Raio de luz

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  Eu disse que ia postar mês que vêm, mas eu estava me sentindo criativa hoje kskskksks boa leitura pra vocês, estrelinhas🌟

                                                    xoxo
                                                             Beccky💋
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  “Se você conhecesse o Tempo tão bem quanto eu, falaria dele com mais respeito”- Alice no País das Maravilhas.

   De repente eu estava na floresta, com a presença de Gythö e o monstro. E em outro momento eu estava em uma sala escura com um corredor extenso. Caminhei devagar pelo corredor, dando de cara com uma porta branca com aspecto antigo e com arranhões. Como poderia ser uma saída, entrei pela porta e a deixei aberta atrás de mim, só pelo caso de não consegui voltar.

   Descobri cedo demais que não era a saída, e sim a entrada de memórias muito antigas minhas, tão antigas que nem mesmo eu lembrava.

  Era uma tarde de sol, e eu podia ver uma versão infantil de Stephan brincando no quintal atrás da casa. Até que uma figura estranha, surgiu no portão do jardim da frente. Ela usava uma capa pesada cor de ébano que ia até os tornozelos e o capuz cobria totalmente seu rosto. Vi meu pai sair pela porta principal e podia ver o desespero estampado nos olhos dele.

"— Eu não entendo você, Arcane. Você me expulsa e depois..."- minha mãe interrompeu.

"— Por favor, Tyrell, eu preciso de sua ajuda. Eu...- ela começou a tremer e a soluçar.- Eu preciso que você prometa tomar conta dela e protege-la de todo o mal, Ty, porque eles virão atrás dela."

"-— Ela quem, Arcane?-" meu pai perguntou confuso.

  Então minha mãe abre parte da capa, mostrando que estava com um pacotinho cor prateado no colo. Quando olhei melhor, vi que era uma recém-nascida, eu. Vi meu pai arregalar os olhos e olhar em sequência para mim e para minha mãe.

"— Aquele dia na ponte, você já sabia... ela já... por que não me disse?"- meu pai disse desesperado. Parecia ter medo de me segurar.

"— Eu não podia. Você já tem sua família, seria errado e egoísta da minha parte."- ela sussurou enquanto acariciava meu rosto delicadamente. Senti uma lágrima traiçoeira cair pela bochecha, mas enxuguei ela antes que eu não tivesse mais controle sobre a situação.

"— Então por que agora? Você... não ama ela?"- senti meu coração errar uma batida. Minha mãe ficou em silêncio.

  Saí daquela sala antes que eu desabasse de chorar, não tinha coragem de ouvir o que ela iria dizer. Não sei qual é a real intenção daquele monstro, mas não acho que meu emocional vai estar intacto até eu descobrir. Era muita informação para uma pessoa só, eu já estava esgotada de ser paciente e deixar para sentir tudo o que eu sentia depois, tudo o que eu queria era voltar para meu quarto e chorar pelos próximos dias.

  Mas eu não posso fazer isso, tenho que me manter firme. Só mais uma vez, Selene, aguente só mais essa vez...

  Já trêmula, parei na porta azul simples com maçaneta dourada, ao lado da porta que eu acabei de sair. Ela estava entreaberta, então eu pude ouvir uma melodia doce saindo de lá. Era uma canção familiar, uma que constantemente eu ouvia em pensamentos mas nunca lembrava a letra certa. Quando criança, costumava cantarolar essa música pela casa, até ver que Alícia se incomodava com ela.

"- Querido Sol, não se importas?
Querida Lua, não se incomodas
Que outro brilho paire sobre mim?
Querido Tempo, não se apresse
Nem um dia me esquece
Fazendo as horas sem você
Parecer não ter fim."

Pude acalmar um pouco mais a respiração e tentar pensar mais claramente. Okay, eu estou no meu subconsciente, certo? Então eu inconscientemente sei onde fica a saída de tudo isso. Não preciso, necessariamente, abrir todas essas portas, senão eu tenho grandes possibilidades de acabar surtando emocionalmente.

Essa é minha cabeça, seguir meus instintos aqui dentro é o recomendado. Pelo menos eu acho.

Puxei uma grande quantidade de ar e saí andando pelo corredor, tentando identificar por mim mesma que não era aquilo que eu procurava. Até que eu passei por uma porta preta com arabescos prateados em formato espiral. Ela parecia ser feita de carvalho negro, ou talvez uma madeira encantada. Fui até ela, mas sabia que não era a saída daquele lugar. Não sei o que me deu, mas eu sentia a necessidade de abrir aquilo, de olhar a lembrança ali dentro.

Quando fui abrir a porta, percebi que estava trancada. Fiquei curiosa e levemente irritada, esse monstro estava me proibindo de entrar ali? Tentei abrir novamente. Não consegui. Tentei forçar a maçaneta. Nada. Tentei de tudo, até sentir uma presença atrás da porta. Fiquei em alerta, mas não como se fosse uma ameaça, mas como se de alguma forma eu soubesse que aquela pessoa ali atrás era importante.

Ouvi um suspiro cansado vindo de trás da porta. O pensamento de que aquela pessoa pudesse estar sofrendo fez algo novo surgir em mim, a sensação de emergência, a necessidade de proteger. Percebi algo brilhando em minha mão, uma estrela caída? Era pequena e fraca, como uma chama delicada de uma vela, mas me passava uma sensação de que eu era capaz de qualquer coisa se eu apenas deixasse-a me ensinar.

Tentei usar aquela luz pequena na fechadura da porta, me surpreendendo quando ela se tornou uma pequena chave que eu pude inserir para abrir a fechadura. Uma sensação de felicidade me dominou.

- Desculpe, raio de luz, mas você ainda não está pronta para isso.

E sem mais, nem menos, minha chave forjada de luz se quebrou, e eu fui arremessada para fora das profundezas do meu subconsciente.

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Quando voltei para a floresta, o monstro estava se contorcendo no chão com uma corda feita de sombras ao redor do pescoço, o sufocando. Demorei para entender que era eu quem segurava a outra ponta da corda, mas quando percebi, puxei-a bem mais forte, até deixar de ouvir a respiração dele.

Me sentei no chão coberto de folhas, sentindo a presença de Gythö ao meu lado. Respirei profundamente, enquanto olhava para as sombras dançando nos meus dedos como uma moeda. Suspeitava que o despertar desse novo poder tinha algo haver com aquela pessoa, que indentifiquei ser o dono da voz que vem me aconselhando desde que pisei em Maribian e tem ficado quieta desde então. Olhei para o monstro no chão. A névoa havia se dissipado quase totalmente, deixando apenas um corpo medonho cinzento com longos dedos adornados de garras.

- O que raios era essa criatura?

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O Chamado do LuarOnde histórias criam vida. Descubra agora