nada é pra sempre | L7NNON

•É um começo.•

MAVI

— Na verdade eu preciso de você aqui.

  Falei no telefone com o Bernardo.

  Eu tava fechando os últimos ajustes da ficha do Lennon, mas ainda faltavam bastante informações.

— Beleza. Vou levar ele, aproveitando que ele já tá aqui.

  Suspirei.

— Tudo bem! Vem rapidinho tá?

  Desliguei o telefone e comecei separar o que o Lennon tinha deixado pendente.
  Hoje eu não estava no meu dia. Acordei atrasada, não tive tempo nem de almoçar. Mas nada me deixava mais preocupada com a tal cirurgia da Carol. E por mais simples que fosse, queria estar lá com ela, e não separando os papeizinhos que o Lennon não soube seguir corretamente.

  Depois de dez minutos o Bernardo e ele entraram na sala da administração.

— Bom dia! Você não assinou esses papéis. Assina por favor? — Pedi colocando a caneta em cima de algumas folhas.

— Vai precisar de mim aqui? — Bernardo pergunto.

— Se o Lennon está aqui, não. — Falei o óbvio.

  Bernardo ergueu a mão em rendição e saiu da sala.

  Lennon não dirigiu a palavra a mim, e por mais que estivesse querendo uma reaproximação, não acho que agora é um bom momento.

  Foquei a minha atenção no computador de novo, mas antes prendi meu cabelo com a caneta. Estava incomodando.

  Dei os primeiros dígitos do cadastro antes do Lennon me chamar a atenção.

— Cê ta bem? — Ele perguntou... Preocupado?

  Enruguei o cenho.

— Porque não estaria? — Mantive a atenção nele.

— Eu te conheço e sei que você tá preocupada. — Ele disse dando de ombros.

  Continuei encarando ele, por mais que seus olhos estivessem focados nos papéis.

— Não estou fazendo nada demais. — Falei.

  Voltei a digitar no computador quando reapareceu o código de confirmação.

— Sua perna tá inquieta, suas sobrancelhas franzidas e você amarrou o cabelo. — Ele disse simples enquanto ainda tava lendo.

  Parei de teclar novamente pra encarar ele.

— Isso não quer dizer muita coisa. — Dei de ombros.

— Mas eu te conheço Vitória. — Ele colocou a caneta em cima do papel. — Você fazia isso sempre que acontecia alguma coisa. Tu ficava preocupada aí prendia o cabelo na caneta, a perna era o que me deixava sempre irritado.

  Ele levantou e eu não consegui dizer nada. Por mais que minha vontade fosse de brincar ou devolver a análise. Mas quando eu vi ele já tava na porta.

— E eu perguntei por educação. Agora somos colegas de trabalho.

  Ele disse sério, mas logo saiu da sala.

  Suspirei deslizando pela minha cadeira. Não sei porquê eu fiquei surpresa do Lennon saber essas coisas, ele é observador e sempre pegou isso ao seu favor.

Neguei com a cabeça tentando voltar com a concentração.

...

  Deu meu horário e eu iria direto pro hospital.

  Já tava na recepção quando escuto alguém me chamar de longe.

  Procurei, mas não vi ninguém. Segui o meu caminho, mas o grito ficou mais alto.
  Dessa vez eu virei diretamente na direção da voz, e me surpreendi ao ver o Lennon.

— Tu tava esquecendo sua bolsa, pô. — Ele estendeu.

  Peguei com um pouco de receio. Desde quando ele é gentil assim comigo? Não que eu esteja reclamando, mas tava estranho até, do nada.

— Ahm. Obrigada? — Mais perguntei do que agradeci.

— Tá tudo bem mesmo? — Ele perguntou cruzando os braços e me encarando desconfiado.

— Tá perguntando por educação ou por que realmente quer saber? — Também cruzei os braços. Semicerrei os olhos na direção dele que suspirou.

— Você esqueceu sua bolsa, tá sem concentração. Tá óbvio que tá pegando alguma coisa. É com o Vitor? — Ele perguntou parecendo preocupado.

  Neguei suspirando.

— Carol foi operar dos ovários, tô só preocupada. — Admiti. — E obrigada pela bolsa!

  Lennon assentiu.

— Melhoras pra Carol. — Ele sorriu de lado e eu pela primeira vez em anos vi o sorriso dele. Por mais que um sorriso amarelo, era um sorriso!

  Suspirei e dei as costas pra ele, depois de assentir como cumprimento.

  Eu não tinha ideia do que aconteceu com ele, mas torço pra que siga assim por um bom tempo.

  É um começo!

$.$

Eu não teria a paciência da Mavi. Eu sou curiosa.

Capítulo chocho esse hein.