O sol aos poucos ia descendo no horizonte, Inês e César estavam ainda no jardim das rosas, ao ver César a revelar-lhe o seu passado, seu olhar naquele momento eram bondosos, lembrou-se de vê-lo no corredor com Heitor e de ouvir parcialmente a conversa.
- Houve um dia que eu ouvi tu conversares com Heitor – disse Inês respirando fundo, César pareceu surpreso por um momento. Depois sorriu.
- O que tem? – indagou seu olhar da cor de mogno estava posto em Inês, a rainha não queria perguntar, mas precisava de ouvir da boca dele para ter mesmo a certeza do seu verdadeiro propósito.
- Vieste ter comigo para me usar? – Inês encarava para César com os olhos cheio de receio e seu coração palpitava como motor.
- Eu não nego isso – César fez uma pausa e começou a falar lentamente como se estivesse a escolher as palavras com cuidado, a garganta de Inês estava seca, o silêncio parecia não acabar. Responde-me! A mente de Inês estava a mil, César olhou para Inês e sacudiu a cabeça para o lado – Para ser sincero, só entrei nisso porque eu e Heitor temos objetivos em comum. Porque no fundo, eu nem queria isso. – disse César, Inês soltou a sua respiração, quando apercebeu-se que havia prendido sua respiração.
A rainha levantou-se do banco, César olhou-la com uma de suas sobrancelhas elevadas, não compreendendo o comportamento de Inês. Inês encarou-o de cima, em sua mente surgia uma dúvida. Estaria ele a dizer a verdade?
- Eu não acredito em ti – disse Inês encarando César, o homem apenas sorriu.
- Heitor e eu somos iguais – disse encostando suas costas no banco e pousando o seu braço por cima do descanso de costas, cruzou sua perna e com um sorriso nos seus lábios.
- O que queres dizer com isso? – indagou a Aragão confusa.
- Nós somos ambos estranhos. Eu suponho que seja por isso que nós ajudamos um ao outro todo esse tempo. No fundo ele não é uma pessoa má, deve ser por isso que acabei por apaixonar-me por ele – terminou fazendo uma breve pausa, Inês olhou para César por um momento, os olhos de ambos se encontraram – Hélder é o herdeiro da Casa de Ouros. Por isso Heitor não tem estatuto nenhum – explicou César, Inês já havia ouvido aquela história várias vezes – Heitor não quer isso... – foi interrompido.
- Então o que ele quer, afinal? – foi a vez de Inês de pronunciar, parecia que até César estava a manipulá-la.
- Por vezes as pessoas fazem coisas estúpidas quando estão desesperadas. – terminou, levantou-se arrumou os seus materiais de pintura e com cuidado pegou na tela com a pintura fresca e ignorou a rainha saindo do jardim das rosas.
A noite chegou mais depressa do que Inês pensou, estava no seu quarto sozinha, pediu para Pedro para passar a noite sozinha, visto que queria naquela noite pensar em muita coisa, o seu pensamento era preenchido por César, porquê as suas mudanças de comportamento, estaria ele a dizer mesmo a verdade, ou aquilo seria apenas uma armação para Inês morder o isco. A rainha caminhou para a varanda, ela dali via o pátio com uma fonte a transbordar a sua água, a luz da lua iluminava os arredores num azul pálido, as folhas das árvores brilhavam feito pirilampos consoante o vento assoprava. Inês estava completamente perdida, cada vez menos ela compreendia aquele mundo e as pessoas de lá.
- Sua Majestade? – uma voz masculina pronunciou-se vinda debaixo, Inês olhou para baixo da sua sacada e viu Hélder a encará-la, o seu cabelo loiro parecia brilhar na escuridão, ele não usava a cartola como do costume.
- Hélder?! – pronunciou Inês não acreditando por ver Hélder àquela hora.
- Sua Majestade não fale muito alto – repreendeu o comportamento da rainha, Inês ficou levemente envergonhada.
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Rainha Impostora
Romansa[Concluída] País das Maravilhas, um mundo criado por Lewis Carroll. Mas será que é mesmo um mundo fictício? Inês de Aragão, uma miúda de vinte anos, vai numa viagem a Inglaterra. Eventos inesperados levam Inês a vaguear por um mundo estranho. Aconte...