12. You're okay. We're okay.

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Nancy não parava de chorar e muito menos de gritar. Um soluço se misturava no meio daquilo tudo muitas vezes e o ar começava a fazer falta quando mais três daquelas pessoas doentes apareceram ao seu lado esquerdo e mais uma ao seu lado direito.

- P-Por que... Por que você... Para com isso! - Thomas praticamente implorou para Bert, ouvindo os gritos da ruiva e os rosnados aterrorizantes daqueles monstros pelo microfone enquanto chorava.

Bert fez que nem ouviu, o que só deixou o menino mais ansioso, mas não mais que Nancy naquele momento.

Um centelho de curiosidade a fez erguer os olhos para os monstros do outro lado do vidro, mas ela não queria ter feito isso nem que a sua vida dependesse disso.

Os três da sua direita começaram a brigar de uma maneira selvagem e brutal, praticamente estraçalhando o mais fraco, provavelmente por estarem morrendo de fome ou de raiva por terem que disputar o petisco com outros dois enquanto o vidro grosso já era um obstáculo complicado. E enquanto isso, o infectado - ou Crank, como Bert havia chamado - que não tinha mais o braço, começava a se arrastar de volta para o buraco de onde veio, cansado e muito mais machucado por causa do empurrão que levara daquela mulher louca.

E falando nela, aparentemente a Crank mais afetada do grupo, batia com a cabeça no vidro. Se aquilo fosse uma tentativa de quebrá-lo, Nancy gostaria que ela soubesse que a única coisa que estava sendo quebrada ali era a sua cabeça, da qual já tinha deixado uma grande mancha de sangue na parede transparente com a contínua e perturbadora atitude.

O Crank ao seu lado direito estava ajoelhado no chão, contorcendo a cabeça com uma curiosidade aterrorizante milhares de vezes enquanto arranhava o vidro. E aquela era a visão menos perturbadora da situação, mas Nancy ainda não conseguia fazer nada além chorar, soluçar, gritar e se encolher cada vez mais, como se fosse um tatu querendo virar uma bola.

Thomas estava horrorizado com aquela cena, ainda mais por ter um adulto presente que não fazia nada à respeito. Ou melhor dizendo, um adulto que tinha colocado duas crianças naquela situação. Ele precisava fazer alguma coisa, pois já tinha colocado as mãos nos ouvidos para abafar os gritos incessantes de pânico da sua melhor amiga, mas vê-la ser torturada daquele jeito o abalava como nada mais fazia.

Percebendo que Bert agora segurava o encosto da cadeira para fazer com que o menino visse aquilo mais de perto, Thomas passou os olhos pelo painel e percebeu duas coisas: o cartão de identificação de Bert à sua frente e uma alavanca vermelha que fazia companhia para uma placa acima com o seguinte texto:

ATENÇÃO!

ABAIXAR A ALAVANCA APENASEM CASO DE FALHAS DA SEGURANÇA.USO NÃO EMERGENCIAL GERA PUNIÇÕES.

Que tipo de punição um menino de onze anos teria, caso convocasse uma equipe de guardas naquele exato minuto para resgatar a ele e a sua amiga das garras de um homem louco como Bert?

Nenhum.

Sem pensar duas vezes - o jeito que decidia fazer tudo na sua vida -, Thomas se esticou e puxou a alavanca para baixo, ligando luzes vermelhas e piscantes na sala de câmeras e na sala dos Cranks junto com um alarme que lhe lembrava brevemente a sirene de bombeiros que desaparecem com a distância, a diferença era que todos os vinte e cinco andares deveriam ter ouvido aquilo e continuariam ouvindo até que alguém o desligasse.

- O QUE VOCÊ FEZ?! - Bert urrou, cerrando os punhos. - ORA, SEU...

Thomas não conseguiu ouvir do que tinha sido chamado, mas sabia que era muito ruim. Porém, não era pior do que ser estrangulado, então escorregou para debaixo do painel, fazendo Bert bater a cabeça nele na tentativa de agarrá-lo.

Before I Forget You《 Maze Runner Fanfic 》Onde histórias criam vida. Descubra agora