Pergaminhos do saber pt 2

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    “Ja respondi a três perguntas,
     Parece mais que o bastante,
     Suma ja ou eu lhe mostro
    Quem aqui é o importante.”
                     - Alice no País das Maravilhas

  Decidi que a viagem de 1 mês até a biblioteca do reino valeu a pena, e só sairia de lá depois de no mínimo visitar cada canto desse lugar. A biblioteca era do tamanho de um shopping e em cada corredor se via mais e mais livros. Lojas sendo substituídas por estantes e algumas barracas onde um bibliotecário nível argila te ajudava a encontrar a sua fileira de livros desejadas. No meio da biblioteca haviam uma praça enorme cheia de mesinhas e alguns comerciantes de pele azul vendiam suas coisas ali, além de ter um... elevador?

— Nos inspiramos em muitas coisas do Mundo Humano. É claro, não usamos sua tecnologia quando temos...- ele apontou para o lugar em si. Os livros nas prateleiras altas tendo asas, e híades voando pela biblioteca carregando xícaras de bebidas típicas daqui.- Bem, tudo isso.

— Pra onde aquele elevador leva? A árvore não parece ter mais de 1 andar.- perguntei, levando em consideração de que as maiores prateleiras eram gigantescas até mesmo para uma árvore enorme.

  Ele não me respondeu, apenas deu um sorrisinho misterioso enquanto se dirigia até o elevador. Usei o tempo que ele andava para analisar sua aparência "incomum". Você deve estar pensando "mas, Selene, você viu sereias, fadas, fanidrios e diversas ninfas mas a aparência dele é incomum para você?" A questão é que ele não tinha uma aparência concreta. Eu olhava para seu cabelo espesso de cor escura e em um piscar de olhos se tornava um cabelo loiro ralo, ou um ruivo cacheado. Seus olhos eram uma loucura de cores, tinha horas que eram azuis, outras que eram verdes e outras em que pareciam não ser nada. A única coisa que não mudava nele era o formato do rosto e cicatrizes irregulares no pulso esquerdo.

   Ele é um transmorfo, pode virar qualquer pessoa que quiser.- a voz esclareceu.

Mas ele não tem uma aparência fixa?

  Não, eles se reconhecem pela voz e pelo cheiro. Não é um povo gentil, são conhecidos por serem ótimos espiões e acabam sendo hostis, mas esse aí parece que sofreu bastante pelas marcas.- ele parecia abalado.

— Meu nome é Eariel, e eu sou o secretário do bibliotecário real. Você não sabe o quanto eu esperei para vê-los reunidos!- ele sorriu animado para mim.

  Subiu na plataforma e nós também. O elevador começou a descer, nos dando a visão dos andares abaixo, como de uma maternidade de híades, a suntuosa cachoeira vista de baixo junto com uma versão aquática da biblioteca, tendo algas como pergaminhos. E, por fim, um enorme salão iluminado por pontinhos de luz desesperados pendurados no teto por jarras pequenas. O salão estava quase vazio, apenas com 8 sofás em frente a 8 estátuas, cada uma delas com um rosto diferente. O rosto de cada governante de Maribian, percebi. O primeiro era de um homem lindo com os cabelos caindo sobre os olhos, uma coroa em formato de pingentes de gelo e um floco principal no topo. Sua postura era de um sábio guerreiro e sua expressão demostrava frieza. Não foi muito difícil ver que era o pai de Lux.

  A segunda estátua era de uma fada com os olhos brilhantes, uma coroa de margaridas e narcisos trançado em ouro branco. Seu vestido era esvoaçante e suas asas pareciam tão delicadas como seda, seus lábios eram finos e em suas mãos ela carregava um arco entalhado como se fosse uma serpente com cabeça de mulher. Estremeci um pouco.

— Essa é Aiyana, rainha do Reino das Flores. Lembra da fadas da primavera emburradas? Então, pense em uma dessas em tamanho humano e governando um reino.- Lux me contou.

O Chamado do LuarOnde histórias criam vida. Descubra agora