MAVI
E cá estou eu. Contando como tenho me sentido a semana inteira, e devo admitir que tava me sentindo melhor só por desabafar.
— Tá agora vamos falar sobre como se sentiu em relação a mãe. — Ela disse.
Suspirei.
— Me senti mal como sempre. A Márcia tem uma energia péssima, que eu não consigo chegar perto dela sem me desmotivar. É como se a ruindade dela fosse radioativa.
Fui sincera.
São duas horas de terapia intensiva e eu ainda tava em uma hora. Isso tava me deixando a vontade pra desabafar detalhadamente.
— Mavi. Todas nossas sessões você muda a opinião sobre tudo, e é normal pra sua evolução. Mas a única pessoa que você não muda a opinião desde a primeira consulta é da sua mãe. Você sabe de onde vem todo esses sentimentos? — Ela perguntou.
Precisei pensar bastante.
— Eu não sei de onde vem, mas eu sinto desde sempre, e eu nunca tinha parado pra pensar nisso. — Falei pensativa ainda.
— Então faça isso por essa semana. Tente lembrar de onde veio a repulsa pela tua mãe, e se não achar uma resposta, está tudo bem! Nem tudo precisa de uma solução. — A Doutora me aconselhou. — Agora vamos falar do ocorrido com o Lennon.
— Tudo bem... — Suspirei. — Hum... Eu me senti má. Uma mulher muito má mesmo! E eu nunca fiquei assim, apesar de sempre ficar pensativa. Eu tive a sensação de dever alguma coisa pra ele, entende?
Ela assentiu anotando alguma coisa na prancheta.
— E o que você fez exatamente pra ser alguém má com ele?
Isso eu não precisei pensar muito pra responder.
— Eu terminei com ele há três anos atrás. — Respondi.
— Isso não seria normal?
Dei um riso nasal.
— A gente se relacionou por dois anos. Foi algo muito intenso. Por mais que diferente um do outro, nos dávamos maravilhosamente bem. — Suspirei lembrando. — Mas depois de um tempo a gente começou ter caminhos completamente diferentes. Eu tava sempre trabalhando, e ele viajando em campeonatos de skate. E nunca fomos apegados um no outro sabe? Mas eu comecei a não sentir saudades dele. E não era normal eu não querer ver ele sempre, mas aí foi desabrochando. Quando a gente se via parecíamos forçados. Eu fui sincera com ele em dizer que tava ficando chato. A gente tentou viajar juntos, dar um tempo nas nossas atividades. Mas não funcionou. Aí a gente voltou pro Rio e eu me senti sufocada em algo que eu sempre prometi pra mim mesma que não estaria. Em um relacionamento parado, sem paixão. Acabei decidindo ir embora.
A doutora me encarava atenta.
— Eu disse que iria embora pra ele. Lennon não aceitava. E eu talvez tenha sido fria. Aí passaram os anos, e a gente se reencontrou há poucos dias. Ele namora uma mulher incrível e eu me dou muito bem. Mas ele... Ele sempre fica na defensiva comigo, e anteontem ele disse olhando nos meus olhos que eu fui a pior pessoa da vida dele.
Desabafei detalhadamente e ela ainda me encarava pensativa.
— E como se sente com isso? — Ela perguntou como sempre.
— Me sinto uma pessoa péssima. Sempre tive a noção de que eu não era o que ele queria. Lennon sempre quis uma mulher sensível, que se declarasse pra ele sempre, e eu nunca consegui dizer que amava ele. — Abaixei a cabeça.
— E porque?
— Eu não sei. Nunca disse que amava nenhum namorado meu. Na verdade nem meus amigos eu digo que amo. — Suspirei. — Mas eu tento demonstrar sempre os meus sentimentos com atitudes sabe?
Ela assentiu.
— Você gosta de alguma forma do seu ex?
Assenti sem receio.
— De todos eu trago um carinho. Com o Lennon não seria diferente. Sou amiga de todos até, menos dele. — Falei.
— Acho que você precisa tentar conversar com ele. Ser franca. — Ela falou retirando os óculos. — Tente se reaproximar. Acho que você só vai se sentir mais leve se conseguir mudar esse papel na vida dele. Mas se não conseguir, se alivie também e saiba que você fez o que estava ao seu alcance.
Assenti.
Eu sei disso que ela estava falando. Mas não tenho a mínima ideia de como fazer isso.
— To vendo a confusão no seu rosto agora. — Ela riu. — Mas com o tempo você vai conseguindo, não precisa ser de imediato.
— Acho que entendi.
Suspirei. Apesar de mais leve, ainda faça-me sentindo culpada pra caralho.
Não tinha ideia de como começar isso.
$.$
Hihihi
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nada é pra sempre | L7NNON
Fiksi Penggemarnada é pra sempre. Nem mesmo a gente, Maria Vitória. . . início: 25 de fevereiro [2021] às 01:12 fim: 31 de março [2021] às 15:20