Thirty eight

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Billie

— Não entendo por que você quer me forçar a tomar sorvete — diz Dinah e fica olhando para o cardápio em cima da barraquinha no lago. — Estou a fim de uma raspadinha.

— Porque quem tem dinheiro sou eu. — Ergo os óculos de sol para poder ler os sabores. — Além disso, sorvete é mais saudável.

— Mais saudável como?

— Tem alto teor de cálcio — respondo. Quando minha madrasta estava grávida, ela falava que precisava de muito cálcio.

— O que vão querer, garotas? — pergunta a mulher atrás do balcão.

— Quero de morango — digo, pegando um monte de guardanapos — com granulado colorido.

Dinah se vira para mim.

— Por favorzinho, raspadinha?

Balanço a cabeça.

— Tudo bem — diz ela. — Então, o de biscoito.

Enquanto a mulher se inclina por cima dos tubos de sorvete, Dinah diz:

— Não entendo por que todo mundo se preocupa tanto com meus hábitos alimentares. Primeiro, Normani; agora, você.

Ergo uma sobrancelha.

— Desde quando você e Normani estão se dando tão bem a ponto de ficarem conversando sobre o que você come?

Dinah age como se minha pergunta não tivesse importância.

— Nós sempre nos demos bem.

— Preciso lembrar a você o quanto ela te irrita? Ou sobre aquelas duas semanas que você faltou na escola?

Dinah estende o braço para pegar a casquinha de sorvete dela.

— Você sabia que o amor e o ódio compartilham os mesmos circuitos nervosos no cérebro?

— Então agora você ama Normani de novo?

— Eu não disse isso. Só estava estabelecendo um fato.

Nós caminhamos pela areia, lambendo os sorvetes.

— Parece que você está escondendo coisas de mim — digo.

— Como o quê? — Dinah pergunta.

Dou a volta em alguns garotinhos que estão fazendo um castelo de areia. Observo enquanto enchem o fosso com um baldinho de água do lago e fico imaginando se Kevin Storm e eu ainda vamos ter dois filhos hoje à noite.

— Você não quis me contar por que foi ao médico hoje.

— Eu sei — diz Dinah. — É só que me sinto estranha falando sobre isso.

— A única razão por que eu pergunto é que eu me preocupo com você.

Dinah lambe o sorvete que escorre pela casquinha.

— Certo, voltei à terapeuta com quem me consultei depois que Normani e eu terminamos. Fazia alguns meses que não ia lá, então foi só uma consulta de rotina.

— Bom, fico muito feliz por você ter ido lá — digo. — Obrigada por me contar isso.

Nós nos sentamos em cima da toalha e terminamos de tomar o sorvete. Com o mistério sobre o médico dela resolvido, tem mais uma coisa sobre a qual precisamos conversar. Minha mente funciona a toda para criar uma história plausível.

— Estive na enfermaria da escola hoje — digo —, e você não vai acreditar no que vi.

— Por que você foi à enfermaria? — pergunta Dinah.

The Future Of Us Onde histórias criam vida. Descubra agora