Capítulo 20

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"Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração." (2 Coríntios 3:3)

No restante do inverno, a neve não voltou a cair como naquela noite praticamente milagrosa em que nevara após dez anos — porque nem o tempo e nem o mundo pararam

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No restante do inverno, a neve não voltou a cair como naquela noite praticamente milagrosa em que nevara após dez anos — porque nem o tempo e nem o mundo pararam. Na verdade, três dias após a partida da primeira equipe japonesa, a nova chegou. Os meses se passaram, o inverno terminou e a primavera chegou.

Na terceira semana de primavera Nasia caminhou até o penhasco em que estivera com Han. Antes de chegar ela já podia sentir o perfume das flores, eis que o vento que soprava em sua direção trazia consigo todo aquele cheiro refrescante, doce, gentil e querido de muitas flores misturadas.

Quando ela passou da estrada de terra para vegetação, seu sorriso se abriu involuntariamente. Flores das mais diversas espécies se espalhavam por todo o local. Era um espaço de quase quinhentos metros quadrados cheio de flores e gramíneas, fazendo daquele um jardim deleitoso e harmônico, apesar de pouco organizado. As flores estavam todas misturadas em uma explosão de cores que ia do lilás ao amarelo, do azul ao vermelho, do rosa ao verde, do branco ao laranja.

As lavandas aqui e ali adornavam o local belamente, enquanto as pequenas florezinhas brancas entre as grandes e coloridas equilibravam perfeitamente a paisagem. Era um jardim belíssimo, esplêndido, infinitamente de tirar o fôlego.

Haviam feito um maravilhoso trabalho juntos. Ela ainda se lembrava em como era aquele jardim antes dele: não era jardim coisa alguma, era um local de charneca cheio de espinhos e arbustos mortos. O verde dali era sempre escuro e a terra marrom estava quase sempre à mostra sob o céu cinzento. Agora, sob o céu azul, o verde era vivo e reluzente e havia tantas cores quantas podem existir.

Ela suspirou e caminhou para o meio das flores, arrastando a barra do vestido branco na grama e nas flores menores. Deitou-se bem no meio, olhando para cima, para o céu azul. As flores à sua volta cobriam-lhe a visão para os lados e tudo que ela via era verde ao seu redor, cores nas pontas dos caules e o azul do céu acima.

O vento agitava as plantas e o mar, fazendo com que o silêncio fosse quebrado apenas pelos sons das flores e da grama roçando umas nas outras, além das ondas do mar se quebrando lá embaixo.

O cheiro de vida e frescor lhe garantiu a calma para fechar os olhos e sentir a terra gelada sob suas mãos. Quando abriu os olhos novamente, viu uma borboleta voando quase acima dela. Pousou em uma flor bem ao seu lado, parando de bater as asinhas laranja.

Nasia sorriu com aquela visão e esticou o braço, dando-lhe o dedo indicador. Colocou o dedo bem ao lado da flor e aguardou quase um minuto inteiro, até que a borboleta deu alguns passinhos para o lado e subiu em seu dedo.

Nasia sorriu largo, trazendo a borboleta para seu campo de visão e colocando-a contra o céu azul. Conforme as patinhas se moviam no dedo dela, fazendo minúsculos pontos de pressão, ela caminhava pelas mãos de sua nova amiga.

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