Capítulo 15

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"O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;" (1 Coríntios 13:8)

Depois daquele dia, sempre que Han conseguia frequentar aos cultos, sentava-se ao lado de Nasia e Narumi — essa sempre com sorrisinhos aqui e ali para os dois, que tentavam ao máximo não perder a paciência ou sucumbir à vergonha e aos rubores caus...

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Depois daquele dia, sempre que Han conseguia frequentar aos cultos, sentava-se ao lado de Nasia e Narumi — essa sempre com sorrisinhos aqui e ali para os dois, que tentavam ao máximo não perder a paciência ou sucumbir à vergonha e aos rubores causados. Conforme os dias e as semanas foram passando, Han e Nasia tornaram Polly's Bakery seu ponto de encontro oficial. Duas vezes por semana, em dias soltos, sentavam-se sempre naquela mesma mesa, conversando sobre os mais variados assuntos.

Os assuntos mais recorrentes, teologia e cultura japonesa, eram os que mais despertavam o interesse de Nasia — e talvez justamente por isso fossem os mais recorrentes. E foi assim que dezembro terminou e o ano de 1915 foi recebido: com muito trabalho. Han, no hospital; Nasia, na igreja e na floricultura.

Naquele 20 de janeiro, o tempo estava congelante. Eles estavam naquela mesma mesa, mas usando casacos pesados: o dele, um casaco trench coat preto, além de uma camisa social branca e gravata, colete, calça e sapatos pretos. Ela usava um casaco rosa claro que descia justo até um pouco acima dos joelhos, enquanto um vestido de mesma cor continuava reto até os tornozelos dela. Aquele casaco tinha detalhes em pelos marrom-claro na ponta das mangas e na gola, combinando com os sapatos de mesma cor.

Ambos tinham volumosas canecas de café quente em suas mãos e, sobre a mesa, repousava um livro de Flávio Josefo: Antiguidades Judaicas.

Nasia narrou animadamente para ele a história que lera muitas vezes naquele livro, que era propriedade do pastor Anthony. Naquele dia ela contara a ele a história que lera muitas vezes: a versão da história da rainha Ester na narração de Flávio Josefo, que adicionava detalhes da tradição e da cultura, o que fazia daquele livro a principal fonte extra-bíblica das histórias da Bíblia.

Na narração de Flávio Josefo, falava-se como a rainha Ester estava afetada pelo jejum de três dias e que foi com suas servas à presença do rei. Falou com brilho nos olhos sobre como uma serva segurava a ponta de suas vestes enquanto ela ia muito bem arrumada ao encontro do rei e outra servia-lhe de apoio.

— ... e quando ela chegou à sala em que o rei estava, ela ficou sem forças. O livro diz que provavelmente foi de medo, porque talvez o rei tivesse feito alguma cara para ela, já que ela não podia ir à sua presença sem ser convidada. Mas também porque ele parecia muito intimidador e imperioso no trono. Então ela precisou se apoiar na serva. Mas o rei viu aquilo e ficou muito preocupado com a situação dela. Então ele saiu do trono e veio até ela e a tomou nos braços! — ela gesticulava. — Ele a acalmou e disse que aquelas leis foram feitas para súditos, não para ela. E ela falou que não sabia o que havia acometido a ela para aquilo acontecer. Mas ela estava tão fraquinha que ele ficou mais preocupado ainda! E você sabe o que ele disse?

— O que?

— Que ele daria até metade do reino se ela pedisse e tocou ela com a vara de ouro para ela ter certeza de que não seria punida por aquela transgressão! — Ela terminou a narração com um sorriso largo e animado.

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