Capítulo 7

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"Ele disse: "Não tenha medo, você, que é muito amado. Que a paz seja com você! Seja forte! Seja forte!" Ditas essas palavras, senti-me fortalecido e disse: Fala, meu senhor, visto que me deste forças." (Daniel 10:19)

Quando o chão parou de tremer e as explosões cessaram, os pássaros continuaram voando desenfreadamente e as folhas continuaram pairando no ar

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Quando o chão parou de tremer e as explosões cessaram, os pássaros continuaram voando desenfreadamente e as folhas continuaram pairando no ar. Lá no declive, Hansuke soltou a mão do braço de Anastasia e puxou o outro braço que lhe abraçava na cintura por baixo do corpo dela. Sentou-se, respirando fundo.

Ela finalmente tirou as mãos das orelhas, apenas para perceber que aquilo não havia ajudado em nada. Um zunido dolorido, agudo e alto demais bloqueava todos os outros sons.

Ela se sentou. Hansuke se virou para falar algo, mas ela apenas viu sua boca mexer. Não conseguiu ouvir nada. Aos poucos, conforme a adrenalina abaixava, ela pôde finalmente começar a receber sinais de seu corpo: finalmente percebeu as dores do lado esquerdo, o qual havia batido no chão quando eles se lançaram no declive. A pele de seu rosto repuxando, em sinal de que as lágrimas que ela nem percebera caindo haviam secado sozinhas ali.

Quando o zunido de seu ouvido começou a sumir, conseguiu voltar a ouvir os cantos dos milhares de pássaros. Finalmente, virou-se para a direção da cidade: vários focos de fumaça subiam até o céu.

Abaixou o rosto, o choro voltou. Ela fechou as mãos em torno da grama, segurando com força e arrancando algumas folhas do chão, prendendo terra e grama nas mãos e sob as unhas, refreando os soluços de choro. Estava com toda espécie de sentimentos ruins: raiva, dor, tristeza, medo, ansiedade, confusão.

— Anastasia — sentiu ele segurar seu braço. — Precisamos ir. Agora.

Ele a ajudou a se levantar. Ela soltou a terra e as folhas, deixando-se ser guiada na direção de onde tinham saído.

— Isso é um crime de guerra — ele começou. — Não se pode bombardear hospitais. Mas se eles já fizeram isso, também pode haver alguma tropa por aqui.

Dito e feito. Logo quando terminou de falar, viu ao longe, um soldado. Hansuke imediatamente levou a mão à boca dela, tapando, e fez sinal de silêncio com a outra mão, em seguida apontou para o soldado armado.

Ela engoliu em seco e, encarando-o com preocupação, assentiu. Ele então segurou o pulso dela e se abaixou, caminhando o mais silenciosamente que conseguia e levando ela consigo.

Eles caminharam por muito tempo para longe do soldado, da cidade e dos abrigos. Da cidade porque era o claro alvo e dos abrigos pois estavam na mesma direção do soldado — e seus prováveis companheiros.

Foi mais de meia hora de caminhada em absoluto silêncio entre os dois, até que chegaram à praia. Hansuke guiou-a para dentro de uma caverna pouco chamativa na divisão entra floresta e praia, com a entrada virada para o mar. Assim que entraram, ele soltou o pulso dela e pegou um candeeiro anteriormente deixado ali por ele mesmo. Iluminou caminho adentro da caverna e, de trás de grandes rochas ao lado da parede direita, puxou armas. Mais precisamente, duas pistolas e um rifle Arisaka tipo 44.

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