15. I'm sorry for all of this. I'm really sorry.

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O guarda não retornou a deixar Nancy no seu dormitório, principalmente porque ela havia se comportado mal no elevador, socando e chutando tudo o que podia enquanto chorava. Ele parou no subsolo oito e a puxou para fora com uma força tão exagerada que Nancy jurou ter deslocado o seu ombro ali, mas não tinha sido isso. Por sorte.

Enquanto o guarda resmungava alguns palavrões pelos corredores, Nancy notava que esse subsolo era diferente de todos os outros. Ao invés de só algumas portas, haviam várias e de ferro com apenas uma janelinha de vidro. Conforme ela e o homem andavam, meninos começavam a bater nas portas e a espiar pelas janelinhas, além de gritarem, implorando para que os tirassem dali. Eles não estavam maltratados, estavam muito bem de saúde, na verdade. Porém, a ideia de ficar em uma solitária não era muito divertida.

Uma das portas havia chamado a atenção de Nancy, pois era mais como se tivesse um touro lá dentro tentando derrubar a porta. Os gritos e xingos que vinham lá de dentro pertenciam a uma voz muito familiar, então ela chamou:

- Minho?

- Nancy?! - ele chamou de volta, parando de bater para escutar melhor.

- MINHO! - Nancy berrou de alegria ao notar o rosto do amigo na janelinha, apesar de se afastar constantemente da porta.

- NANCY! - Minho berrou de volta, mas com terror e voltando a bater na porta com mais força. - NANCY, NÃO!

- MIN... - Nancy tentou gritar de volta, mas o guarda tapou a sua boca e não deixou por nada no mundo que ela conseguisse voltar a falar.

Quando o homem chegou na solitária que a menina ficaria, Nancy já não conseguia respirar direito, então a sua solução foi morder a mão dele, apesar daquele ato lhe trazer memórias indesejáveis.

- ARGH! - o guarda gritou, soltando a ruiva, mas a empurrando para dentro da solitária no mesmo segundo.

Nancy quase caiu de cara no chão, mas conseguiu colocar as mãos à sua frente antes, apesar de ter certeza que pelo menos um deles ela tinha machucado. E ao virar para a porta, a viu se fechar com o guarda lá fora, do qual saiu sem hesitar ou sequer sentir remorso pelo empurrão.

- NÃO! ME TIRA DAQUI! - ela começou a gritar, batendo na porta como os outros meninos.

Depois de um tempo, os meninos pararam, mas Nancy não. Apesar do seu cansaço, ela continuava esperando que alguém aparecesse e lhe dissesse que tinha sido apenas um mal entendido. A ruiva já não gritava mais, mas se lamentava e chamava por aqueles que queriam por perto: Newt, Minho, Teresa, Thomas e até mesmo o seu pai. E quando o sono chegou, Nancy não queria lutar mais. Chorou até desmaiar na sua nova cama, sentindo frio por mais que se enrolasse no cobertor fino de flanela.

No dia seguinte, Nancy acordou por causa de um burburinho baixo do outro lado da porta, além de sentir uma dor de cabeça terrível e de ter um pulso dolorido. Demorou um pouco para ter noção que havia pessoas à sua porta, mas saltou da cama no mesmo segundo em que a porta pesada de ferro tinha sido aberta, revelando os seus visitantes. A menina pensava que fosse mais guardas, mas era bem melhor: eram Teresa e Thomas. Eles não vestiam o mesmo uniforme que Nancy, vestiam uma camisa branca e uma calça jeans cinza, mas a "prisioneira" mal tinha prestado atenção a esse detalhe.

- Nancy! - Thomas exclamou, entrando na pequena solitária sem pensar duas vezes.

A ruiva mal tinha reconhecido o seu rosto, mas Thomas já tinha a abraçado e ela não podia não retribuir aquele gesto tão carinhoso.

- Tom. - Nancy sussurrou, sentindo vontade de chorar de novo. - Ah, Tom...

- Ah, meu Deus... Você tá bem? - ele se afastou, encarando o seu rosto inchado e o seu cabelo desgrenhado. - O que aconteceu? Você chorou?

Nancy não tinha conseguido responder, apenas o puxou para mais um abraço, escondendo o rosto no ombro de Thomas enquanto o apertava. Teresa se aproximou devagar, encostando no ombro da ruiva e ganhando um abraço apertado também.

- Rápido. Não tenho muito tempo. - o guarda disse lá de fora, sem o menor interesse no que ocorria lá dentro.

- Nancy, você não vai ficar aqui por muito tempo. - Teresa explicou de forma direta. - Logo eles vão te dar uma função, como fizeram com a gente.

- O quê? - Nancy indagou, olhando para os dois. - Como assim? Onde vocês estavam? Faz um mês que eu não vejo vocês.

- Você não sabia? - Thomas perguntou enquanto Nancy fazia que não com a cabeça.

- Nós estamos estudando medicina! - Teresa contou com ânimo. - Você também vai poder escolher entre isso ou a segurança.

- Sério? Por que não me contaram?

- A Doutora Paige disse que ia te contar. - Thomas respondeu, parecendo decepcionado. - E ela também me prometeu que você ia estudar com a gente.

- Quem é essa? E os meninos também vão?

Teresa e Thomas se entreolharam, mas Nancy estava em um estado de surpresa tão grande que mal notou.

- A gente não sabe o que vai acontecer com os outros meninos, mas vai ficar tudo bem. - Teresa respondeu, sorrindo de forma reconfortante. - E você logo vai conhecer a Doutora Paige também. Ela é muito ocupada, mas tenho certeza que você vai vê-la.

- E o Newt? Vocês sabem onde ele tá? - Nancy já sentia as lágrimas surgirem na beirada dos olhos, mesmo contra a sua vontade. - Eu não... Eles levaram o Newt ontem. Vocês sabem onde ele tá?

O olhar de Thomas mudou da forma mais drástica que poderia, indo de uma decepção minúscula com a tal Doutora Paige para pena e arrependimento. Nancy julgou aquilo apenas como compaixão, mas ela não sabia nem a metade das coisas que Thomas escondia depois daquele um mês ausente.

- Não. - Teresa respondeu de forma melancólica, porém firme, tirando Thomas da hipnose do seu remorso e fazendo-o encarar o chão. - Mas eu tenho certeza de que ele está bem. O CRUEL sempre cuidou da gente.

- Mas ele estava bem comigo. Por que o levaram? - a ruiva indagou com certa raiva na voz.

- Eu não...

- Acabou o tempo. Vamos. - o guarda interrompeu.

- Você vai sair logo daqui. Eu prometo. - Teresa disse ao abraçar a amiga. - A gente promete.

Nancy acenou com a cabeça, ainda cheia de dúvidas sobre aquela situação. Thomas seguiu Teresa para fora da solitária sem se despedir da ruiva, mas antes que o guarda fechasse a porta, ele entrou correndo e abraçou Nancy com mais força do que quando tinha chegado ali. Depois, afastou-se e a encarou nos olhos.

- Olha, as coisas não vão ficar legais daqui pra frente, mas se você confiar em mim, eu vou tentar ajeitar as coisas. - Nancy não entendia o que ele queria dizer, mas gravava cada palavra sua. - Você vai ter que confiar em mim. Mais do que nunca, tá bom? Você confia em mim?

Ela ainda estava chocada, mas não duvidava de nada em relação a Thomas. Nancy sempre tinha confiado nele e naquele momento, seu amigo precisava ter certeza de que ela continuaria a fazer isso. Então, a ruiva acenou positivamente com a cabeça, sem hesitar e muito menos, se arrepender.

Thomas suspirou e esboçou um sorriso por um momento, mas ele logo sumiu por alguma razão. Depois, abraçou Nancy mais uma vez e sussurrou no seu ouvido com uma voz travada e meio chorosa:

- Obrigado por confiar em mim, Nancy. Muito obrigado. - ele soltou um soluço baixinho. - Eu sinto muito por isso tudo. Eu sinto muito mesmo.

Antes que o guarda chamasse a atenção de Thomas, ele saiu da solitária sem olhar para trás, secando o rosto da manga da camisa branca e deixando Nancy, sozinha e confusa com as suas últimas palavras antes de ir.

Depois de se afastar um pouco da solitária onde se encontrava a ruiva, guiados pelo guarda, Teresa indagou com desconfiança:

- O que você disse a ela?

- Pra que ela confiasse em mim. - Thomas respondeu, um pouco nervoso enquanto secava o rosto.

- Por quê?

- Porque eu quero protegê-la. E eu vou.

Before I Forget You《 Maze Runner Fanfic 》Onde histórias criam vida. Descubra agora