Agonizando...

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InuYasha POV

Era pecado sentir inveja?

Eu sorria para todos ao redor, tentando esconder o que sentia de verdade. Inveja. Haviam se passado alguns meses desde que o poço se fechou e tudo o que eu mais queria, era sentir a mesma alegria que os meus amigos sentiam agora.

Quando me tornei tão invejoso?

Miroku e Sango se casaram na primeira Lua Cheia do mês seguinte. Alguns aldeões alertaram o casal de que noite de Lua Cheia trazia uma vida abundante, cheia de bênçãos. Crianças. Uma casa cheia de pequeninos era o que os aguardava agora. Sango estava no quarto mês de gravidez e pelo que a velha Kaede falava para os meus amigos, provavelmente seria: ou uma criança muito robusta, ou então, estavam esperando duas crianças. Gêmeos.

Sango não conseguia mais ajudar nos extermínios, por que sua barriga realmente já estava muito maior do que qualquer outra grávida que eu tinha visto.

- "Maldito monge! Aproveitou bem a Lua Cheia." – pensei e revirei os olhos.

- InuYasha? – Miroku interrompeu meus pensamentos e acenou com a mão na minha frente.

- O que foi? – disse mau humorado.

- Agora que estamos sozinhos... – sentou-se em uma pedra, tirando o grande chapéu que cobria sua cabeça do sol escaldante, eu continuei de pé o olhando. – Devo lhe falar que venho percebendo há um tempo que está muito quieto.

- Keh! Aquele youkai bateu na sua cabeça, é? Eu nunca fui de falar mais que o necessário. – torci a boca. – Por que essa implicância agora?

- InuYasha... Você já conversou com alguém sobre o que houve naquele dia?

Seu olhar pesou como um mundo inteiro em minhas costas e eu fechei meus olhos. Era a oitava vez que ele me perguntava sobre isso desde que o poço se fechou e eu simplesmente fugia da conversa todas as vezes. Antes eu sempre tinha uma desculpa qualquer: um youkai que aparecia bem na hora e eu descontava minha ira; Shippou me irritando na hora certa, fazendo-me ter um bom álibi para fugir do assunto; Myouga aparecendo e me mordendo bem no nariz, tirando a concentração do meu amigo do que ele havia me questionado. Mas, dessa vez eu e ele estávamos completamente sozinhos enquanto retornávamos de um extermínio.

- Não há o que conversar. – abri os olhos e soltei o saco de arroz ao chão, de modo que não estourasse, já que o havíamos recebido como pagamento do serviço. – "Eu apenas não quero... Conversar." – admiti mentalmente.

- Não pode segurar suas dores dentro do peito por muito tempo, InuYasha. – falou e eu o fitei. – Elas podem te ferir ainda mais.

- Miroku... Vamos logo, já vai anoitecer. – "Covarde... Ele é seu melhor amigo. Conte à ele!" – me preparando para pegar o pagamento feito em arroz do chão.

- Não vou enquanto você não se abrir comigo! – ralhou, era raro vê-lo tão irritado.

Tive que cuidar para minhas garras não perfurarem o tecido de juta e deixar escapar por seus furos os grãos daquele alimento, respirei fundo e fechei os olhos.

- Miroku... – sorri de forma falsa e ele arregalou os olhos. – Vamos logo. – meus olhos estavam quentes. Não como se eu fosse me transformar... Eu apenas, não queria chorar na frente dele. Mas estava terrivelmente complicado manter elas omissas.

- InuYasha... – ele levantou-se e foi até meu lado. Eu fechei meus olhos e abaixei a cabeça. – Tem algo mais que te incomoda, não é?

Aquele foi o estopim. Eu não queria tocar no assunto! Porém, Miroku era muito assertivo em suas formas de abordagem. Ele parecia um médico que cuidava de nossos pensamentos.

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