrulhou a bala que estava com ele. Me senti aliviado por um instante. — A cor do papel não quer dizer nada, estava apenas enchendo o saco dele. — Virou-se para mim e perguntou: — Falando nisso, e a sua bala? Nós vamos comer e você não?

— Estou fazendo regime. E só tem três balas.

— Pode ficar com a minha. — Falou Momo.

— Não, senhora! — Resmungou nosso pai, olhando para ela. — Você vai chupar essa bala sim, largue de ser fresca. — Depois virou-se para mim novamente e estendeu a mão me dando a própria bala. — Tome, coma a minha.

Senti meu coração disparar. Acabava de perder o poder de todo o meu plano ali mesmo. Tentei não tremer o sorriso suave em meu rostos e olhei dentro dos olhos de meu pai. Naquele momento, mais do que tudo, precisava parar meu desespero que começava a crescer dentro de mim.

— Não precisa, pai.

— Sim, meu bem. Você gosta tanto dessa bala... tome, Jimin, pode ficar com a minha. — Interrompeu minha mãe, enquanto sorria ingênua para o marido.

— Puta que pariu! — Berrou ele. — Vocês fazem confusão com tudo! Comam a bala de vocês. Jimin, aceite a minha. Vamos, tome! — Exigiu.

Olhei para minha mãe e irmã, minhas mãos tremiam. Ia estendendo os dedos, quando uma ideia salvadora de Momo acabou resolvendo a situação desesperadora. Ela segurou a mão estendida de nosso pai, o olhou com jeito carinhoso e disse:

— Fique com a sua bala, pai, eu posso dividir a minha com ele. — E pegou a colher em forma de pá que usamos para pegar a musse, desembrulhou a bala, colocou-a sobre a mesa, calculou mais ou menos a metade e partiu-a. Não quebrou bem no meio e ela pegou a maior parte, jogou na boca e me passou a outra.

Nossa mãe tirou a própria bala do papel, olhou para ela que não tinha o formato convencional de uma bala comum: era comprida como se fosse um pequeno tubo.

— Diferente essa bala. O que são essas coisas brancas dentro?

— Largue de ser chata. Jiwoo, chupe a bala e pronto! Parece até que ela está envenenada. — Disse o homem mais velho, bravo, jogando a bala na boca e degustando.

— É caroço de tangerina. Está uma delícia, mãe. — Murmurei, sentindo um alívio e vendo que a minha missão estava se completando, enquanto eu pegava os papéis das balas para depois jogar na privada e dar descarga.

🌥

E não é que lançei um capítulo surpresa? O que achou? :D

Vemos que o Jimin começou seu plano, mas o que será que aconteceu para o juiz fazer uma visita? Bem, no próximo capítulo resolverei essa dúvida :)

Até domingo, e obrigado pela leitura ♡♡

 Doce Veneno | ʝʝҡ+քʝʍNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ