Capítulo 1 - De volta ao lar

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Luna.

— Aqui é Robby Keene, não posso atender agora, deixe seu recado — Foi o que a secretária eletrônica disse pela terceira vez.

— Oi Robby, eu voltei de Chicago, você não atendeu as minhas ligações e não está em casa. Já vai escurecer então eu vou para casa do papai, não posso ficar plantada na porta do apartamento até você ou a mamãe aparecerem. Amanhã eu venho te ver, tô morrendo de saudades. Te amo maninho.

Reseda não ficava longe daqui, mas era uma caminhada e tanto, ainda mais com duas malas pesadas. Pelo menos se meu pai saísse dos anos 80 e comprasse um telefone, eu poderia pedir para ele me buscar.

Acabei conseguindo um táxi. Quando eu estava morando em Chicago costumava pegar táxis, sempre sentava na frente e conversava o caminho inteiro com o motorista. Tenho certeza que os daqui são bem mais educados que os da cidade grande, mas eu não queria falar nada, não queria nem pensar.

Arrastei minhas malas até a porta da casa do papai, bati várias vezes e surpresa, ele não estava lá. Larguei as coisas no canto e me sentei no chão, aquela seria uma noite agradável se eu não estivesse morrendo de fome e cansaço, peguei no sono algumas vezes até alguém bater em meu ombro de leve.

— Você está bem? Precisa de alguma coisa? — O moreno perguntou se abaixando na minha frente.

— Preciso que meu pai chegue antes de eu morrer de fome — Ele riu.

— Sou Miguel Diaz, moro ali na frente — Ele estendeu a mão em sinal formal, eu apertei.

— Luna Lawrence — Sorri.

— Então você é filha do sensei? — Eu sorri involuntariamente.

— Como assim sensei? Tipo de karatê — Ele riu com a minha surpresa — Isso é bom, ele sempre gostou de me ensinar, mas eu acabei indo morar fora.

— Ele está reformando o dojo desde manhã, acho que vai demorar. Pode ficar na minha casa até ele chegar, tem comida — Eu não neguei uma gargalhada.

— Tá bom, mas só porque eu estou realmente com fome — Brinquei, ele me ajudou a levar as malas para a casa vizinha.

— Quién es tu amigo? — Uma senhora perguntou assim que eu passei pela porta.

— Llámame Luna, es un placer conocerte — Eu apertei sua mão sorrindo, ela me olhou surpresa, assim como Miguel.

— Você fala espanhol? — Ele me olhou sorrindo.

— Eu ia ir para o México, tive que aprender — Me sentei quando ele arrastou a cadeira para mim.

— O que você fazia? E onde morava?— Ele sentou na minha frente.

— Em Chicago, era bailarina, me mudei daqui faz uns quatro anos.

—Pero por qué no fuiste a México? — A avó do Miguel perguntou sentando com a gente.

— Acho que… não era boa o suficiente ou talvez alguém tenha arruinado a minha chance, quem sabe —  Dei de ombros e sorri — Resolvi tirar férias e vir ver minha família.

Entre ballet e karatê | CONCLUÍDO |Onde histórias criam vida. Descubra agora