24.

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Nós, literalmente, não estamos preparadas. Vai ser doloroso? Com certeza vai, mas precisamos vê-la, e além disso, tínhamos que pegar as crianças. Eu e Kelly nos encaramos umas 5 vezes antes de eu girar a maçaneta. Lá estava ela, deitada, olhos fechados, muitos aparelhos... Respirei fundo.

Kelly: Precisamos chegar perto — disse.

Gabriella: Sim, vamos

Nos aproximamos e eu sentei na beirada da cama.

Kelly: Oi Líb, somos nós

Gabriella: Viemos ver você, e buscar os bebês

Kelly: Eles são tão lindos, você vai amar conhecê-los — já tinha lágrimas rolando pelo rosto dela.

Gabriella: E você vai conhecer logo, é claro — comecei a chorar. Eu estava uma manteiga com a Líb daquele jeito. — É bom você voltar logo dona Líbia, seus filhos precisam de você

Kelly: E nós também — me abraçou de lado, deitei a cabeça no ombro dela e fiquei olhando pra Líbia. — Você precisa voltar logo

Gabriella: Precisa, claro que precisa, seus filhos, seu namorado, nós

Kelly: Todos precisamos de você

Gabriella: Trate de voltar logo, Líbia

Kelly: Vamos vir de novo

Gabriella: Promessa! — peguei na mão dela. Mesmo que ela não pudesse responder, eu sabia, que, em algum lugar, ela nos ouviria.

Depois que nos recuperamos, fomos até onde os bebês estavam. Não vai ser fácil, mas, vamos dar conta.

Kelly: Pronta?

Gabriella: Estou e você? — olhei pra ela.

Kelly: Também estou 

Assenti e entramos. Tinham vários bebês, mas, eles estavam juntos. E mesmo que não estivessem, eram iguaizinhos, loirinhos, a cara da Líbia.

Gabriella: Temos que levá-los

Kelly: Uhum — concordou e fomos até eles. Tiramos os dois da caminha. A Mari já tinha vindo mais cedo, trocou eles, deu mamadeira. Era só levar embora. — Eu levo a Laura

Gabriella: Tudo bem, eu pego o Luan — ajeitei ele no meu colo. — Vou cuidar de você Luan — sussurrei. Ele abriu a boquinha e eu sorri deixando escapar uma lágrima que logo enxuguei.

Kelly: Vamos pra casa

Gabriella: Vamos 

Nós saímos do hospital com os bebês e os meus seguranças foram bem devagar com o carro, porque os dois estavam dormindo como dois anjinhos. 

Eles nos ajudaram a sair do carro quando chegamos em casa e nos deram apoio na escada. Abri a porta com cuidado e a Mari já estava esperando.

Mari: Oi — veio até nós.

Gabriella: Eles dormiram no caminho, foi o balanço do carro

Mari: Já arrumei os berços

Kelly: Vamos subir então

Melinna: Ai não acredito — ela desceu rápido as escadas e veio até mim. — Meu Deus! Como ele é lindo

Gabriella: Igualzinho a Líbia, aliás, os dois são

Melinna: Que dó, mas, vai dar tudo certo — disse passando os dedos de leve no rosto do Luan.

Gabriella: Claro que vai mãe! — sorri pra ela e ela sorriu pra mim.

Deitei o Luan no berço e fiquei observando ele. Precisava cuidar dele, e da Laura.

Kelly: Vamos fazer o certo — disse após colocar a Laura no berço.

Gabriella: Eu espero que sim - sussurrei, triste. 

Acho que nunca experimentei aquele sentimento. Estava sendo como mãe dos filhos da minha amiga e a dor era forte.


Mulher de Traficante (TEMP 3) COMPLETAOnde histórias criam vida. Descubra agora