MAVI
— Então você tá me dizendo que tá conseguindo receber o perdão do Lennon?
A doutora Brenda perguntou e eu suspirei assentindo.
— Pelo o menos a gente tá conseguindo viver tranquilamente. A gente tá bem próximo na verdade! — Comentei não evitando sorrir.
— E você pode me dizer o que sente com tudo isso?
Suspirei mentalizando.
— No começo eu achei que não ia dar certo, e nem tava dando. Mas com o tempo a gente foi se acertando, se ajustando, e cara... Eu não lembro o quanto eu ri tanto, quando tô com ele. Tipo, por mais que eu tenha meus amigos, meu pai... Eu não consigo ser tão eu com eles como sou com o Lennon, sabe? — Questionei e ela assentiu. — Esses dias atrás eu mandei mensagem pra ele dizendo que queria comer pastel, e já era madrugada. Ele deu a ideia da gente ir no mercado vinte e quatro horas. Passamos a madrugada toda comendo pastel caseiro assistindo campeonato de futebol na televisão. E esse é só um dos momentos bons que eu tenho vivido nas últimas semanas.
Sorri ficando em silêncio.
— Eu acho que o perdão dele me restaurou. — Dei de ombros e ela assentiu.
— Eu entendo completamente, mas agora quero ouvir você dizer um pouco sobre sua família. — Ela deixou de lado o caderninho e me encarou curiosa.
Respirei fundo.
— Você sabe que minha única família é o meu pai, mas se estiver querendo saber sobre a Márcia... Pra mim ela morreu! — Abaixei a cabeça um pouco tentando controlar minha irritação.
— Porque?
Eu sabia que ela ia perguntar.
— No aniversário do meu pai, ela foi escrota e racista com o Lennon. E eu imaginava e esperava tudo dela, menos isso... — Disse remoendo tudo aquilo dentro de mim.
— Mavi, isso é um assunto sério e pro que você me diz sobre sua mãe, não duvido de uma vírgula. Mas o que te aflige nisso tudo é mais o racismo praticado pela Márcia ou ver seu ex namorado sofrendo com o crime? — Ela fez a pergunta que abriu a minha cabeça.
Era óbvio que era completamente repugnante descobrir que a mulher que me pariu é uma racista filha da puta, mas não me revoltou apenas, me doeu. Doeu como se tivessem me machucado fisicamente. E eu nem tinha motivos pra sentir isso por ela, mas sim pelo Lennon. Todo meu sofrimento foi por ele.
— Agora pensando, é uma balança. Eu sinto raiva, muita raiva por ela ser uma racista de merda. Mas me dói por ter visto o Lennon sofrer com isso. — Suspirei.
— Mavi. Eu trabalho aqui com seriedade, e o que eu vou dizer aqui pode parecer engraçado, mas é bem sério na verdade. — Ela tirou o óculos pra me encarar melhor. — Desde que você me disse que o Lennon voltou pra sua vida, nossas conversas tem sido baseadas nele. De alguma forma você consegue dar a volta em um assunto para chegar nele. E diante de tudo que você disse só me mostra que, todo esse tempo você não sente só culpa pelo término, você se sente arrependida! Da pra ver seu desejo em querer voltar e fazer diferente. Mas com certeza o diferente que faria não seria terminar com cautela, acho que você não romperia com o Lennon.
Precisei de um tempo pra refletir o que ela disse, e mesmo assim, não entendi absolutamente nada. Era informação demais!
— O que quer dizer com isso? — Perguntei pedindo por um resumo.
— Você tá inconscientemente apaixonada, e é normal quando se sente culpada ou arrependida por um ato passado.
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nada é pra sempre | L7NNON
Fanfictionnada é pra sempre. Nem mesmo a gente, Maria Vitória. . . início: 25 de fevereiro [2021] às 01:12 fim: 31 de março [2021] às 15:20