Inevitável

Recomeços

InuYasha Pov

Se eu pudesse contar nos dedos quantas vezes eu tive a chance de recomeçar com essa vida que levo, posso pensar em preencher talvez uma das mãos, ou talvez eu repense isso e pense que são inúmeras a ponto de me faltar mãos para contar... Outras chances me foram dadas no decorrer dos dias vividos. Isso é certo.

Acho que quando foi cravada aquela flecha em meu peito, foi uma chance. Na verdade, quando fui preso à Árvore Sagrada em vez de ter sido morto, foi me dada a primeira oportunidade de iniciar um novo futuro.

Eu não sabia ainda o quão grandiosa seria essa flechada em minha vida e quanto ela me mudaria, moldaria e me amadureceria. 

Lembro que ao acordar, vislumbrei a mesma floresta, mas um cheiro predominava os arredores. Inesquecível. 

Quando pensei que apenas tinha despertado de um breve sono, do que achei que haviam sido somente algumas horas ou talvez minutos, eu me deparei com alguém além de uma Era inteirinha bem na minha frente... Aflita, suja por estar fugindo daquela youkai centopeia horrorosa e... sei que na hora o cheiro era muito familiar e parecido com o dela. Sei também que sentia tanta raiva dessa pessoa que achei que jamais iria curar esse sentimento no meu coração mestiço.

No entanto... Ah! Quando vi que estava errado... quando dei por mim que não se tratava da mesma pessoa, o Universo pareceu se expandir ao meu redor. E isso demorou mais que algumas horas. Demorou mais que alguns dias para acontecer. Na verdade, levei meses para entender de fato o que eu sentia por aquela nova chance.

Já não estou falando mais de acordar de um período de 50 anos. Mas falo de um período ainda mais canônico na minha vida. Falo de amar alguém que de fato vale cada gota de sangue no meu corpo. E para minha felicidade, eu me casei com esse alguém ontem.

Agora enquanto ela dormia desprovida de qualquer roupa, com meu cheiro e o dela totalmente misturados, cansada da nossa noite e dia de núpcias, eu me deleitava com as lembranças da nossa festa. 

~~

Eu tive mesmo que ouvir um verdadeiro griteiro do Monge, aquele pervertido. Queria enfiar um murro na sua cara, mas minha mulher não permitiu isso.

Dei-me por vencido e apenas voltei o olhar para ela.

— "Como ela está linda..." — meu estômago chegava a se revirar com tamanha emoção ao ver a alegria que ela esbanjava. — "Minha Kagome... Tão alegre e linda. Mal posso acreditar que ela está mesmo casada... comigo!"

— Venha, InuYasha! Vá e dance com sua esposa! — Sango chamou-me do lugar distante que me encontrava mentalmente e apontou para Kagome.

— Eu não sei dançar. — Falei arisco. Ela sabia bem disso! Eu não dei um mínimo passo no casamento dela e do Miroku. Eu sempre fui tímido nessas situações!

— Mas você tem que dançar, afinal é o seu casamento e todos esperam por isso! — afirmou, botando pressão e me deixando ainda mais arisco e tímido. Sango sabia como dar uma de mandona também.

— Eu já disse que eu — Fui interrompido.

— Vamos InuYasha! Não precisa ser nenhum pé de valsa! — Kagome emendou — Vem dançar comigo? — piscou os olhos — Por favor? — e eu fiquei sem saber como dizer não. Afinal, minha mulher quem me chamava agora e com esse olhar, apelativo e que quebrava qualquer estrutura firme que eu havia tentado construir até então.